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ARQUITETURA E DESIGN




Filipa Guerreiro e Tiago Correia no Atelier da Bouça. Fotografia: João Crisóstomo.


Tiago Correia no Atelier da Bouça. Fotografia: João Crisóstomo.


Filipa Guerreiro no Atelier da Bouça. Fotografia: João Crisóstomo.

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ENTREVISTA | FILIPA GUERREIRO E TIAGO CORREIA

PEDRO BAÍA E JOÃO CRISÓSTOMO


Num momento em que se discute a possibilidade ou até mesmo se insiste na necessidade de uma nova geração de arquitectos em Portugal, fomos ao encontro do Atelier da Bouça. (1)

O atelier é fundado em 2006, no Porto, pela dupla Filipa Guerreiro e Tiago Correia, arquitectos que têm vindo a apresentar um percurso coerente, revelador de uma precoce maturidade.

Num discurso assumidamente fora de moda, defendem que a arquitectura “deve ‘cultivar’ o intemporal, sem medo de não negar o óbvio.” No panorama actual, poderíamos considerá-los “perigosos conservadores”, no entanto, preferimos reafirmar a sua postura desconfiada perante o deslumbramento e a ruptura.

Não prescindem, por isso, da sua biblioteca, dos seus arquitectos, das suas viagens, nem prescindem do legado da Escola do Porto, numa lógica de reavaliação e continuidade. No fundo, encaram a história da arquitectura como matéria de trabalho, admitindo a sua “constante citação e releitura”.

Esta sua aproximação à arquitectura ficou latente na apaixonante sessão que apresentaram na PechaKucha Night Porto 02. Na verdade, aqueles 6 minutos e 40 segundos souberam a pouco.

Porto, Julho/Agosto de 2010
Por Pedro Baía e João Crisóstomo



Num texto de apresentação do Atelier da Bouça, há um momento em que dizem que usam a vossa casa como laboratório espacial. Em que medida esta afirmação se reflecte no vosso trabalho?

TC: [risos] Sim, podemos dizer que usamos intensamente a nossa casa como laboratório espacial. Costumamos alterar o interior muitas vezes. A Filipa diz que gosta muito de recomeços e nós, quase sempre, recomeçamos com alterações na casa, mesmo que depois, passado um mês, voltemos a pôr a casa tal como estava antes.

FG: Mas também brincamos com os outros espaços que habitamos — desde o escritório, ao gabinete na faculdade, até às minhas salas de aula. Tenho as plantas todas em ficheiros de computador com o mobiliário todo desenhado, ou seja, tenho mil projectos de organização dos espaços em que vivo, em que trabalho, em que me mexo. É bastante terapêutica, esta possibilidade de variar. Assim, nos nossos projectos, quando desenhamos espaços para outras pessoas, desenhamos espaços que possam responder a mil organizações diferentes. Não queremos espaços completamente estanques e pré-determinados, por isso, ao brincarmos com as nossas coisas, percebemos que dispositivos poderemos ter nos projectos que permitam às pessoas fazer alterações nas suas próprias casas.


A flexibilidade é uma palavra recorrente no vosso discurso. Como é a reacção dos clientes quando colocam essa abordagem em prática? Com certeza haverá diferenças, caso a encomenda seja pública ou privada.

TC: Em relação à encomenda pública, por vezes, ficamos um pouco desiludidos. Dizemos isto porque tivemos um problema numa escola primária onde tínhamos uma série de portas que poderiam segmentar o espaço. Da primeira vez que lá fomos, com a escola em funcionamento, encontrámos os espaços todos fechados. E porquê? Para controlar as crianças. Enfim, em algumas situações, este tipo de flexibilidade acaba por ser perversa.

FG: Contudo, no caso dos clientes particulares, a maioria gosta dessa flexibilidade. Quando apresentamos os nossos projectos, fazemos questão de nunca ter uma única solução — é uma técnica para responsabilizar os clientes pelas várias opções do processo. Normalmente, a solução mistura várias opções. Deste modo, fazemos com que sejam os clientes a ter a ideia. É importante que seja assim, para que não sejam os arquitectos a impor a sua maneira de ver as coisas. Mas, mesmo percebendo isso, e divertindo-se a trabalhar connosco, na maioria das vezes, as pessoas não querem experimentar — querem que lhes digam o que está certo.


