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ENZO MARI (1932–2020)

2020-10-20




O designer italiano Enzo Mari morreu ontem aos oitenta e oito anos, no hospital San Raffale de Milão. Uma figura emblemática e radical no mundo do design, Mari era conhecido tanto pelo seu temperamento volátil quanto pelos seus objetos elegantes e funcionais, que incluíam móveis, cerâmicas, utensílios de cozinha e jogos para grandes marcas como Alessi, Danese, Magis e Zanotta.

Filho de um artesão de Navara, Itália, Mari abandonou o ensino médio e a faculdade, e após alguns anos sem estudar, em 1952, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Brera, onde estudou pintura e escultura antes de se dedicar a cenografia. Começou a desenhar objetos de forma consistente no final dos anos 1950; entre suas criações mais conhecidas dessa época está o puzzle de madeira de 16 animais que projetou para Danese em 1957. No ano seguinte criou a bandeja Putrella a partir de uma viga industrial de metal bruto dobrada. Como muitos dos objetos que projetou nos sessenta anos seguintes, tornaram-se objetos ainda hoje em produção.

Nunca se limitando às restrições de um único campo de criação, na década de 1960 Mari alinhou-se com a Arte Programmata, ou movimento italiano de arte cinética, e publicou um livro infantil sem texto, The Apple and the Butterfly. Em 1976, ele contribuiu para a Bienal de Veneza com um gigantesco puzzle de mármore em forma de martelo e foice, uma obra em linha com o seu compromisso vitalício com o marxismo.

Continuou a inovar ao longo do século XX e no século XXI, notavelmente com a cadeira Delfina de 1974 para Driade e a cadeira Tonietta de 1985 para Zanotta, as quais lhe renderam o prestigioso prémio italiano de design Compasso d'Oro e seu icónico espremedor em forma de ponto de exclamação de 1999 para a Alessi, um objeto relativamente acessível que se encontra em cozinhas por todo o mundo.

A acessibilidade era uma preocupação constante para Mari, um marxista de longa data cujo principal interesse consistia em criar objetos elegantes e funcionais a partir de materiais de baixo custo.

Cerca de 250 dos projetos de Mari são hoje objeto de uma exposição, com curadoria de Hans Ulrich Obrist e de Francesca Giacomelli, que inaugurou na sexta-feira, 17 de outubro, na Trienal de Milão. As obras ficam expostas até 18 de abril de 2021; Mari doou o seu arquivo e espólio à cidade de Milão, com a condição de que este não fosse exibido por um período de quarenta anos, fazendo da presente exposição uma oportunidade única.

Fonte: Artforum