Links

ENTREVISTA


Annette Messager


Montagem da instalação "La Ballade de Pinocchio à Beaubourg", 2007. Instalação. Dimensões variáveis. © Foto: Jean-Claude Planchet. © Adagp


Montagem da instalação "La Ballade de Pinocchio à Beaubourg", 2007. Instalação. Dimensões variáveis. © Foto: Jean-Claude Planchet. © Adagp


Annette Messager, "Futile", 2006. 140 x 150 cm Colecção da artista. © Annette Messager. © Adagp


Annette Messager, "articulés-désarticulés", 2002. Detalhes. Instalação. 560 cm de altura x 1500 x 1400 cm. Colecção Musée national d’art moderne, centre Pompidou. © foto : André Morin. © Adagp


Annette Messager, "articulés-désarticulés", 2002. Detalhes. Instalação. 560 cm de altura x 1500 x 1400 cm. Colecção Musée national d’art moderne, centre Pompidou. © foto : André Morin. © Adagp


Annette Messager, "Rumeur", 2000-2004. 100 x 235 x 43 cm. Colecção Marin Karmitz, Paris. © Foto : Marc Domage. © Adagp

Outras entrevistas:

LUÍS ALVES DE MATOS E PEDRO SOUSA



PAULO LISBOA



CATARINA LEITÃO



JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA



FÁTIMA RODRIGO



JENS RISCH



ISABEL CORDOVIL



FRANCISCA ALMEIDA E VERA MENEZES



RÄ DI MARTINO



NATXO CHECA



TERESA AREGA



UMBRAL — ooOoOoooOoOooOo



ANA RITO



TALES FREY



FÁTIMA MOTA



INÊS MENDES LEAL



LUÍS CASTRO



LUÍSA FERREIRA



JOÃO PIMENTA GOMES



PEDRO SENNA NUNES



SUZY BILA



INEZ TEIXEIRA



ABDIAS NASCIMENTO E O MUSEU DE ARTE NEGRA



CRISTIANO MANGOVO



HELENA FALCÃO CARNEIRO



DIOGO LANÇA BRANCO



FERNANDO AGUIAR



JOANA RIBEIRO



O STAND



CRISTINA ATAÍDE



DANIEL V. MELIM _ Parte II



DANIEL V. MELIM _ Parte I



RITA FERREIRA



CLÁUDIA MADEIRA



PEDRO BARREIRO



DORI NIGRO



ANTÓNIO OLAIO



MANOEL BARBOSA



MARIANA BRANDÃO



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO E SANDRA VIEIRA JÜRGENS



INÊS BRITES



JOÃO LEONARDO



LUÍS CASTANHEIRA LOUREIRO



MAFALDA MIRANDA JACINTO



PROJECTO PARALAXE: LUÍSA ABREU, CAROLINA GRILO SANTOS, DIANA GEIROTO GONÇALVES



PATRÍCIA LINO



JOANA APARÍCIO TEJO



RAÚL MIRANDA



RACHEL KORMAN



MÓNICA ÁLVAREZ CAREAGA



FERNANDA BRENNER



JOÃO GABRIEL



RUI HORTA PEREIRA



JOHN AKOMFRAH



NUNO CERA



NUNO CENTENO



MEIKE HARTELUST



LUÍSA JACINTO



VERA CORTÊS



ANTÓNIO BARROS



MIGUEL GARCIA



VASCO ARAÚJO



CARLOS ANTUNES



XANA



PEDRO NEVES MARQUES



MAX HOOPER SCHNEIDER



BEATRIZ ALBUQUERQUE



VIRGINIA TORRENTE, JACOBO CASTELLANO E NOÉ SENDAS



PENELOPE CURTIS



EUGÉNIA MUSSA E CRISTIANA TEJO



RUI CHAFES



PAULO RIBEIRO



KERRY JAMES MARSHALL



CÍNTIA GIL



NOÉ SENDAS



FELIX MULA



ALEX KATZ



PEDRO TUDELA



SANDRO RESENDE



ANA JOTTA



ROSELEE GOLDBERG



MARTA MESTRE



NICOLAS BOURRIAUD



SOLANGE FARKAS



JOÃO FERREIRA



POGO TEATRO



JOSÉ BARRIAS



JORGE MOLDER



RUI POÇAS



JACK HALBERSTAM



JORGE GASPAR e ANA MARIN



GIULIANA BRUNO



IRINA POPOVA



CAMILLE MORINEAU



MIGUEL WANDSCHNEIDER



ÂNGELA M. FERREIRA



BRIAN GRIFFIN



DELFIM SARDO



ÂNGELA FERREIRA



PEDRO CABRAL SANTO



CARLA OLIVEIRA



NUNO FARIA



EUGENIO LOPEZ



JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA



ISABEL CARLOS



TEIXEIRA COELHO



PEDRO COSTA



AUGUSTO CANEDO - BIENAL DE CERVEIRA



LUCAS CIMINO, GALERISTA



NEVILLE D’ALMEIDA



MICHAEL PETRY - Diretor do MOCA London



PAULO HERKENHOFF



CHUS MARTÍNEZ



MASSIMILIANO GIONI



MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA ::: MÓDULO - CENTRO DIFUSOR DE ARTE



