Links

OPINIÃO


Figura 1


Figura 2. Martin Creed, "Work 115"

Outros artigos:

CRISTINA FILIPE

2024-11-25
FLORA CALDENSE. UMA COLABORAÇÃO PÓSTUMA DE MARTA GALVÃO LUCAS COM AVELINO SOARES BELO, JOSÉ BELO, JOSEF FÜLLER E JOSÉ LOURENÇO

CATARINA REAL

2024-10-22
JULIEN CREUZET NO PAVILHÃO DE FRANÇA

HELENA OSÓRIO

2024-09-20
XXIII BIAC: OS ARTISTAS PREMIADOS, AS OBRAS MAIS POLÉMICAS E OUTRAS REVELAÇÕES

MADALENA FOLGADO

2024-08-17
RÉMIGES CANSADAS OU A CORDA-CORDIS

CATARINA REAL

2024-07-17
PAVILHÃO DO ZIMBABUÉ NA BIENAL DE VENEZA

FREDERICO VICENTE

2024-05-28
MARINA TABASSUM: MODOS E MEIOS PARA UMA PRÁTICA CONSEQUENTE

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO



FILIPE PINTO

2010-03-08




1.

É comum encararmos os interruptores como dispositivos que ligam e desligam algo; utilizamo-los como se fossem uma ignição, um ignício, que desencadeia um novo estado de coisas, uma nova situação. A anteceder o ligar de um interruptor numa sala escura, há sempre um breve frémito – contemos a respiração para suster o susto e o grito. Um interruptor é sempre sinónimo de expectativa, que poderá ser ou não gorada, será por isso mesmo indício de esperança e elemento de thriller.

Mas o que na verdade se passa é que, tal como o próprio nome indica, o interruptor interrompe; interrompe e retoma, retira e restitui. Os interruptores trabalham sobre correntes, fluxos contínuos e aparentemente imparáveis, interrompendo-os num clique.

A sabedoria e a utilidade do interruptor estão na reversibilidade da sua acção natural, que é interromper. Quer dizer, o interruptor interrompe mas não corrompe – a coisa interrompida mantém as suas propriedades intactas, inclusive o seu fluxo, que permanece como que hibernado, em potência e tensão, como um elástico esticado, para uma resposta instantânea e cabal.

Um interruptor comum é espasmódico, imediato, tem mola e produz um som seco e assertivo, um trinco, que quer significar a ausência de gradiente. Um interruptor é, por natureza, um elemento binário, sem possibilidade de ponto de equilíbrio, sem movimento – duas posições sem nada que as intermedeie.

Um interruptor constitui então um limite, uma fronteira, se bem que paradoxal e contraditória, pois quando abre impede a passagem, e quando fecha restabelece-a, como se percebe na sua representação comum nos diagramas eléctricos (figura 1).


2.

É notória a semelhança entre o interruptor e a porta, tanto no desenho como na função – os dois fazem parte de limites, interrompem realidades, ambientes e situações. Há contudo portas que exacerbam as suas funções – a porta da prisão, a porta de casa, do bordel, do museu, ou a porta da galeria de arte.

É sobre esta última que este texto pretende incidir. Tal como nos outros exemplos, a porta da galeria de arte (como interruptor que é) interrompe uma realidade, um fluxo contínuo e vibrante, para impor um limbo, à vez absurdo, inútil, inconsequente, ou belo e fascinante, etc.

É na porta da galeria que podemos situar as tensões entre arte e vida, ficção e realidade, simulação e documento, passado e presente, representação e apresentação, estética e ética, espectador e sujeito. Esta porta, qualquer porta, é um claro elemento político, de poder e desejo, de posse e partilha, de prisão e possibilidade.

O interior da galeria, por assim dizer, é exterior à vida; a galeria, por via do interruptor-porta, é uma espécie de parêntese urbano, que abre e fecha, criando um terreno desigual, fundando uma situação diferente no chão comum, um pestanejo da vida.

