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© Reinaldo Rodrigues
Fátima Lopes Cardoso
Jornalista e professora de Jornalismo na ESCS, investigadora do LIACOM e ICNOVA, na área dos media, fotografia e cultura contemporânea
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Qual a última boa exposição que viu?
A exposição “Siza”, na Fundação Calouste Gulbenkian. Regressei a Lisboa antes de a mostra terminar e, na verdade, assinalou a minha despedida das férias de verão. Ficou bem espelhada a grandiosidade, diversidade e versatilidade criativa do arquiteto que espalhou obra por todos os cantos do mundo. Siza Vieira é o cidadão do mundo, sem nunca deixar de ser de Matosinhos/ Porto.
Vista da exposição «Siza». Foto: Pedro Pina
Que livro está a ler?
Estou a reler pela terceira vez “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino; e pela segunda vez, “1984”, de George Orwell.
Que música está no topo da sua playlist atual?
No topo da minha playlist surge sempre um tema diferente, dependendo da minha necessidade interior, no momento. Sempre me alimentei da música. Pode mudar num dia, numa semana … Mas há uma música que se mantém no topo da minha playlist desde que era adolescente de 15 ou 16 anos: “Venus in Furs”, dos Velvet Underground. Talvez seja a música que mais me transporta para o meu mundo interior.
Um filme que gostaria de rever…
Tenho revisto, nos últimos dias, os filmes de Eric Rohmer, através da plataforma Filmin: “Raio Verde”, “Conto de Verão”, “Conto de Inverno” e, o próximo, será o “Conto de Outono”. Todas as semanas, revejo filmes. No cinema, o último que revi foi “Dolce Vita”, de Fellini, na companhia do meu filho de 16 anos, mas que tem o Nimas como a segunda casa. Mas gostar, gostar… gostava de rever "Hiroshima, Meu Amor" (1959), de Alain Renais.
O que deve mudar?
A prevalência do “culto” da superficialidade, do mundano e da banalidade.
O que deve ficar na mesma?
O mundo natural e o respeito que os humanos, na sua ruralidade ou ancestralidade, lhe dedicavam.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
O retrato a óleo de Almada Negreiros com Sarah Afonso. Vi uma simples impressão numa revista; recortei-o e coloquei-o numa moldura. Na altura, representava o que, para mim, deveria ser a ligação entre duas pessoas: do amar, cuidar e do bem-querer. E esse afeto está todo concentrado nas mãos e no braço. Ainda hoje o guardo.
Só muitos anos mais tarde, creio que em 2017, conheci o verdadeiro quadro na exposição “Almada Negreiros – Uma Maneira de Ser Moderno”, também na Fundação Calouste Gulbenkian.
Qual a próxima viagem a fazer?
Talvez ao Brasil, Bauru, no estado de São Paulo, mas em trabalho. Se pudesse escolher, viajaria na próxima Primavera para a Patagónia Argentina.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Se não estivesse a lecionar Jornalismo, na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), gostaria de voltar a trabalhar na redação em full time. Não desejo outra coisa que não seja escrever. Que outra profissão me traria tanto mundo, como esta? Considero-me uma privilegiada… Mas confesso que invejo os biólogos marinhos e os astronautas.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Depende do amigo e das suas expectativas, mas talvez o levasse a saborear o mar.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Simone de Beauvoir, Simone Weill, Susan Sontag e Margarite Duras.
Quais os seus projetos para o futuro?
Escrever mais, criar um jornal online e, em cada minuto livre, usufruir da liberdade como se fosse o último sopro de vida. Na verdade, não muito mais tarde, gostava de voltar a viver num sítio mais tranquilo e ter mais contacto com a natureza. Quem sabe ter uma quinta.