Percebemos também que usam muito a história da arquitectura como ferramenta, respeitando-a como herança, como experiência do conhecimento. No entanto, transformam-na e reinterpretam-na. Têm consciência deste processo?

FG: No limite, será uma questão de humildade, o percebermos, à partida, que não vamos inventar grande coisa e que temos para trás uma quantidade de experiências de outras pessoas que não faz sentido ignorar. Depois, o que fazemos é perceber como poderemos melhorar e adaptar essas experiências à situação com que nos deparamos. Parece-nos completamente óbvio e linear que não faz sentido partirmos sempre de um grau zero.

TC: Não acreditamos na inocência de ter a ideia completamente ausente do mundo. Normalmente, diz-se: “eu não quero ver para não me influenciar.” Esta reacção arrepia-me. Uma vez, um grupo de alunos veio visitar o nosso atelier e um deles, ao reparar que tínhamos muitos livros de arquitectura, perguntou se isso era importante. Fiquei um bocado irritado com aquela pergunta: é claro que é importante. É uma questão de racionalidade — queres fazer uma coisa, sabes que outro o fez, logo, a primeira coisa a fazer é estudá-la. Até porque, recordando o Secchi, pode ter-se o “azar” de repetir uma coisa que já foi feita e é só trabalho perdido.

FG: É uma questão de preguiça inteligente, que é a melhor estratégia que devemos cultivar. O que não significa pouco trabalho, pelo contrário, significa perceber o que os outros fizeram.

TC: Há um jogo que costumamos fazer — “o que é o Siza copiou desta vez?” — um jogo que vem desde os tempos da faculdade, quando começámos a perceber que o Siza estava sempre a fazer citações nas suas obras.


Acreditamos que também têm as vossas referências. Espreitando a vossa biblioteca, quem podemos encontrar? Principalmente em relação ao panorama contemporâneo, que citações fazem?

FG: Os clássicos do século XX estão sempre presentes. Costumamos dizer que o Alvar Aalto é o menino do Tiago e que o Adolf Loos é o menino da Filipa. Depois, o Zumthor está muito presente, ainda que de forma muito discreta. O Tiago, a princípio, não o suportava, por isso, usei-o de forma oculta senão ele recusava logo à partida — estou a falar do Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Matosinhos e do Centro de Educação e Interpretação Ambiental do Corno de Bico, em Chã de Lamas.

TC: A Filipa estava sempre a tentar convencer-me a ver a obra do Zumthor, mas ele causava-me alguma irritação.

FG: Tive mesmo de o obrigar a ir à Suíça.

TC: Aquela coisa da montanha aeiou não é muito a minha onda. Mas acabámos por fazer uma viagem engraçada. Fomos primeiro a Basileia onde vimos o escritório e as obras dos Herzog & de Meuron. E mesmo aí, os colaboradores deles só falavam do Zumthor e insistiam para irmos ver as obras.

FG: Um dos colaboradores fez uma descrição que o Tiago adorou.

TC: Um espanhol fez-me a melhor descrição de sempre das Termas de Vals: “é uma mistura entre uma igreja e um bordel — uma coisa muito ascética mas toda para o prazer!” Aí fiquei bastante entusiasmado. Fomos depois às termas e rapidamente percebemos: «não, para aqui não vamos de máquina fotográfica, aqui não somos arquitectos». Passámos lá o dia, acabámos por ver todas as outras obras do Zumthor e fiquei a adorá-lo.


E para além do Zumthor?

FG: A Sejima é uma outra referência nossa. A nossa formação foi feita, essencialmente, no primeiro e segundo ano. O terceiro ano não deixou grandes marcas, para além das aulas de Nuno Portas. O quarto ano, com João Álvaro Rocha a Projecto e Marta Oliveira e Alexandre Alves Costa a História, foi um ano de consolidação do processo de trabalho. Depois, terminámos a nossa aprendizagem com o Secchi em Veneza onde, mais do que ter aprendido com ele, tomámos consciência do que tínhamos aprendido até aí — que é o que acontece a toda a gente quando vai de Erasmus.

Conhecemos o trabalho da Sejima nessa altura, com o Secchi. Fomos comprando livros e ainda hoje continuamos a segui-la: os conceitos, a construção do projecto, a questão da representação, ou a relação da representação com os conceitos dos projectos (que é uma coisa que gostamos muito de discutir). Mas temos medo das obras, achamos que nos vamos desiludir com a falta de espessura — com o pano de vidro, principalmente. Há muitas obras contemporâneas às quais temos esta aversão.