O parêntese, tal como a porta da galeria, cria uma situação insolúvel, uma fusão impossível – uma separação; cria uma ilha num plano antes homogéneo. (1)

Os parênteses – outra forma de interruptor –, são uma suspensão, uma suspensão da respiração, como vimos há pouco; ao abrirmos a porta da galeria ficamos expectantes, esperamos, tornamo-nos espectadores.

Interruptor – Porta – Parêntese.


3.

Foi talvez por isso, que em 1995, Martin Creed instalou, na Javier Lopez Gallery, um vulgar travão de porta, fixado no chão, de modo a que esta abrisse apenas em 45 graus, ao contrário dos 90 que são comuns (“Work n.º115”). Por ser limite, esta porta constitui-se como fronteira e abertura (figura 2).

Como pode um limite ser abertura? Não são afinal os limites o contrário de aberturas?

Um limite é algo (uma pele, uma superfície, uma convenção, uma lei) que divide dois campos, duas coisas, e assim cria imediatamente um interior e um exterior, um dentro e um fora, um aceitável e um inaceitável.

Um limite delimita, portanto, torna um espaço finito; mas é esse confinamento que finalmente permite o salto, que permite a fuga, a aventura e a viagem ao estrangeiro – “apesar de o finito ser fechado, é sempre possível esperar sair dele, enquanto que a infinita vastidão, por ser sem saída, é prisão.” (2)

Só o espaço finito proporciona o fora, diz Blanchot; como sair do infinito? Não deixa de ser notável que a fronteira – um limite precisamente – tanto denomina o muro inultrapassável como o exacto local onde este se abre e convida à passagem.

Mas há ainda outra questão que permite afirmar que o limite é abertura. Um limite, como já se viu, cria um interior e, acima de tudo, um exterior – tenta resguardar um espaço e assegurar uma comunidade.

Mas o que é este exterior de que falamos? Em A Comunidade que Vem, Agamben escreve, “importante aqui é o facto de a noção de ‘exterior’ ser expressa em muitas línguas europeias, por uma palavra que significa “à porta”. O exterior não é um outro espaço situado para além de um espaço determinado, mas é a passagem, a exterioridade que lhe dá acesso – numa palavra: o seu rosto, o seu eidos. A soleira não é, neste sentido, uma outra coisa em relação ao limite; é, por assim dizer, a experiência do próprio limite, o ser-dentro de um exterior.” (3)

A porta reticente de Creed trabalha no interior desta mesma questão, no fio da navalha do exterior, na sua espessura ínfima e desconcertante. Dá a ver e a sentir este espaço negligenciável. A porta de uma galeria é o elemento que divide os homens em sujeitos e espectadores, mas esta porta fá-los coincidir, neste espaço impossível. Ao abrir a porta só até metade o visitante duvida – se a porta pode ser vista como uma figura da potência no espaço real, a dúvida será o correspondente no espaço do pensamento – entro ou não entro; fechada ou aberta; arte ou defeito; espectador ou sujeito.


4.

Porque existe esta tensão entre arte e vida? Porque sempre quis a arte imiscuir-se no fluxo da vida, influenciá-la, entranhá-la? E como pode este movimento ser possível?

Desde sempre, vimos a vida (o quotidiano) incluir-se na arte, seja com a natureza-morta, com o Realismo, com o readymade, com a Pop Art, etc. Mais difícil tem sido o movimento inverso – a arte entranhar-se na vida, isto é, a arte deixar de ser um intervalo no quotidiano, uma interrupção na vida, precisamente.

Porquê a preocupação recorrente com este parêntese? O que se pode perceber neste incómodo?

A demanda pela arte na vida é afinal uma demanda pelo verdadeiro poder da arte. O que pode a arte? O que pode a arte para além dos limites da galeria, para além do interruptor basculante? Enfim, que consequência pode a arte ter na vida? É esta a pergunta essencial que a crítica a esta interrupção faz nascer.

