Links

O ESTADO DA ARTE


Oficina - Teatro do Oprimido em Paris (1975). Cortesia: Acervo Cedoc/Funarte.


«O corpo a corpo do domingo». MAM-RJ, 29 de agosto, 1971. Fotografia: Autor anónimo. Arquivo Frederico Morais.


«O corpo a corpo do domingo». MAM-RJ, 29 de agosto, 1971. Fotografia: Autor anónimo. Arquivo Frederico Morais.


«Arena conta Zumbi». Texto e encenação por Augusto Boal (c. 1965). Fotografia: Derly Marques. Cortesia: Acervo Cedoc/Funarte.


Eichbauer e estudantes numa aula sobre Mondrian nos jardins da EAV Parque Lage. Fotografia: Betty Pereira. Cortesia: Acervo Helio Eichbauer


Estudantes, painéis e trajes nas aulas de Eichbauer na Escola de Belas Artes da UFRJ. Cortesia Acervo Helio Eichbauer.


Domingos da Criação: Domingo de papel (1971). Fotografia: Autor anónimo. Cortesia: Acervo Pesquisa e Documentação MAM Rio.


Domingos da Criação: Domingo de papel (1971). Fotografia: Autor anónimo. Cortesia: Acervo Pesquisa e Documentação MAM Rio.

Outros artigos:

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL

ALEJANDRA VILLASMIL

2022-10-07




 

 

Este segundo texto como Arquivista de LA ESCUELA____ tem como foco a revisão dos escritos publicados até agora no seu Campus virtual dedicado às práticas de arte e educação desenvolvidas de forma visionária e experimental no Brasil durante as décadas de 60 e 70, um período marcado pelo golpe de Estado de 1964 e pelo Acto Institucional nº 5 (AI-5) de 1968, documento com o qual o Poder Executivo assume o controlo do país, passando a intervir nas instâncias de competência do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.

É neste ambiente tirânico e sombrio de abolição dos direitos civis onde a arte participativa, a acção artístico-pedagógica e outras metodologias empíricas e intuitivas de activação da consciência social surgem como poderosos instrumentos de libertação e reivindicação num grupo de artistas, educadores, sociólogos e críticos.

Uma boa introdução a estas práticas transversais encontra-se no texto Leer el mundo antes de la palabra: legados postneoconcretos y pedagogías decoloniales, da curadora e educadora radicada no Rio de Janeiro, Jessica Gogan. O seu mapeamento para LA ESCUELA___ explora intervenções em arte/educação que, de forma paralela e com orientações epistemológicas similares, se desenvolvem naquela época no Brasil, partindo da investigação-acção participativa do sociólogo Orlando Fals Borda, que foi pioneira nos anos 60 ao inverter os modelos hierárquicos relacionais para propor uma dinâmica horizontal dirigida ao "sentipensar” e à aprendizagem recíproca.

Essa capacidade de afectar e ser afectado materializou-se nesse período numa praxis activa de encontro e escuta que vinculava e respondia às pessoas, contextos e situações. Um paradigma de leitura do mundo introduzido pela 'pedagogia como fazer político’ de Paulo Freire que Lygia Clark abraçaria na sua obra seminal Caminhando (1963), em que a artista convida à experimentação em grupo e ao deslocamento inovador da arte como objeto em direcção à acção. Paralelamente, Lygia Pape e Hélio Oiticica romperam com os marcos institucionais (o cubo branco) para se lançarem ao espaço público com os seus Delírios ambulatórios, acções que concebiam a arte como processo e experiência.

“Para artistas como Oiticica, Pape e Clark, o aqui e agora concreto do mundo era uma tela viva na qual a criação poderia propor uma consciência consciente de ser/fazer/experimentar dentro da arte”, escreve Gogan.

Nesse meio político e socialmente convulsivo, brota simultaneamente uma inclinação para o popular e o quotidiano, tanto dentro das práticas artísticas emergentes como nas pedagogias decoloniais da época, expressa de forma clara e contundente nos Parangolés (1964) de Oiticica, um artista interessado na arte experimental e participativa como forma de "libertar" o indivíduo. “De forma radical”, escreve Gogan, “o artista transforma uma experiência contemplativa individual numa experiência participativa coletiva de vestir e olhar”.