TC: Sim, por exemplo, gosto de muitas das representações de projecto dos Aires Mateus mas, quando vou às obras, o toc-toc por todo o lado é uma coisa muito estranha. Se calhar gosto delas apenas no abstracto.

Há também os Mansilla y Tuñón. A primeira vez que os conhecemos foi no ano de Erasmus, numa conferência em que mostraram o edifício de Zamora, que na altura era o único que tinham construído. Achámos muita piada, gostámos do modo como mostram os projectos, aquela racionalidade muito matemática: “isto mais isto dá um projecto que é aquilo”. Claro que não saberemos nunca se a definição de premissas é feita a posteriori ou se terá sido o motor do projecto propriamente dito. Mas reconhecemos muita desta racionalidade e progressiva sintetização na nossa montagem do projecto.

FG: Ou seja, interessa-nos o modo como tornam o processo de trabalho inteligível e o partilham. Também encontramos este tipo de processo no Souto Moura, essa montagem racional do projecto, mas em esquema de sim/não, esquema de ou/ou, em que se vai escolhendo, se vai cortando.

TC: Mas essa montagem fazia-nos muita confusão porque, num projecto, nunca temos apenas duas opções. Ele monta uma mecânica em que, por exemplo, perante isto podia fazer para cima ou para baixo, como o solo tem muita água, escolho fazer para cima — é o tal esquema do sim/não. Estou a caricaturar, naturalmente, mas é esta a mecânica.


A Filipa, uma vez, referiu a vivência constante nos espaços do Siza — vives numa casa desenhada pelo Siza, trabalhas num atelier desenhado pelo Siza, vais dar aulas numa faculdade desenhada pelo Siza. Como reages a essa vivência?

FG: Antes de tudo, não foi nada planeado. Mas gosto imenso do Siza, trabalhei com ele e acho que é uma referência fundamental para nós. A obra do Siza é muito pedagógica — para as mesmas questões, temos sempre respostas variadas. Como dizia o arquitecto Távora, para projectar, para resolver os problemas de projecto, basta ter uma janela e olhar o mundo. Neste caso, na obra do Siza, a história da arquitectura está à distância de uma janela.


Existe uma questão muito presente no Porto, um certo conflito psicanalítico em relação à Escola do Porto, relativamente ao peso da herança do Távora, do Siza, do Souto Moura. Ultimamente, começa-se a sentir uma certa reacção em que se aponta o dedo se alguém fala do Siza, e em que se anota o número de vezes em que alguém cita o seu nome numa entrevista. Convosco, parece-nos que lidam com esta questão de modo muito natural, tal como o Nuno Brandão Costa, por exemplo, que também mantém uma relação saudável com a Escola.

FG: Há percursos de passagem pela Escola muito diversos, ou seja, as combinações de pessoas (professores, alunos, etc.) com que nos cruzamos ao longo do curso podem dar combinações muito felizes ou muito infelizes. A realidade é esta. O modo como compreendemos aquilo que nos é transmitido na Escola (melhor ou pior, porque não há certo nem errado) está relacionado com o modo como nos apropriamos dos ensinamentos, seja do Siza, do arquitecto Távora ou do Souto Moura.

Durante o curso, há muita gente que se sente obrigada a “ter que gostar” do Siza, sem perceber muito bem porquê, sem entender o que estava a fazer. E isso, naturalmente, é algo artificial, forçado. O que se passa connosco, e percebo perfeitamente o paralelismo que fazem com o Nuno, está relacionado com a compreensão (achamos nós) do que nos foi dito e do que as obras deles nos transmitiram. Por isso, não temos qualquer pudor nessas referências. Conseguimos perfeitamente descolar aquilo que é a mensagem daquilo que é a forma.

Ao dar aulas, há uma coisa que é muito difícil de transmitir: a mensagem de que a Escola não transmite uma linguagem ou um léxico de formas mas um processo de construção do projecto. Tivemos sorte em entrar na Escola nos anos 90, numa ressaca de muita coisa. Já não é o caso do Nuno, que é de uma geração anterior. Ou seja, já não tivemos as pessoas a defender tendências fervorosamente. Pelo contrário, encontrámos as pessoas todas cheias de dúvidas. Como ninguém se atrevia a defender acerrimamente nada, cada um de nós conseguiu construir-se, de uma maneira calma.