Reconhecemos algumas tentativas de ligar a arte à vida – por parte das instituições: a deslocalização de galerias para espaços menos assépticos e convencionais; abertura de espaços de exposição em locais insólitos, num movimento de aproximação ao quotidiano comum e de desvinculação de pressupostos quanto à recepção do que é exposto, etc. – em todos estes casos o problema da porta da galeria, do interruptor, da interrupção, persiste; arte pública, estratégia que finalmente obvia a questão da interrupção, mas que geralmente falha nos pressupostos e consequências, ou por ser meramente decorativa, ou por se tentar impor e instruir os transeuntes. E tentativas de artistas: inclusão do quotidiano na obra de arte e tentativa do inverso, isto é, tornar o quotidiano visível através da arte (estratégia paternalista) ou tornar a arte visível através do quotidiano; a obra como documento (prova, memória, elucidação, notícia); obras que pressupõem a participação do espectador; e por fim, a arte crítica e política. Ou seja, para se emancipar da sua condição de interrupção, ou a arte sai da galeria ou o sujeito entra nela.

Desta enumeração rápida dedicar-nos-emos apenas à arte dita política, se bem que esta poderá tocar em todos os anteriores pontos.


5.

É muito frequente lermos que, nas suas obras, tal artista reflecte sobre algo, investiga, problematiza, critica, denuncia, torna visível. Por exemplo, recentemente li algo muito comum, tanto nos textos jornalísticos sobre arte – habitualmente acríticos – como em textos de catálogos, que possuem outra responsabilidade e espaço; a propósito de um artista sul-africano, escrevia-se que o seu trabalho se caracterizava por uma denúncia do Apartheid. Denúncia a quem? Aos sul-africanos? Negros, brancos? Denúncia aos estrangeiros? A quem não saiba o que o Apartheid foi? Que poder tem uma denúncia quando o anúncio já foi há muito feito? Arte política? Claro que não.

O que acontece na maioria destes casos é que o artista apenas opina, apenas se expressa, como qualquer outro artista ou poeta ou pintor naif – (e o facto destas obras constituírem apenas opiniões faz com que tenham um interesse, digamos, residual). Este artista opina e expressa as suas preocupações sobre injustiças, erros, faltas, desinteligências, gostos, orientações, minorias. E claro, o facto destas opiniões incidirem sobre questões de ordem política, social ou ética, não transforma estas mesmas obras em arte política.

Aliás, e aqui encontramos um ponto absolutamente decisivo na discussão – estas obras demonstram geralmente um carácter paternalista, se não mesmo didáctico (4), quando se predispõem a ensinar o espectador, ou a ajudá-lo a criar uma consciência crítica acerca de alguma questão pertinente para o artista, tentando influenciar e até mesmo construir-lhe uma opinião.

O espectador é assim visto como alguém que vive na escuridão do engano e da ignorância, alguém que necessita de uma orientação – orientação não é apenas uma direcção possível, é a direcção que devemos seguir –, alguém finalmente, que necessita de uma luz que o guie; e essa luz seria a obra, e o sol o artista, claro.

O que acontece contudo, e relembrando Francis Ponge, é que estas peças luminosas apenas criam sombra (5), apenas constrangem e privam; impressionam, pressionam, oprimem.

Estas peças serão políticas, sim, mas apenas porque maculam a liberdade do espectador.

Para além de paternalistas, estas peças desajeitadas, no limite, mostram-se ortopédicas, na medida em que tentam endireitar o esqueleto crítico do espectador. (6)


6.

Paternalismo e ortopedia serão talvez os dois maiores problemas que uma arte política pode enfrentar.

Há contudo, um aspecto onde estas estratégias parecem acertar – todas elas partem do pressuposto de que será pela política e pela ética que a arte poderá entranhar definitivamente a vida – pela política porque exigirá um espectador livre, e pela ética, porque sendo livre, este espectador será responsabilizado por todas as suas acções. Não existe liberdade sem responsabilização – a segunda funciona como prova de existência da primeira.