ANTON VIDOKLE



TOBI MAIER



ELIZABETH DE PORTZAMPARC



DOCLISBOA’ 12



PEDRO LAPA



CUAUHTÉMOC MEDINA



ANNA RAMOS (RÀDIO WEB MACBA)



CATARINA MARTINS



NICOLAS GALLEY



GABRIELA VAZ-PINHEIRO



BARTOMEU MARÍ



MARTINE ROBIN - Château de Servières



BABETTE MANGOLTE
Entrevista de Luciana Fina



RUI PRATA - Encontros da Imagem



BETTINA FUNCKE, editora de 100 NOTES – 100 THOUGHTS / dOCUMENTA (13)



JOSÉ ROCA - 8ª Bienal do Mercosul



LUÍS SILVA - Kunsthalle Lissabon



GERARDO MOSQUERA - PHotoEspaña



GIULIETTA SPERANZA



RUTH ADDISON



BÁRBARA COUTINHO



CARLOS URROZ



SUSANA GOMES DA SILVA



CAROLYN CHRISTOV-BAKARGIEV



HELENA BARRANHA



MARTA GILI



MOACIR DOS ANJOS



HELENA DE FREITAS



JOSÉ MAIA



CHRISTINE BUCI-GLUCKSMANN



ALOÑA INTXAURRANDIETA



TIAGO HESPANHA



TINY DOMINGOS



DAVID SANTOS



EDUARDO GARCÍA NIETO



VALERIE KABOV



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO



PAULO REIS



GERARDO MOSQUERA



EUGENE TAN



PAULO CUNHA E SILVA



NICOLAS BOURRIAUD



JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DIAS



PEDRO GADANHO



GABRIEL ABRANTES



HU FANG



IVO MESQUITA



ANTHONY HUBERMAN



MAGDA DANYSZ



SÉRGIO MAH



ANDREW HOWARD



ALEXANDRE POMAR



CATHERINE MILLET



JOÃO PINHARANDA



LISETTE LAGNADO



NATASA PETRESIN



PABLO LEÓN DE LA BARRA



ESRA SARIGEDIK



FERNANDO ALVIM



RAQUEL HENRIQUES DA SILVA



JEAN-FRANÇOIS CHOUGNET



MARC-OLIVIER WAHLER



JORGE DIAS



GEORG SCHÖLLHAMMER



JOÃO RIBAS



LUÍS SERPA



JOSÉ AMARAL LOPES



LUÍS SÁRAGGA LEAL



ANTOINE DE GALBERT



JORGE MOLDER



MANUEL J. BORJA-VILLEL



MIGUEL VON HAFE PÉREZ



JOÃO RENDEIRO



MARGARIDA VEIGA




ANNETTE MESSAGER


Annette Messager é uma das figuras mais interessantes da cena artística internacional e ocupa um lugar privilegiado entre os artistas franceses. Representou a França na Bienal de Veneza de 2005, onde obteve o Leão de Ouro, e neste momento o Centre Pompidou dedica-lhe uma importante exposição que decorre até 17 de Setembro na capital francesa. Publicamos aqui uma entrevista exclusiva com a artista.

Por Teresa Castro, em Paris
Paris, 16 de Junho de 2007


P: A propósito da exposição que decorre actualmente no Centre Pompidou tem dito que não desejava uma retrospectiva e o Centro anuncia-a como o “panorama” da sua obra. O que quis fazer?

R: As retrospectivas são cronológicas, e aqui, pelo contrário, as peças coabitam umas com as outras: quando penetramos no espaço da exposição deparamos de imediato com uma peça muito antiga e com outra que nunca saiu do meu atelier, é a primeira vez que a mostro. Queria que tudo se misturasse, porque acho que no meu trabalho tudo se misturou sempre: desenhos, bordados, fotografia, recortes... Quis insistir sobre esse aspecto.



P: O Centre Pompidou colocou à sua disposição o espaço do Fórum, para o qual criou uma magnífica instalação “La Ballade de Pinocchio à Beaubourg”. Pode falar-nos um pouco dessa obra e da sua génese ? Como pensou a relação da peça com esse espaço – que pessoalmente me recorda uma estação de comboios?

R: Sim, é verdade, há algo de uma gare nesse espaço, mas de uma gare lúdica, com todos estes canos coloridos e as pessoas sem saberem bem para onde se dirigir, etc... Havia ali um espaço com muita altura: em geral, queixo-me sempre de não ter nos museus altura suficiente para os meus trabalhos, e aqui, finalmente, isso existia. O que quis foi fazer com as coisas caíssem nesse vazio.



