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PINTURA ROUBADA REGRESSA À IGREJA DÉCADAS APÓS O FURTO2025-11-12A 9 de novembro, mais de mil pessoas reuniram-se na Igreja de São Francisco de Assis, em Teotihuacán, cidade situada a 40 quilómetros a nordeste da Cidade do México. Não se tratava de uma missa dominical comum. Tinham comparecido para testemunhar o regresso da pintura que dá nome à igreja, roubada quase um quarto de século antes. Durante mais de 250 anos, a pintura de grandes dimensões de São Francisco de Assis esteve exposta na igreja. Em 2001, desapareceu. O seu regresso foi o resultado de uma verificação realizada pela Morton Subastas, uma leiloeira mexicana. Em 2018, a pintura foi consignada à Morton Subastas, mas após o envio do seu catálogo de pré-venda para a Art Loss Register, empresa que detém a maior base de dados privada do mundo sobre obras de arte roubadas, desaparecidas e saqueadas, a obra foi sinalizada. O lote foi retirado do leilão e o processo de recuperação foi iniciado junto da igreja enquanto a obra ainda estava à guarda da leiloeira. No entanto, o consignador interpôs uma ação judicial contra o negociante a quem tinha comprado a pintura, o que resultou na apreensão da obra pelas autoridades e no seu selamento durante sete anos. O processo judicial foi encerrado no início deste ano, permitindo à Art Loss Register e à Morton Subastas devolver a pintura a Teotihuacán. “É muito raro vermos a obra recuperada pessoalmente, in situ, e a cerimónia foi uma experiência profundamente emocionante, com muitas lágrimas de alegria”, disse Charlotte Chambers-Farah, gestora de clientes da Art Loss Register que trabalhou na recuperação, por e-mail. “Esta não foi apenas a recuperação de uma obra de arte física — marcou o regresso de um objeto profundamente essencial para a sua fé.” A Morton Subastas, que suportou todos os custos associados à restituição e cedência da obra, afirmou em comunicado que uma das suas prioridades é “salvaguardar o património artístico do país”. A pintura retrata São Francisco a vaguear por uma paisagem rochosa e desolada. As suas mãos e o pé visível exibem os estigmas, e transporta uma cruz e uma caveira. Os pormenores fazem referência ao relato do seu mês de contemplação em 1224 no Monte La Verna, na Toscânia, após o qual emergiu com marcas correspondentes às feridas da crucificação de Cristo — as marcas dos pregos e a ferida da lança do centurião romano. Um cordeiro ao seu lado observa-o com saudade enquanto se afasta de um globo azul, que simboliza São Francisco a abandonar a vida mundana. No canto inferior esquerdo da pintura, encontra-se uma dedicatória a Dom Gregorio Juan, presidente da Câmara da cidade em 1747. “A recuperação da nossa pintura tem um significado inexplicável para a fé da população local e recupera parte da história da comunidade de Teotihuacán”, afirmou o padre da igreja, Teodoro García Romero, em comunicado. “Durante duas décadas tememos que este tesouro se pudesse perder para sempre. O seu regresso é um momento de entusiasmo e fé para a nossa igreja e cidade, pois sabemos que este será um momento histórico na vida da comunidade”. Fonte: Artnet News |