Um espectador que é orientado, conduzido, obrigado, é alguém que vê as suas possibilidades afunilarem-se de tal modo que fica sem escolha possível, sem opções – fica preso a uma linha ortodoxa –, e só quando restabelece a sua liberdade, poderá violar aquela orientação castradora.


7.

A este espectador livre, Jacques Rancière chamará emancipado. Emancipado não quererá dizer tanto autonomizado ou independente, mas antes igualado. “A ideia de emancipação implica que não existam lugares que impõem a sua lei, que existam vários espaços num mesmo espaço, várias maneiras de o ocupar, a cada momento o truque está em saber que tipo de capacidades cada um põe em movimento, que tipo de mundo cada um está a construir.” (7)

“Emancipação é a possibilidade do olhar do espectador ser diferente do previsto.” (8)

“Não se pode esperar a emancipação de formas de arte que pressupõem a imbecilidade do espectador, enquanto antecipam o seu preciso efeito nesse mesmo espectador: por exemplo, exposições que denunciam a ‘Sociedade do Espectáculo’ ou a ‘Sociedade Consumista’ – sendo que já foram denunciadas centenas de vezes – ou aquelas que querem tornar o espectador activo a todo o custo, com a ajuda de expedientes e truques copiados dos meios da publicidade, um desejo fundamentado na pressuposição de que o espectador será necessariamente passivo por apenas olhar. Uma arte pode ser emancipada e emancipadora quando renuncia à imposição de uma mensagem, a um público alvo, a um modo unívoco de explicar o mundo, quando, por outras palavras, deixa de querer emancipar-nos.” (9)

Numa outra entrevista, em 2000, sobre Joseph Jacotot, a quem Rancière dedicou o livro Le Maître Ignorant (1987), diz ainda “Os progressistas que proclamavam a igualdade como sendo resultado de um processo de redução de desigualdades, de educação das massas, etc., reproduziram a lógica do professor que assegura o seu poder ao mostrar-se dono da discrepância entre ignorância e conhecimento que pretende fazer desaparecer. A igualdade tem que ser vista como ponto de partida, e não como destino.” (10)


8.

O espectador livre, emancipado, é um espectador responsabilizável, como já vimos. Ora, um espectador responsabilizável será necessariamente um espectador reconhecido, notado, não vigiado mas ainda assim, visto; um espectador com corpo e peso. Podemos antecipar as implicações desta nova situação. Antes de mais, percebe-se desde já a sua emancipação, a sua igualização ao que é exposto na galeria; isto é, não são apenas as obras que são vistas, sendo os espectadores apenas vultos que evoluem pela penumbra, pela sombra literalmente; são estes mesmos que se tornam visíveis e criticáveis – ao se expor ou ser exposto, ao usufruir da liberdade num espaço outro, o espectador é impedido de divergir de si, de se desencontrar, de se alienar num outro tempo, no da obra de arte. Espectador livre, sujeito com corpo.

“Foi Aharon Markus, o farmacêutico, que formou a hipótese de que após milhares de anos de existência sobre a Terra, o homem talvez fosse a única criatura viva ainda não completamente adaptada ao seu corpo, e do qual tinha muitas vezes vergonha. E por vezes, notava o farmacêutico, dir-se-ia que o homem espera ingenuamente a próxima etapa evolutiva, no curso da qual ele e o seu corpo seriam separados em duas criaturas distintas.” (11)

Pode dizer-se que a vergonha acontece quando o corpo e espírito coincidem. Posso sentir vergonha como Filipe Pinto mas não enquanto espectador de teatro, de cinema ou de outra arte. Isto é, na experiência artística comum nada é comigo. Eu posso identificar-me, é certo, mas faço-o por comparação, por analogia, por aproximação. Ora, a vergonha é uma co-incidência, uma incidência simultânea, um duplo cair ao mesmo tempo no mesmo espaço – no sujeito. O si e a consciência de si em intimidade absoluta – “A vergonha é o sinal de uma inaudita e tremenda proximidade do homem em relação a si próprio.” (12)

Um espectador livre não é necessariamente um sujeito envergonhado, mas esta é uma hipótese essencial que reúne os tempos e os espaços divergidos pela interrupção da porta da galeria, que permeia o espectador, que permite aceder ao sujeito que o fundamenta.