P: Alguns dos seus trabalhos têm títulos como “dependência/independência”, “articulados/desarticulados”, “cheios/vazios”. É uma questão de dois termos contraditórios ou de dualismo, com a coexistência de dois princípios?

R: De contradições. Gosto muito de contradições, como as que existem entre o desenho e a fotografia. Por exemplo, na minha peça “Articules / Desarticulés”, quando a obra se articula, também se desarticula e se desdobra ao mesmo tempo. A ideia de dois elementos contraditórios agrada-me muito e está sempre presente no desenrolar do meu trabalho e na forma mesmo como trabalho: passo da alegria à tristeza, falo de “rir até às lágrimas”, ou de “chorar de rir”. Gosto muito desse aspecto de oposição.



P: Os seus trabalhos implicam frequentemente o que eu designaria por um ponto de vista “flutuante”: olhar a partir de baixo, de cima, através de alguma coisa... É uma escolha deliberada?

R: Sim, gosto muito dessa ideia de ponto de vista flutuante, é bonita, mesmo se não saiba se o ponto de vista flutue realmente ... Na verdade, o que eu queria, por exemplo com “La Ballade de Pinocchio à Beaubourg”, era criar pontos de vista completamente diferentes e, mais uma vez, opostos: queria que se olhasse para o chão, que se olhasse para o alto, que se olhasse através de alguma coisa, é disso que gosto. Tentei mesmo fazer com que uma das peças, “Le Tapeur”, saísse do espaço da exposição e pudesse ser vista a partir do exterior.



P: O universo da infância está muito presente na sua obra, habitada por bonecos de peluche, personagens imaginários, monstros e outras “criaturas”. A suposta “crueldade” de algumas das suas peças só faz sentido num mundo de adultos. Que pensa disso?

R: Sim, sim, estou de acordo consigo, não está a fazer-me uma pergunta, mas a dar-me uma reposta. Para as crianças, os bonecos de peluche são um objecto de transição e tudo o que tem a ver com a relação delas com os pais, com o que não lhes querem contar e tudo o que se relaciona com os seus segredos, ou com as batalhas que travam, tudo o isso o fazem ou sozinhos ou com os seus brinquedos, como os bonecos de peluche.



P: A presença da figura maternal na sua obra está ligada a este universo infantil?

R: Não me coloco a questão dessa forma: ou é a relação mãe-filho que me perturba, ou a relação homem-mulher, ou mesmo a relação pássaro-animal-humano, ou as relações com os nossos vizinhos. No fundo, é a relação com o “outro” que me interessa.



P: O seu trabalho é muito feminino, sem ser feminista no sentido militante anglo-saxónico, e é frequentemente citada em antologias de “arte feminista”. Qual a sua relação com esta dimensão abertamente politica do seu trabalho?

R: Precisamente, sou francesa e pertenço a uma tradição francesa: quando bordo duzentos provérbios machistas não é, obviamente, para os sancionar, mas também não quero enunciar claramente o problema. As pessoas têm de fazer o seu próprio julgamento. Nesse sentido acredito que sou feminista, mas nunca o diria dessa forma.



P: Em que mudou o meio artístico desde as suas primeiras exposições nos anos setenta?

R: Mudou muito, hoje em dia há muitas mulheres artistas, e não era nada assim quando eu comecei. Sim, há muitas mulheres, sobretudo em França, bem como artistas de todas as origens e nacionalidades: nesse sentido, o meio alargou-se bastante. O que é menos positivo é que actualmente o fulcro da questão é o dinheiro. Quando eu comecei a trabalhar, o dinheiro não era a prioridade dos jovens artistas, pelo menos não era disso que falavam na imprensa. Hoje fala-se muito de dinheiro, o que me parece negativo. O alargamento é positivo, mas a mercantilização é, actualmente, negativa.



P: Ainda a propósito disso, é também professora numa escola de arte. Como é o seu trabalho de docente?

R: Converso muito com os meus alunos: é sobretudo isso que me interessa...



P: Conhece um pouco a cena artística portuguesa?

R: Gostava muito de ir a Portugal. Sei que não é um sonho muito difícil de realizar, mas cada vez que as coisas se proporcionam, alguma coisa acontece e acabo sempre por nunca ir. É muito estranho... Houve mesmo uma fundação que tentou comprar uma das minhas peças, mas a venda acabou por não se concretizar. No que dia em que conseguir ir finalmente a Portugal, ficarei muito contente.



P: Menciona frequentemente Fernando Pessoa ...

R: Sim, sim. A última frase do catálogo é uma frase de Fernando Pessoa [um excerto de Autopsicografia : E assim nas calhas de roda /Gira, a entreter a razão, /Esse comboio de corda /Que se chama o coração]. É uma das minhas paixões, o que me dá ainda mais vontade de ir a Portugal ...



Centre Pompidou
www.centrepompidou.fr