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Ela tem-se em alta consideração. Dos seus começos no ensino recorda: “Comecei por ser monitora (...). Os alunos mais brilhantes eram convidados†(“Notícias Magazineâ€, 19-09). E se a aluna “brilhante†hoje é ministra da Cultura, sobre si é taxativa:
“Não vejo que haja objectivamente razões que motivem o primeiro-ministro a remodelar a pasta da Cultura. Pelo contrário†(“Expresso†29-09). A declaração é inédita, e nem consta da praxe dos ministros. Mas ela, Isabel Pires de Lima, tem-se em alta consideração. “Espelho meu, espelho meu...â€.

Deputada por acaso, ministra por acaso, imaginou-se ela uma missão: ser a Madona dos Museus. É certo que às vezes se engana, e não sabe bem se é o Museu do Coa ou o Museu do Douro – sucedeu isso a 14 de Novembro do ano passado, numa sessão supostamente de debate com agentes culturais, na sequência dos acontecimentos do Rivoli, em que afinal botou discurso e saiu, que brilhante como é não dialoga com a arraia-miúda. Mas se se engana, é porque são tantos os museus do seu patrocínio e empenhamento, o Coa, o Douro, o de Etnologia em São João Novo no Porto, o novo Museu dos Coches, o do Mar da Língua, o de Multiculturalismo na Estação do Rossio, além de ter negociado (e em que condições!) o da colecção Berardo e, como é folgada a dotação orçamental dos museus portugueses, ter ido dar o seu contributo às finanças do Hermitage, ora em ante-estreia – esperemos ainda um pouco mais, que o Louvre e o Guggenheim também estão no mercado!

Mas não se menospreze em Isabel Pires de Lima a figura da parola incompetente que tão indubitavelmente é. Ela não deixa de ser o poder, e para mais saiu-nos na rifa com este poder do PS a estranha ironia dos responsáveis da Cultura serem ex-comunistas com estruturas mentais em que todavia ainda não ruiu o muro de Berlim.

É por isso que de modo algum pode ser esquecido o caso tristemente exemplar que foi o afastamento de Dalila Rodrigues da direcção do Museu Nacional de Arte Antiga. Pode-se discordar de manifestações de um estilo, pode-se entender que alguns aspectos da sua acção foram sobrevalorizados: nem ser de todo um especialista, tão só um assíduo frequentador de museus, permito-me duvidar que a Colecção Rau, apresentada em 2006, tenha a valia com que foi enaltecida na imprensa local – o que em boa verdade é mais uma questão perante essa imprensa e de modo nenhum subestima que essa foi uma das iniciativas que revitalizaram o interesse público pelo museu.

Impõe-se-me assim recordar que foram de três ordens as razões da minha solidariedade para com Dalila Rodrigues: em primeiro lugar, razões cívicas, por verificar também no seu caso que pessoas ligadas a funções no aparelho de Estado e que publicamente reivindicam, numa democracia liberal, melhores condições para o exercício da sua função, são contudo sancionadas, em exercício cego de autoritarismo; em segundo lugar, razões culturais, porque é indiscutível que Dalila Rodrigues se bateu por renovadas condições e deu uma acrescida projecção ao MNAA com um sensível maior fluxo de visitantes; em terceiro lugar, pela razão singular de ser “vizinho†do Museu, isto é, de em três anos ter testemunhado quotidianamente a renovação de fluxos (lembro, a propósito, que o presidente da Junta de Freguesia de Santos – onde se situa o MNAA – eleito pelo PS, foi um dos primeiros a protestar contra o afastamento).

Em última análise, a acção cultural do Estado tem sempre por objectivo tornar os bens públicos disponíveis à comunidade, e tanto mais assim é nos valores patrimoniais. Por isso mesmo também os museus devem ser entidades abertas, e são-o cada vez mais em diversos sentidos, quando por exemplo até os grandes museus patrimoniais se abrem também a manifestações de arte contemporânea. Mas definidos pela lei e pelos programas de governação os objectivos gerais, a dinâmica pode e deve ser tanto mais salutar quanto houver uma cultura que seja ao mesmo tempo de autonomia e de responsabilidade.

O que o caso do MNAA revelou foi que sob Isabel Pires de Lima, sob seu directo impulso sem dúvida, naquele território dos museus que é o da sua eleição, há antes uma cultura do servilismo e mesmo da falsidade. O miserando abaixo-assinado de 16 directores de museus demarcando-se de Dalila Rodrigues e o texto de um deles, Luís Raposo (mostrando “trabalho†logo após a sua eleição pelos colegas para o Conselho Nacional de Cultura) foram exemplos de onde chega o servilismo. Mas o prémio da perfídia vai sem contestação para a ministra, a própria, que na tomada de posse do novo director, o obediente Paulo Henriques, afirmou ter sido Dalila Rodrigues afastada por uma “avaliação negativa do seu trabalhoâ€, e que “o museu tinha perdido visitantes no primeiro semestreâ€, como se o facto não estivesse na ordem das coisas comparativamente ao período homólogo do ano transacto, quando do pico de visitantes suscitado pela colecção Rau.

O actual programa de governo para a cultura é um excelente documento, esquecido ou rasgado desde o primeiro dia pelos locatários da Ajuda. O conceito básico é de cultura de redes. Se essa for plenamente entendida, compreender-se-á que há certas instituições que não apenas ocupam um papel simbólico destacado nos equipamentos culturais do país mas se inserem, ou devem ser estimuladas a inserir-se, em redes internacionais de congéneres. Ao contrário do que Pires de Lima e os seus papagaios, os Raposo & Co., afirmam, Dalila Rodrigues nunca equiparou o MNAA ao Prado ou ao Louvre, bateu-se sim para que o principal museu de arte do país tivesse um estatuto autonómico semelhante aos seus congéneres, para ter outra margem de programação, cativação de apoios e relacionamentos internacionais.

Deturpando isso diz a brilhante ministra que as declarações de Dalila Rodrigues “dão quase vontade de rirâ€. E para dizer o quê de seguida? O que mais gostava ainda ela de lançar? Olha, desta vez não é um museu! “Gostava de ver lançado um grande festival ligado à ópera (...) que fosse o último da temporada europeia. Uma coisa que poderia ter lugar no mês de Setembro†(“Notícias Magazineâ€).
Pois, então não se está a ver, depois de Salzburgo, de Bayreuth ou de Glyndebourne, ir até Lisboa que agora Frau Lima faz lá o “mustâ€! Se o ridículo matasse!
Mas entretanto, a mediocridade e o servilismo fazem escola nos museus e na cultura de Estado.