TC: A Escola, a certa altura, construiu-se contra o pós-modernismo (na sua versão mais festivaleira — Taveira, Graves, etc.) e nós apanhámos o fim disso.

FG: Não assistimos ao fim, vimos só o último dia.

TC: Foi muito engraçado assistir às conferências de 1990, no ciclo “Discursos (Re)visitados”. (2) Porque, como entrámos na faculdade em 1994, não tivemos oportunidade de ouvir essas pessoas. Portanto, foi engraçado perceber que, por exemplo, quando o Herzog veio cá, em 1990, foi uma bomba e, para nós, quatro anos depois, o falar da pele já não era bomba nenhuma. Talvez sejamos até muito reactivos a isso — não somos nada de pele, irrita-nos esse discurso. No fundo, o deslumbramento por aquela retórica, connosco, já não aconteceu.

FG: Por outro lado, no primeiro ano, tivemos o Siza como professor de Teoria Geral de Organização do Espaço e foi fantástico.

TC: Foi uma sorte, no primeiro ano, ouvir o Siza a falar de arquitectura.

FG: O Siza, para nós, era o amigo e não o chato. Ou seja, não tivemos esta noção de Escola que tinha tido a geração anterior. Nunca passámos por aquele drama de como matar o pai. O pai era o avô e o avô é o avô simpático que até nos ajuda quando precisamos, com quem não se discute, com quem só se vai buscar as coisas boas. Por isso, o avô simpático, por exemplo, estava a fazer a biblioteca de Aveiro e levou-nos à obra, numa relação muito próxima.

Lembro-me que, no último exercício, o Siza escolheu seis bibliotecas (uma do Asplund, uma do Aalto, uma do Plečnik, uma do Kahn...), e tínhamos que saber mostrar, de uma forma não pretensiosa e directa, aqueles projectos que, no fundo, eram as referências dele para a biblioteca de Aveiro. Por isso, de uma maneira muito indirecta e sem nos apercebermos, com aquela visita à obra e ao pôr-nos a descrever as seis bibliotecas, ele mostrou-nos como tinha montado o resultado final.


Gostaríamos de focar a vossa participação na PechaKucha Night Porto que teve lugar na Bouça. Quando assistimos à vossa intervenção, notámos uma abordagem muito afirmativa, uma grande segurança no discurso. Por exemplo, quando disseram: “Gostamos que a arquitectura não precise de se esconder, ou disfarçar, que tenha a presença justa para se inserir na paisagem.” Ou quando disseram: “Casa para nós não é pele nem filtro. É abrigo sólido.” Ou ainda: “Gostamos do que é perene e intemporal, a massa ajuda.”

TC: Esse discurso é reflexo do nosso primeiro e segundo ano, numa fase dos anos 90 marcada pelas caixinhas e pelos planos. Talvez o nosso “pai” a matar seja esse, o da pele, o dos planos. Houve uma reacção à pele e aos planos através da massa, ou seja, fazer o projecto a pensar em massas e não em planos e imagens — o que acaba por ser uma coisa muito bidimensional, enquanto que a coisa sólida se vai escavando.

FG: Tudo isso está também relacionado com a noção que temos da construção da paisagem. Acreditamos que o Homem pode intervir, pode desenhar. Assim, acreditamos na espessura da construção ligada a uma certa noção de intervenção no território. Não é com coisinhas levezinhas e sem espessura que vamos competir com a natureza. Para nos colocarmos na paisagem, tem de haver uma certa noção de solidez. E há uma reacção, um bocado irritante, o querer esconder para não estragar. Nós não sentimos essa necessidade. Como princípio, não faz sentido estar a fazer um edifício todo enterrado, não querendo com isto dizer que não o façamos pontualmente se o cliente, o programa ou o contexto assim o determinarem.


Saiu recentemente um número da arq/a (3) sobre uma nova geração que a revista intitulou de “geração Z”. E é interessante notar que, apesar de fazerem parte dessa faixa etária e de terem obra construída, o Atelier da Bouça não está representado neste grupo.

