Links

OPINIÃO


[vii] JMW Turner, Waves Breaking on a Lee Shore, 1840.


[viii] Édouard Manet, Olympia, 1862.


[ix] Ticiano, Vénus de Urbino, 1538.


[x] Mark Rothko, Black on Maroon, 1958.

Outros artigos:

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. UMA HISTÓRIA DA ARTE (PARTE 3 DE 4)



FILIPE PINTO

2013-11-28




PERSPECTIVA E EXTRUSÃO
Uma História da Arte
(parte 3 de 4)





EMERGÊNCIA E SUPERFÍCIE



Superfície

A fotografia, ao flutuar sobre a superfície plana e íntegra do papel fotográfico, anula-o, fá-lo desaparecer, faz precisamente desaparecer a própria superfície, escavando-a, neste caso em forma de paisagem. Ora, aquela junção das duas folhas de papel fotográfico desneutralizam a superfície; quer dizer, se a fotografia tem por regra neutralizar a superfície – torná-la neutra, invisível, impotente, inexistente –, Wall, ao escolher situar aquela junção dos papéis no céu limpo, expõe-na, elimina a ilusão e ilumina a própria superfície que a fotografia precisamente é. A superfície de uma imagem (uma pintura, uma fotografia) é então uma pele colorida que se anula, que camufla a superfície; camuflagem é o acto de interpor uma imagem entre um corpo e um observador, como aquela do camaleão, que tanto para a defesa como para o ataque, tanto para comer como para não ser comido, tenta não interromper o fundo, que é o que, por definição, uma figura normalmente faz [14].

Este corte no céu funciona como a superfície de um rio saudável e lento – a água quase quieta tanto espelha como permite o fundo; profundidade e superfície.

Uma imagem que anula a superfície – trata-se de uma ideia poderosa, daí ser tão desejada pelas estratégias militares. A invisibilidade como um poder – exactamente o contrário do que acontece com as coisas sociais. Invisível como um espelho – “fui para o quarto de banho com o sobretudo vestido e fiquei a olhar mais para o espelho do que para mim próprio.” [15]. O espelho é invisível e impenetrável; carece também de memória; o espelho é incapaz de reter qualquer presente que passe pela sua superfície escorregadia; igualmente, não lhe é possível qualquer anúncio de futuro; tudo o que é no espelho é agora.

Como se anula uma superfície? Transparência, brilho, reflexo (no espelho, num vidro), camuflagem – quatro irmãos de sangue da superfície (ou quatro adversários), quatro formas de a interditar e invisibilizar; (por exemplo, as nuvens aderem aos vidros dos carros – transparência, brilho, reflexo, camuflagem); a transparência não deixa o olhar repousar, o brilho encandeia – o brilho é a forma de a luz se colar à superfície de determinados materiais –, o reflexo e a camuflagem transformam uma superfície em imagem, travestem-na. O reflexo transforma a superfície numa imagem do que está para cá, a camuflagem numa imagem do que está para lá.


Três fórmulas sobre questões superficiais:
Visível + Penetrável = Transparência ou Paisagem
Invisível + Impenetrável = Reflexo ou Camuflagem
Visível + Impenetrável = Brilho ou Tatuagem
(e, como veremos, esta é a fórmula que há-de corresponder à arte abstracta).



A preocupação de Jeff Wall em desiludir a imagem através da (sobre)exposição do papel fotográfico vem no seguimento de uma reconhecível preocupação crítica com a superfície, nomeadamente, na pintura.

Até meados do século XIX, a arte não se queria fazer ver como pura materialidade; a pintura não se queria fazer ver apenas como tinta, mas sim como representação; representação entendida como exposição de coisas e espaço para lá da superfície da tela – profundidade e perspectiva.

Se o primeiro movimento da arte, durante séculos e séculos, foi o da escavação, para longe da superfície, quer dizer, para longe de nós – da vida e mundo reais –, dá-se entretanto uma inversão, e as coisas da arte começam a aproximar-se dessa superfície; começam a tornar-se superficiais – após séculos a suster a respiração, séculos de mergulho em apneia, a emergência finalmente.

