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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição


Vista da instalação Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles. Orangerie du Sénat, 2025. © Martin Argyroglo para Lab'Bel da exposição

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ARQUIVO:


CILDO MEIRELES

CRUZEIRO DO SUL




ORANGERIE DU SÉNAT - JARDIN DU LUXEMBOURG
Palais du Luxembourg, 15 Rue de Vaugirard
75291 Paris

03 JUL - 14 JUL 2025

No Cruzeiro do Sul de Cildo Meireles, o corpo será obrigado a calar a verticalidade

 

 

Não existem entradas, os espaços se confluem. As pedras do jardim de Luxembourg são agora pisadas num ecoar de reflexão na Orangerie du Sénat.

Cildo Meireles inaugura Cruzeiro do Sul, com curadoria de Laurent Fiévet e Silvia Guerra [1].

Sem razão aparente, todos os passos vão dar ao espaço mais amplo da exposição. Espaço retangular, alongado, arquitetura que conta histórias. Luz natural que entra pelo teto de vidro, refletida nas paredes. Apuram-se os sentidos. Cada som gesticulado por cada passo dado é uma construção que se fragmenta e une ao mesmo tempo, constituindo um corpo simbólico em que todos fazem parte.

Uma luz artificial projetada sobre o chão, que forma um espaço em círculo, em que os limites são dados pelas pedras. Algum tipo de movimento terá que ser feito - o corpo terá que se curvar, a cabeça precisará baixar-se. O corpo será obrigado a calar a verticalidade. Sobre o gesto do chão, que é base, no centro do círculo, pedra pisada ou areia, um cubo de 9 milímetros constituído por camadas transversais - o carvalho e o pinheiro.

 

© Tiago Hespanha

 

Através da escala, das proporções constituídas pelo “mundo como o conhecemos” como refere Jota Mombaça no livro “Não vão nos matar agora”, Cildo Meireles propõe uma ação performática coletiva do corpo em ação numa conversa com a matéria orgânica, que irá escancarar a distância e a aproximação, grandiosidade e a pequenez, as construções hierárquicas sociais e políticas.

Enquanto se erguem edifícios para afirmar presença, há quem se faça cubo de 9 milímetros por potência concentrada.

Paira o silêncio do pensamento interno expresso no movimento, num espaço que não se ocupa apenas das convencionalidades do tipo de público que consome arte presente em museus e galerias, mas também, de quem talvez num dia ensolarado ou chuvoso, frio, esteja de passagem - e venha para ser atravessado.

A Orangerie du Sénat recebe exposições artísticas desde 1886, após uma adaptação promovida pelo Musée du Luxembourg, e tem funcionado como local de mostras temporárias — especialmente de arte contemporânea — desde então. Sazonalmente, o espaço acolhe plantas sensíveis às baixas temperaturas — sobretudo árvores frutíferas em vaso —, mantendo um ambiente minimamente aquecido e iluminado. As plantas entram no inverno e saem na primavera/verão. Cruzeiro do Sul é uma extensão viva dos ciclos naturais e de interação. Fricção. Intencional ou não, a história vai-se construindo naquele espaço possibilitando que todos se identifiquem através da sua própria existência, com sentido.

Cruzeiro do Sul é uma região que não consta nos mapas oficiais.

Quem diria que a base do pensamento de Cildo para a construção de um pensamento que se quer colectivo, viria de uma obra inspirada no conhecimento indígena do Brasil, da lenda Tupi, segundo a qual a materialização da divindade Tupã estaria no atrito?

 

 


Filipa Bossuet é o culminar do interesse pelas artes, jornalismo e tudo o que me faz sentir viva. Nasci em 1998, sou uma mulher do norte com memórias do tempo em Lisboa. Guiada pela sede de informação e pesquisa autónoma licenciei-me em Ciências da Comunicação e penso também sobre as influências dos estudos de mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo, criando um diálogo e questionamento entre os campos do saber. Colaborei como jornalista estagiária no Gerador, uma plataforma independente de jornalismo, cultura e educação, e no Afrolink, uma rede online que junta profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal. Utilizo performance, pintura, fotografia e vídeo experimental para retratar processos identitários, negritude, memória e cura. O meu trabalho transdisciplinar tem sido apresentado em espaços como a Bienal de Cerveira, Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), Teatro do Bairro Alto, Festival Iminente e o Festival Alkantara.

 


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Notas 

[1] Cruzeiro do Sul, de Cildo Meireles, é uma instalação integrada na programação da Saison Brésil-France 2025. A entrada é gratuita.

 



FILIPA BOSSUET