9.

Vimos como a arte pode comprometer a liberdade do espectador, quando, paradoxalmente, o quer libertar. No entanto, por vezes, é o próprio espectador a cometer o delito, adoptando uma atitude de subserviência.

O espectador livre, formulação que à partida poderá constituir um paradoxo, é aquele que, de dentro da galeria, para lá do interruptor-limite, pode perguntar, para que serve isto? Para que é que isto me serve? Tem esta experiência lugar no meu mundo? Se assim for, o próprio interior da galeria fará parte do meu mundo – anula-se a interrupção.

Isto é, parece estarmos aqui a falar de espaço, quando, na verdade, nos queremos centrar no tempo, numa experiência de tempo, numa crítica a um tempo peculiar, que é o tempo do intervalo, do passatempo, da interrupção ou desmaio da vida.

Se o espectador livre (o sujeito) sobreviver à passagem pela porta da galeria, não perguntará mais o que quer isto dizer? O que quis o artista dizer com isto? Com o espectador livre, a experiência artística deixa de se parecer com uma novela policial, com a busca de uma verdade existente e unívoca, uma verdade que tem um autor, uma verdade autoritária.

O espectador livre não fará pois uma viagem ao passado – às causas e origens da peça e artista, numa demanda endoscópica, numa busca arqueológica para desenterrar a verdade esclarecedora e iluminante –, pelo contrário, dedicar-se-á às implicações do que vê, isto é, como poderá ele utilizar o que vê, como poderá ser-lhe útil aquela experiência.

Se nos interrogamos sobre o significado de determinada peça, estamos a interrogar-nos sobre a intenção do autor, que por sua vez, parece constituir a verdade da obra. A intenção, mais do que uma origem da peça, quer representar o seu destino, o fito e o final; a intenção fecha a obra. O objectivo do artista, a sua intenção, é afinal mais um elemento que de dentro da galeria obstrui a agilidade e movimento do espectador, e, sendo este um texto sobre arte, vida e política, e especificamente sobre liberdade, esta busca pelo significado misterioso da obra torna-se aqui contraproducente. É claro que é desejável que haja uma intenção do artista, mas que esta não seja entendida pelo espectador como a única possível, como forma de tornar a obra unívoca, como coagulação da experiência.


10.

Ao contrário do museu, que tenta constituir um passado mais ou menos sedimentado, estabilizado, a galeria apresenta um passado temporário, mas ainda assim, passado. Passado esse que é tanto a obra que se expõe – máscara mortuária da sua concepção, diria Walter Benjamin –, como ainda mais, a intenção do artista. Quer dizer, quanto mais ligamos a obra ao artista, quanto mais nos tentamos aproximar da intenção daquele, mais nos desligamos do presente, do nosso tempo, e investimos numa viagem temporal; o artista é o passado da obra, que por sua vez já é para nós passado. A intenção resulta assim para o espectador num duplo passado; e cada vez mais a porta da galeria se altiva, e exacerba a interrupção que causa.

Por isso mesmo já atrás se escreveu que essa porta delineia um limite entre passado e presente, entre o tempo da obra e o do sujeito – é uma representação e uma apresentação desse limite (a porta da galeria não é aqui um símbolo). A porta de Creed, que hesita, hesita entre um passado e o presente, entre o espectador que experimenta sempre algo transacto, e o sujeito que evolui pelo actual.


11.