FG: Temos uma postura que normalmente irrita os nossos colaboradores, que nos perguntam: “porque é que vocês não publicam mais?” Hoje em dia, publica quem se esforça para publicar. Na verdade, hoje, estar publicado já não significa um reconhecimento de qualidade. As publicações, cada vez mais, assentam em processos de auto-divulgação, processos que não são uma prioridade para nós. Mas claro que ficamos muito contentes quando nos pedem para publicar as nossas obras.

Esta condição ficou bastante explícita no ciclo Road to Wonderland, (4) onde sentimos uma certa divisão norte/sul em Portugal, uma divisão entre quem faz e quem “vende”. Hoje, quem faz, quem está preocupado em construir, não tem tempo para estar preocupado em “vender” e publicar. São dois mundos muito diferentes e nós temos bastante arrumado nas nossas cabeças que o nosso objectivo não é publicar — é fazer arquitectura a pensar nas pessoas. Irrita-nos bastante a ansiedade de alguns clientes para que a obra esteja pronta e apareça publicada. Aconteceu já, diversas vezes, pedirem-nos material para publicar e nós, deliberadamente, não enviarmos obras desses clientes. De facto, não queremos que seja esse o nosso objectivo final.

TC: O Souto Moura disse, uma vez numa conferência, que nem todas as obras são para mostrar, nem todas são uma cristalização de um percurso, nem todas são propriamente geradoras de discussão. Dizia que não publica para os clientes mas quando acha que tem algo para mostrar aos colegas. Por isso, só faz sentido publicar determinados projectos.

FG: As revistas de arquitectura, neste momento, estão a construir um panorama da disciplina da arquitectura em Portugal que é estranho. Percebo que seja completamente coerente com os tempos que estamos a viver mas está já fora de prazo. Tenho esperança que, mais dia menos dia, o presente starsystem se esgote. A arquitectura, sem uma transposição pragmática, satura-se por si só.


Havendo menos encomendas directas, os arquitectos investem mais nos concursos e no poder das imagens. Depois, ao não ganharem os concursos, aproveitam o material dessa fase inicial para publicar e, assim, tentar angariar trabalho.

FG: No ciclo Road to Wonderland, onde convidámos arquitectos que já tivessem sido premiados em concursos, vimos autores completamente desconhecidos, mas com trabalhos muito interessantes, tanto concursos como obras concluídas. Ao lado, vimos outros com coisas pequenas e sem grande significado, mas com uma projecção brutal. O que mais claramente retenho desse ciclo foi o desfasamento entre o real significado dos trabalhos e a sua projecção.

TC: O “nome” não correspondia ao trabalho que estavam a mostrar. Existe muito a ideia de “vamos montar o autor”, “vamos fazer um autor e vamos vendê-lo.” Não é algo que nos preocupe. Parece que hoje, para podermos continuar a ser arquitectos, temos de deixar de o ser — temos de ser marketeers, temos de nos saber vender. Nós temos ainda esse optimismo de acharmos que basta apenas sermos arquitectos.

FG: Se calhar, não basta.


Neste contexto, o vosso site [www.atelierdabouca.eu] encaixa bem no vosso perfil.

FG: É o site possível. Fizemos uma troca directa com os R2 design — nós fazemos a casa deles e eles fazem o nosso site. A casa está feita, o site ainda não. [risos] Mas a culpa é nossa. O nosso projecto de site era o de uma linha de tempo em que nós veríamos as coisas todas a cruzarem-se. Cada obra não estaria isolada, ou seja, ao escolher o nome de um projecto, ir-se-ia vendo o que está antes e o que está depois.

TC: Gostávamos de mostrar como é que esta casa se cruza com aquela escola, com aquela viagem. Essencialmente, o nosso site deveria reflectir isso, mais do que o lado imagético das nossas obras. Na verdade, as nossas obras não são fotogénicas. Como é óbvio, têm partes fotogénicas, mas não têm aquele ponto pré-definido para tirar fotografias.


Sim, sem contudo o vosso trabalho deixar de ter uma certa sensibilidade poética, como podemos constatar na fotografia do projecto de Corno de Bico ali exposta e que enquadra aqueles pilares soltos.

FG: Não pensamos os projectos a partir ou com o objectivo de construir imagens. Raramente esse aspecto faz parte das nossas premissas. Neste caso, desenhámos o volume principal do edifício assente em pilares com uma matriz aparentemente tão aleatória quanto a implantação das árvores da envolvente. Mas o edifício era muito mais que o próprio volume e daí os pilares terem de extravasá-lo, vindo até à praça buscar as pessoas. No final, aqueles pilares surpreenderam-nos. Como são muito altos, quando lhes tocamos, conseguimos abaná-los, o que é uma situação muito estranha.