Dentro da ditadura e da censura no Brasil em meados dos anos 60, a arte como “exercício experimental da liberdade” proposto pelo crítico Mário Pedrosa demonstrou ser primordial, como também o era a conexão com os outros. Segundo Gogan, “criar contextos para a experimentação, a comunidade e a conectividade converteu-se num salvamento comunitário e artístico vital”.

Foi assim como, em 1971, em plena ditadura militar e no calor da experimentação artística, foram realizados no MAM Rio seis happenings participativos chamados Domingos da Criação, idealizados pelo crítico e comissário Frederico Morais à maneira de eventos que propunham a arte como uma “actividade”. Os Domingos da Criação eram “uma forma de reeducação sensorial das massas com uma crítica marxista à noção burguesa de espairecimento dominical. Contra a noção de ócio = não actividade, Morais adoptou o conceito de “crelazer” de Hélio Oiticica, um neologismo do artista [crer = 'acreditar' e lazer = ‘ócio’: ‘acreditar no ócio’] que defende o lazer criativo".

O ensaio de Jessica Gogan termina com uma citação de Freire ainda vigente em qualquer latitude: “A educação é simultaneamente um acto de conhecimento, uma arte política e um evento artístico”.

 

 

O TEATRO DO OPRIMIDO

No seu mapeamento, Gogan também menciona o dramaturgo e activista brasileiro Augusto Boal e o seu Teatro do Oprimido (TO), experiência vital e agitadora na qual mergulha a artista, escritora e investigadora Cristina Ribas no seu ensaio para LA ESCUELA___ intitulado La Estética del Oprimido: memoria política y pedagogía de un laboratorio poético.

O Teatro do Oprimido é um método desenvolvido por Boal (Rio de Janeiro, 1931-2009) nos anos 60 - em parte inspirado na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire -, e que até aos anos 80 se ergue como uma forma estética de crítica do Estado, das instituições e da sociedade de classes imposta pelo capitalismo.

Como laboratório estético e político capaz de incidir na realidade, o TO transmuta o público de passivo a activo, isto é, num “participante” com voz e ingerência no que é representado em cena. “Os espectadores tornam-se espect-actores" (...) Trata-se, portanto, de um teatro que é a sua própria escola (...), que tensiona a realidade e a representação, e que se apresenta como uma ferramenta urgente num presente que exige movimentos transformadores”.

Este método de acção artístico-política, que deixou um legado no Brasil e se estendeu por todo o mundo como uma poderosa ferramenta de transformação social, foi precursor ao questionar as diferentes formas de exploração, extractivismo e colonialismo e inaugurar a investigação da opressão como forma de resistência.

“Para investigar as opressões, investe-se na agitação das energias corporais, políticas, psíquicas e expressivas daqueles que estão reunidos, de tal forma que um guião ou uma cena se construam. Esta inversão de energia colectiva inaugura uma reinvenção do teatro”, escreve Ribas.

Cria-se, assim, um teatro que responde às urgências do momento: racismo, xenofobia, etnofobia e sua canalização através do poder do Estado. Um teatro atento ao seu contexto político-social, capaz de reelaborar e intervir — e não apenas reproduzir — narrativas do teatro clássico internacional.

E, no constante questionamento do teatro como instituição, o TO acreditava que era necessário desmontar as narrativas épicas e seus heróis grandiloquentes, colocando como protagonistas pessoas comuns, do âmbito “popular”, com as quais se identificar. Colectivizar a narrativa e o uso de não-actores (ou actores não profissionais) estava no coração da agência política da sua metodologia.

“Por conseguinte [escreve Ribas] faz sentido que a investigação sobre as opressões seja realizada pelos próprios actores sociais, 'actores das suas vidas', e não por outros, actuando diretamente contra a hierarquia que marca as posições tradicionais, mesmo nos espaços mais progressistas – a separação entre quem pensa e quem é pensado, quem tem e quem não tem controlo sobre a sua própria vida –. No entanto, não se procura uma mimesis da vida, nem uma cópia da vida, mas elaborar a vida e a cultura através de si mesmas por meio do teatro”.

