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7.ª EDIÇÃO DO QUEER PORTO ARRANCA HOJE

2021-10-12




A 7.ª edição do Queer Porto – Festival Internacional de Cinema Queer está de regresso de 12 a 16 de Outubro ao Teatro Rivoli, palco das três secções competitivas do festival, estendendo-se por outros espaços da cidade, como a Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, a Faculdade de Belas-Artes, o Maus Hábitos e mala voadora.

Para além de retomar uma programação que inclui atividades como masterclasses e performances, haverá uma nova secção competitiva em parceria com a Reitoria da Universidade do Porto, o Prémio Casa Comum, dedicado exclusivamente ao cinema queer português. A sessão de abertura ficará a cargo de Bo McGuire e da sua mais recente longa-metragem Socks on Fire, uma carta de amor cinematográfica de um neto para uma avó, que tem como pano de fundo a luta entre uma tia homofóbica e um tio drag queen por uma propriedade. Na Noite de Encerramento teremos Au coeur du bois, de Claus Drexel, passado no Bois de Boulogne, e que foca nas trabalhadores de sexo que compõem a mitologia desse espaço. 
 
Outro destaque do Queer Porto 7 é a presença da realizadora alemã, Monika Treut, nome incontornável do novo cinema queer na Europa desde a década de 80, que vem apresentar o seu recente Genderation, um documentário que, passados mais de 30 anos, olha para os protagonistas do seu clássico Gendernauts, de 1986, também incluído na programação da presente edição, do festival e que será seguido de uma masterclass com a realizadora. 
 
Tal como em Lisboa, o Queer Focus irá ter uma componente de debates após o visionamento dos filmes, trazendo para a Reitoria da Universidade do Porto The City Was Ours. Radical Feminism in the Seventies, de Netty van Hoorn, seguido de conversa com Ana Luísa Amaral, poeta, professora jubilada, pioneira dos estudos feministas e dos estudos queer na FLUP; e Cured, de Patrick Sammon e Bennett Singer, juntando-se ao debate Jorge Gato, psicólogo clínico e docente da FPCEUP, e Mia de Seixas, representante da Rede Ex-Aequo Porto. Ausente no programa lisboeta, exibido numa sessão especial no Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, chega-nos Famille tu me hais, de Gaël Morel, um retrato de um conjunto de jovens expulsos de casa devido à sua orientação sexual, e acolhidos pela associação Le Refuge. O documentário é seguido de uma conversa com Telmo Fernandes, sociólogo, representante da ILGA Portugal, e Paula Allen, psicóloga e diretora técnica do Centro Gis.
 
Na Competição Oficial destaque para Tiempos de Deseo, documentário da portuense Raquel Marques, quem, num exigente e subtil treino de intimidade, acompanha a gravidez da ex-companheira; La mif, de Fred Baillif, Melhor Filme na Generation da última Berlinale, uma incursão a uma casa de acolhimento de raparigas menores que expõe as feridas de um sistema de tutela no limite; e Deus tem AIDS, de Gustavo Vinagre e Fábio Leal, composto por um mosaico de gestos, provocações e testemunhos de artistas soropositivos brasileiros. O júri será composto pela cineasta e programadora Amarante Abramovici, pelo encenador e programador da RTP Daniel Gorjão e pela artista larose.s.larose.
 
Partilhando o mesmo júri, a Competição In My Shorts do Queer Porto recebeu mais submissões de filmes portugueses de escola que em qualquer dos anos anteriores, com forte presença da Escola Superior de Teatro e Cinema e da Universidade da Beira Interior. Da primeira chega-nos Buganvílias, de Diana Filipa, filme que liberta ansiedades através de metáforas fluorescentes, enquanto a segunda se encontra representada por Rúben Sevivas com Sobrevoo, meta-comentário e conquista de um outro filme que estava condenado a não ser feito, e por Sibelle Lobo com Mais que Sangue, exercício poético que nos transporta para o universo dos rituais.
 
A nova competição dedicada ao cinema português, Prémio Casa Comum, vem abrir espaço a um olhar mais atento à forma como o nosso cinema tem abordado a questão queer em anos recentes, sem esquecer uma necessária releitura da história. É esse o trabalho delicado que Tiago Resende faz em Películas, ao ler uma carta a Luís Miguel Nava, o poeta de Viseu, terra de onde é natural o realizador. Também André Murraças resgata a história, ao recuperar um conto de António José da Silva Pinto, em O Berloque Vermelho. Já Paulo Patrício lembra-nos essa outra figura, a de Gisberta, justamente evocada em cinema, teatro e literatura, a que este O Teu Nome É acrescenta algo de muito novo. O programa completa-se com mais seis curtas-metragens.
 
O colectivo PROMETEU volta a estar presente nesta 7ª edição. Num ano ainda atípico, juntam-se assim esforços para habitar o espaço dos Maus Hábitos durante a semana do festival, através de uma programação que procura novas formas de voltar a humanizar o encontro.
 
E Dinis Machado apresenta na mala voadora o seu mais recente trabalho, Yellow Puzzle Horse. Com música original de Odete a performance é “uma dança numa floresta construída para um vestido feito em casa”; uma paisagem que nos transporta ao processo de origem deste trabalho e onde a matéria se transforma através do movimento, da luz, do que se ouve, do próprio corpo.


FONTE: Queer Porto