TC: Claro que o engenheiro não deve achar muita graça. [risos] Mas nós gostamos muito da textura deles, foram mal vibrados e têm aquela rugosidade da casca dos pinheiros.


Em jeito de remate final, quais serão, no vosso entender, as grandes responsabilidades da arquitectura?

TC: Fico orgulhoso de, por vezes, nos chamarem moralistas, quando dizemos “deverias fazer isto” ou “deverias conter a tua artisticidade em prol do bem comum”. Dizermos isto, neste momento, é arriscado — ainda posso ser considerado um perigoso conservador. Mas agrada-me isso, agrada-me que as pessoas me considerem um furioso moralista e depois, quando me conhecem, vêem que eu não sou totalmente assim. Há toda uma ética inerente ao nosso trabalho de arquitecto. Todas as coisas que desenhamos são, de alguma forma, castradoras, têm consequências, não só ao nível do bonito ou do feio ou do mais ou menos confortável. Quando desenhamos, estamos a ser políticos e quando não se tem consciência disso, quando se acha que isso não é importante, é-se ingénuo.

FG: E não é só ser-se ingénuo, é estar a deixar de fora uma parte importante do que é fazer arquitectura e da função que a arquitectura deve ter e que é interessante explorar. O nosso trabalho poderá garantir, dessa forma, uma maior validade ou legitimidade, para além do ponto estritamente artístico ou técnico. Acho que podemos ter lado a lado, sem pudor, a questão social, a questão técnica e a questão artística.

TC: E podemos falhar.

FG: Podemos sempre, as pessoas nunca usam a arquitectura como nós a pensamos.

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Atelier da Bouça – Filipa Guerreiro e Tiago Correia
Atelier de arquitectura fundado em 2006 por Filipa Guerreiro e Tiago Correia, ambos arquitectos pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (2000). Entre 1999 e 2000, Filipa colaborou com Álvaro Siza e, em 2001, com José Paulo dos Santos. Entre 1999 e 2001, Tiago colaborou com João Álvaro Rocha. Em 2001, fundaram o Laboratório de Arquitectura (labft), com Bruno Figueiredo. Foram ambos monitores convidados de projecto II na FAUP, entre 1999 e 2002. Filipa é assistente de Projecto I na FAUP, desde 2006, e responsável pelo Pelouro da Comunicação da Ordem dos Arquitectos – Secção Regional Norte (entre 2005 e 2007, foi responsável pelo pelouro da Cultura com Luis Tavares Pereira e Teresa Novais).


Pedro Baía
Editor de Arquitectura da Artecapital, desde 2008. Arquitecto pelo Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra (2005) onde desenvolve actualmente tese de Doutoramento na área de Teoria e História da Arquitectura.

João Crisóstomo
Formado pelo Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra (2009) e bolseiro Erasmus na TUDelft (Holanda) em 2006/2007. Foi director da revista NU, entre 2007 e 2008. Colabora no escritório Pedra Líquida, desde 2008.


NOTAS

(1) Entrevista realizada a 28 de Março de 2010, por Pedro Baía e João Crisóstomo, no Atelier da Bouça, Porto.

(2) “Discursos (Re)visitados” foi um ciclo comissariado por Jorge Figueira, organizado pela Ordem dos Arquitectos – Secção Regional Norte, em parceria com a FAUP, e que teve lugar no Cinema Passos Manuel, no Porto, entre Fevereiro e Abril de 2010. Este ciclo repôs em vídeo as conferências de 1990 “Discursos sobre Arquitectura” que reuniram à data um conjunto notável de arquitectos e críticos internacionais na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.

(3) arq/a 75|76, “Geração Z #1”, Novembro-Dezembro 2009.

(4) “Jovens arquitectos em Portugal: Road to Wonderland” foi um ciclo de conferências, debates e apresentações de arquitectos portugueses organizado pelo Pelouro da Cultura da Ordem dos Arquitectos – Secção Regional Norte e que teve lugar no Cinema Passos Manuel, no Porto, entre Junho e Outubro de 2007. [www.tinyurl.com/38aq4xn]