 

 

OFICINA DO CORPO

Sobre o teatro experimental/pedagógico no Brasil, escreve também a investigadora, professora e arquitecta Débora Oelsner Lopes no seu ensaio Trabajar el cuerpo y estudiar como formas de combate, centrando-se no trabalho do cenógrafo Helio Eichbauer (Rio de Janeiro, 1941 – 2018), conhecido como um dos principais renovadores do teatro brasileiro moderno. A sua prática teatral também se diferenciava por se afastar dos convencionalismos da época.

“Eichbauer era um professor da modernidade. Na sua obra convergiam vida e aula, quer dizer, ele mesmo estava imerso na investigação poética; procurava dar vazão à sua força criativa de forma horizontal com a aula, diferenciando-se apenas por ser o professor das actividades conjuntas. Finalmente, a sua actividade docente é caracterizada pela interdisciplinaridade, na qual estiveram presentes a música, a literatura e as artes visuais”, escreve a autora.

Na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, em meados dos anos 70, Eichbauer apresentou a “Oficina do Corpo”, posteriormente rebatizada como Oficina Pluridimensional, bem como as conferências-espectáculo, actuações ou happenings onde o professor e alguns alunos representavam papéis e personagens relacionados com uma temática definida.

A expressão corporal – por ser uma forma artística mais abstracta e, portanto, menos restringida pela ditadura militar – foi o caminho encontrado por Eichbauer para dar continuidade à sua força criativa durante a difícil década de 1970.

 

 

LYGIA PAPE, PROFESSORA

No ensaio Lygia Pape, profesora: prácticas pedagógicas como prácticas artísticas, da escritora e investigadora Michelle Farias Sommer, emerge novamente Lygia Pape (Rio de Janeiro, 1927-2004) como figura central das práticas pedagógicas radicais no contexto histórico que analisa este texto.

A sua actividade docente, desenvolvida entre finais de 1960 e os anos 90 em instituições museológicas e académicas brasileiras, foi permeada por experiências de participação, colaboração e acção colectiva. Os modos de criação conjunta, o 'radical', 'experimental', 'ambivalente' e 'livre', estiveram no centro do seu visionário método de convergência entre a prática artística e a prática pedagógica.

Pape participou na primeira sessão dos Domingos da Criação mencionados anteriormente, e imaginou as 'anti-aulas' como um antídoto contra o convencionalismo académico. “Definindo-se a si mesma como 'intrinsecamente anarquista', as suas práticas pedagógicas seguem a mesma direcção: reivindicavam uma liberdade sem restrições para a criação e se basearam num 'descondicionamento' do ensino em direcção à entrada de 'estados de invenção'».

Dos textos revisados do Campus LA ESCUELA___, depreende-se que a incidência política do/da artista-educador/a pode encontrar-se no seu papel como mediador entre acção e “receptor” (ou 'ex-espectador'), ou seja, quando este/a se assume como participante activo/a e consciente da sua realidade, capaz de aplanar as tradicionais distinções hierárquicas entre educador/a e educando e, finalmente, criar comunidade. É nestas práticas transversais e horizontais que têm em conta o "receptor final", não como sujeito a ser leccionado, mas como actor convidado a uma mudança de paradigma mediante o empoderamento colectivo, onde reside o carácter verdadeiramente transformador das experiências no Brasil de há mais de meio século. Um legado que definitivamente impactou as actuais dinâmicas de luta pela reparação do frágil tecido socio-cultural do nosso Sul Global.

 

 

 

Alejandra Villasmil
Nasceu em Maracaibo (Venezuela) em 1972. É Directora e Fundadora da Artishock. Licenciada em Comunicação Social, menção audiovisual, pela Universidad Católica Andrés Bello (Caracas, Venezuela, 1994), com formação livre em arte contemporânea (teoria e prática) em escolas de Nova Iorque (1997-2007). Em Nova York, trabalhou como correspondente sénior da revista Arte al Día International (2004-2007) e como correspondente de Cultura da agência de notícias espanhola EFE (2002-2007). No Chile, foi responsável pela imprensa e divulgação do Museu de Artes Visuais (MAVI), da Galeria Gabriela Mistral, da Galeria Moro e da Bienal de Video y Artes Mediales.

 

 

 

:::

 

Este artigo foi originalmente publicado na revista Artishock (Chile) com quem a Artecapital desenvolve uma colaboração com o objectivo de aproximar os leitores portugueses de temas da América Latina e viceversa.