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O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.

 


CINTHIA MARCELLE

começo, meio, começo




MUSEU DE SERRALVES - MUSEU DE ARTE CONTEMPORâNEA
Rua D. João de Castro, 210
4150-417 PORTO

10 OUT - 23 MAI 2026


INAUGURAÇÃO: 9 de outubro, 19h, Museu de Serralves



começo, meio, começo
Cinthia Marcelle

Curadoria de Inês Grosso



A Fundação de Serralves apresenta começo, meio, começo um projeto concebido para a sala central do Museu de Serralves e que assinala a primeira apresentação individual da artista brasileira Cinthia Marcelle em Portugal.

Com curadoria de Inês Grosso, Curadora-Chefe do Museu de Serralves, começo, meio, começo coloca em causa a ideia de tempo linear e questiona a ordem estabelecida, incentivando uma reflexão sobre o modo como nos relacionamos com o mundo. Ao reformular profundamente a sala central do Museu, Marcelle desafia a geometria racional e o rigor arquitetónico que o caracterizam, propondo uma imersão sensorial e corporal que estimula perceções elementares e oferece uma experiência de transformação e descoberta. A ordem cronológica é substituída por ciclos de repetição e recomeço, evocando temporalidades enraizadas na ancestralidade, nos saberes coletivos e nas cosmologias dos povos.

começo, meio, começo é o resultado de mais de um ano de diálogo com a equipa do Museu e foi desenvolvido em colaboração com o coletivo transdisciplinar de arquitetos e urbanistas vão (Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero).

A instalação, patente até 20 de maio de 2026, ocupa a sala central do Museu de Serralves, tradicionalmente associada à neutralidade modernista, e transforma-a num espaço onde sugere uma leitura do presente a partir de perspetivas múltiplas e descolonizadas, abrindo espaço para novas possibilidades de pensamento e de existência. começo, meio, começo reafirma também o papel do museu como lugar de experimentação, de imaginação crítica e de reconfiguração das formas de olhar e compreender o tempo em que vivemos.

O projeto tem como foco inicial o pensamento de Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo — poeta, filósofo, professor e ativista quilombola nascido no Piauí — cuja conceção de tempo não linear, feita de regresso e permanência, atravessa o universo da artista.

Reconhecida pela liberdade com que articula diferentes linguagens, Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974) trabalha entre o vídeo, a performance, a instalação e a intervenção no espaço. A sua prática nasce frequentemente de gestos simples e de elementos do quotidiano, conferindo-lhes novas dimensões poéticas, simbólicas e políticas. A condição de mulher, artista e pessoa racializada no Brasil atravessa o seu percurso e torna mais evidente a persistência das desigualdades no acesso aos espaços artísticos e institucionais. As suas criações refletem um olhar atento sobre o que é comum, invisível ou esquecido, transformando o banal em matéria de pensamento. Convocando o legado da arte brasileira e latino-americana, ao qual Marcelle dá continuidade crítica, a artista retoma a tradição da improvisação, do uso de materiais comuns e da reinvenção das relações formais entre arte, corpo e espaço.

O projeto começo, meio, começo reforça a ligação de Serralves à produção artística brasileira contemporânea. Ao longo dos anos, o Museu tem aprofundado este diálogo com exposições de artistas como Fernanda Gomes (2006), Cildo Meireles (2013), José Leonilson (2022) ou Rivane Neuenschwander (2022), contribuindo para a valorização e compreensão das múltiplas vozes da arte do Brasil.

começo, meio, começo vai estar patente de 10 de outubro a 20 de maio de 2026 e é produzida pela Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea. Tem curadoria de Inês Grosso, Curadora Chefe do Museu de Serralves e coordenação de Filipa Loureiro, coordenadora das exposições temporárias.


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Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974) formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Movendo-se entre instalação, fotografia, vídeo, pintura, colagem e desenho, desenvolve a sua obra a partir dos sistemas conceptuais que organizam política e culturalmente o mundo. Os dados sociais são, por isso, centrais na conceção do seu trabalho, que muitas vezes envolve processos de elaboração coletiva. Desde 2008, realiza vídeos em parceria com o artista Tiago Mata Machado. Atenta às diferentes formas de estar no mundo, a artista explora o poder transformador que emerge da organização e da desorganização das coisas, seja para questionar ou confrontar estruturas hegemónicas e relações de poder.

Realizou exposições panorâmicas no Marta Herford Museum for Art (2023), MACBA (2022) e MASP (2022); e exposições individuais no Museum Dhondt-Dhaenens (2025), Galeria Luisa Strina (2023), Galeria Vermelho (2020), Wattis Institute (2019), Modern Art Oxford (2018), MoMA PS1 (2016) e Secession (2014). Participou ainda na 15.ª Bienal de Gwangju (2024), 10.ª Bienal de Berlim (2018), 12.ª Bienal de Sharjah (2015), Trienal do New Museum (2012), 13.ª Bienal de Istambul (2013), 29.ª Bienal de São Paulo (2010), 9.ª Bienal de Lyon (2007) e 9.ª Bienal de Havana (2006).

Representou o Brasil na 57.ª Bienal de Veneza (2017) com a instalação Chão de Caça e o vídeo Nau/Now, coautoria de Tiago Mata Machado, tendo recebido uma Menção Honrosa. Entre os prémios que conquistou destacam-se o Future Generation Art Prize (2010), o International Prize for Performance (2006) e a Bolsa Pampulha (2003).

Entre as suas exposições coletivas mais recentes incluem-se On View: Togetherness (Palais Populaire, Alemanha, 2025), Nebula (Fondazione In Between Art Film, Complesso dell’Ospedaletto, Veneza, 2024), A Clearing in the Forest (Tate Modern, Londres, 2022), Língua Solta (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, 2021), Soft Power (SFMOMA, São Francisco, 2019), Push the Limits (Fondazione Merz, Turim, 2019), La Panacée (MoCo, Montpellier, 2019) e Still Here (MOAD – Museum of the African Diaspora, São Francisco, 2019).

A obra de Marcelle integra diversas coleções públicas e privadas no Brasil e no estrangeiro, entre as quais o Instituto Inhotim (Brumadinho), Instituto Itaú Cultural (São Paulo), MAM (São Paulo), KADIST (São Francisco), MASP (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MoMA (Nova Iorque), Pinault Collection (Paris), The Royal Library of Denmark (Copenhaga), SFMOMA (São Francisco), Tate Modern (Londres) e Fundação Vebhi Koç (Istambul).

Em 2025, Cinthia Marcelle apresenta exposições individuais no Museu de Serralves (Portugal) e na 6.ª Bienal de Kochi (Índia). Em 2026, participará na 59.ª Carnegie International (Estados Unidos).