NIKIAS SKAPINAKISPaisagens Ocultas - Apologia da Pintura Pura Óleos, 2014-2017FUNDAÇÃO ARPAD SZENES - VIEIRA DA SILVA Praça das Amoreiras, 56 1250-020 LISBOA 19 OUT - 14 JAN 2018 Inauguração dia 19 de outubro, às 18h, no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva "[...] Esclarece-se, finalmente, e afina-se a questão da «parafiguração»: não se trata de não figurar, mas de estabelecer um campo de trabalho que corre em paralelo com a inscrição da figura, essa sim com nome pró- prio, noutras declinações da sua obra, preterida aqui pela impossibilidade de estabelecimento de uma relação figura-fundo ou, por outras palavras, continuando a abrasão da relação entre nome e coisa representada que sempre foi o próprio do seu trabalho pictórico. Provavelmente, nesta ampliação em relação ao objeto de representação, parece agora claro que este é, em si mesmo, um detalhe de uma primeva representação, recuperando-se, num segundo sentido, a ideia de representação em segundo grau que parece ser o traço comum desta longa e profícua pesquisa sobre a natureza e as valências da imagem pictórica." Delfim Sardo, «Notas sobre a intenção não-descritiva», in Figuração e Parafiguração na Obra de Nikias Skapinakis. 1950-2017, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, outubro de 2017. "A pintura pura recusa a contaminação da linguagem, da filosofia, da sociologia, da fotografia, da computorização. Preserva a natureza essencial das imagens pictóricas – as quais mudam com o mundo." Nikias Skapinakis. 2017 "As ideias criadoras no domínio da expressão cultural dispõem de uma espécie de código formal e sentimental que mantém, através do tempo, uma relação unificadora. É o acesso natural a esse código com a sua utilização inovadora que identifica os criadores de cultura. A consciência mais ou menos exacerbada do talento criador no artista não é um fenómeno elitista mas uma participação específica no cerne da experiência coletiva. É inútil e imoral tentar programar essa participação ou enquadrá-la em códigos que desconhecem as raízes emotivas e o feroz sentido de liberdade subjacente à criação cultural. A intervenção do artista num mundo em que permanecem, além de constantes agressivas, formas sociais obsessivas e de produção estandardizada e concorrente não reside num esforço didático pela acessibilidade dessa intervenção, mas no facto de afirmar o direito natural da imaginação criadora, contagiando nos outros a sua liberdade interior — a mais suspeita das liberdades aos olhos das forças repressivas. As obras criadoras podem ser (e são frequentemente) usufruídas por círculos restritos, devido a circunstâncias sociais discriminatórias. Mas são, potencialmente, obras abertas; conservam o poder de ser recuperadas para vastos públicos de amadores e interessados. Esta recuperação é caraterística do gosto unificador do nosso tempo e tem permitido reencontrar uma possibilidade de comunicação jamais igualada anteriormente. O alargamento dos círculos restritos que usufruem da cultura é um imperativo de qualquer projeto democrático mas não é antinómico em relação à necessidade de preservação, em muitos casos, desses mesmos círculos. Assegurar-lhes a sobrevivência pode revelar-se fundamental não só pelo poder de fascínio que geralmente exercem e que pode ser utilizado na divulgação e animação culturais, mas também como uma condição de preservação de uma qualidade cultural suscetível de impedir a deterioração do gosto e um falso democratismo criativo [...]." Intervenção no programa Perfil, da autoria de Alexandre O´Neill e Rui de Brito, RTP, 1978. |