Este texto é portanto uma crítica à interrupção inaceitável que a arte provoca na vida, quase como um passatempo – passar o tempo sem ter a sua consciência –, imolando-se a si própria nessa mesma interrupção. No entanto, esta não é uma questão de sobrevivência da arte – a arte depende mais da finança do que de obras que pressuponham um espectador livre, como por exemplo se percebe pelo crescente número de fotógrafos artistas (como se passou com a pintura no anos 80 ou com a arte vídeo nos anos 90), cada vez mais inconsequentes, cada vez mais redundantes. (13)

Defende-se aqui, como se percebe, a utilidade da arte, ou como certa vez Robert Filliou disse, ‘Arte é aquilo que faz com que a vida seja mais interessante que a arte.’

[Ao longo do texto fomos passando perto de ideias já conhecidas, não as referindo contudo, tais como os ‘não-lugares’ (Augé) – o interior da galeria como espaço exterior à vida –, a ‘assinatura’ (Derrida), e a ‘morte do autor’ (Barthes, Foucault) – intenção do autor, liberdade do espectador; são algumas pistas para reconhecer bifurcações possíveis da questão.]


Filipe Pinto
Artista, vive e trabalha em Lisboa.




NOTAS

(1) Uma ilha, que é sempre uma espécie de excrescência terrestre no meio do mar, uma interferência aparentemente independente – a elevação seca serve para mostrar que existe terra debaixo de todo o mar, que no fundo no fundo precisamente, toda a terra está ligada.
(2) Maurice Blanchot, O livro por vir, Lisboa, Relógio D’Água, 1984, p.104.
(3) Giorgio Agamben, A Comunidade que Vem, Lisboa, Editorial Presença, 1993, p.54.
(4) Existem outras palavras mais incómodas que poderão também nomear esta disfunção, tais como evangelizar ou domesticar.
(5) “O sol, que esbofeteia de alegria, no mesmo gesto enfarpela cada coisa com a sua negra toga de juiz”, Francis Ponge, “O Sol Pião a Açoitar (I)”, in Alguns Poemas, (trad. Manuel Gusmão), Lisboa, Edições Cotovia, 1996.
(6) “Uma estética ortopédica visa transformar agressivamente a consciência do espectador (implicitamente definido como imbecil) através de um encontro esmagador com a obra de arte.”, Grant Kester, “Dialogical Aesthetics: A critical framework for littoral art”, (Variant 9, Winter 1999/2000).
(7) Cf. Entrevista com Rancière, “Art of the Possible, Fluvia Carnevale and John Kelsey in Conversation with Jacques Rancière”, ArtForum, New York, March 2007, p. 262.
(8) Idem, p. 267.
(9) Idem, p. 258.
(10) I Jacques Rancière: Literature, Politics, Aesthetics: Approaches to democratic Disagreement interviewd by Solange Guénoun and James H. Kavanagh, Substance 29.2, University of Wisconsin Press, 2000, p. 3.
(11) David Grossman em Voir Ci-Dessous citado por Jean-Luc Nancy, Corpus, Lisboa, Vega, 2000, p. 50.
(12) Giorgio Agamben, Ideia da Prosa, p.78.
(13) A propósito, Boris Groys, num texto sobre a categoria do Novo, escreve que o museu é a estrutura que permitirá obviar a redundância na arte; “culturas sem museus”, escreve Groys, “são ‘culturas frias’, como Levy-Strauss as definiu, e estas culturas tentam manter a sua identidade cultural intacta reproduzindo constantemente o seu passado.” Com o passado preservado no museu, com a história da arte visível no museu, continua Groys, “a forma geral da arte moderna não é ‘agora sou livre para fazer algo novo’, mas simplesmente, ‘é impossível fazer o velho outra vez’.” Groys chama a esta contingência tabu-museu. E continua, “todo o artista tem dentro de si um curator, que lhe diz o que não mais é possível fazer, o que é que nunca mais vai ser coleccionado.” Boris Groys, On the New, 2002.