“No rio, alguém mergulhou pela primeira vez naquele ano, e quando a cabeça emergiu de novo ao ar e ao sol, sentiu nas narinas, a sensação de saúde e de um adiamento transitório.” [16]

Superfície provém do latim super (por cima de) e facies (face); superfície é a face, o rosto, de alguma coisa – o que é visível, isto é, o que está em contacto com o ar; superficies é a tradução latina do grego chroma (cor), embora já tenha significado pele, a cor da pele mais exactamente. Superfície tem então esta ligação original (radical) à cor; quando falamos das cores das coisas, falamos da cor da superfície das coisas (a única excepção serão os materiais transparentes e aquele objecto único e invisível que é o espelho). Ora, que outra coisa será a pintura senão uma superfície colorida, uma pele – chroma?

São reconhecíveis alguns estádios no desenho desta inversão no caminho da arte, inversão que se poderia denominar por opacidade em contraposição à transparência das imagens profundas.

A superfície da pintura, por exemplo, foi-se turvando à medida que se aproximava da superfície: algumas obras de Turner, que de tão difusas se aproximam do abstracionismo, isto é, da pura camada de cor – da superfície; outras pinturas de Monet, dos nenúfares à Impressão Sol Nascente, até ao artista que tantas vezes é designado como um dos inventores da modernidade, Manet, que muitas vezes usava espessas (e bem visíveis) camadas de tinta, como que para evidenciar a matéria de que é constituída uma pintura – a tinta antes de mais, uma pele colorida por cima do tecido inócuo da tela [vii].

Este movimento de emergência torna-se claro numa pintura específica e profusamente comentada – a Olympia, de Manet, de 1863, exposta no Salão de Paris dois anos mais tarde, com o escândalo necessário a qualquer obra determinante. Olympia é uma cortesã, uma prostituta, nua, deitada numa cama [viii].

“Na década de 1860 era já um dado adquirido que as mulheres desse género, dantes confinadas às margens da sociedade, haviam progressivamente usurpado o centro das coisas e pareciam moldar a cidade à sua imagem. Daí que os traços que definiam ‘a prostituta’ fossem perdendo qualquer clareza que outrora tivessem, à medida que se esbatia a diferença entre o centro e a margem da ordem social” [17].

Ora, como se percebe, acontece também aqui uma deslocação – a prostituta deixa o bas-fond, as profundidades escuras dos limites da cidade, para, também ela, aparecer à luz da superfície, visível e vidente, quer dizer, que é vista e que vê; há, por assim dizer, uma horizontalização dos assuntos do sexo, do dinheiro, do desejo, de quem paga e de quem oferece, à luz dos candeeiros da cidade.

Manet baseia a Olympia na Vénus de Urbino, de Ticiano, muito provavelmente porque supôs que aquela pintura renascentista seria familiar ao público parisiense [18], embora esse facto acabasse por ser ignorado na recepção crítica da época, por desconhecimento ou desinteresse. Mas ainda que essa relação fosse percebida, o que se mostra na Olympia de Manet é bem diferente da obra de Ticiano; o que se vê na pintura de Manet é um nu e não uma representação, isto é, Olympia é um corpo que se oferece e não uma representação de uma deusa qualquer; trata-se de um particular, ao contrário do comum universal. Este factor determina a diferença entre os olhares de Olympia e da Vénus de Urbino ou de incontáveis outros casos em que a protagonista nos olha [ix].

Olympia olha-nos; mas o que interessa aqui não é tanto o facto (metafórico) de sermos descobertos a perscrutar um corpo nu, de nos sentirmos vulneráveis perante uma putativa decisão de aceitar ou não os serviços de uma cortesã; o que aqui interessa, nesta subida à superfície das coisas da arte, é que Manet, nesta pintura deste corpo, naquele olhar desafiador e desavergonhado, pressupõe um espaço para cá da tela; quer dizer, a pintura Olympia reconhece um mundo para lá do seu, para cá da superfície. Nesta perspectiva, Olympia pensa no espaço do espectador, ou, foi pintada a pensar no espaço do espectador, que é o espaço que existe fora do seu mundo. Já não interessa apenas a figura e o fundo, os supostos gestos e adereços, já não interessa apenas o espaço para onde se abre aquela janela de que falávamos no início deste texto. O olhar de Olympia não se dirige aos olhos do artista enquanto a pintava, nem se fica pela superfície iludida da tela – Olympia procura-nos, com os olhos fixos, neste lado do mundo; ou, Olympia procura fixamente alguém em quem por fim repousar o olhar.

O olhar de Olympia não vê realmente, mas dá no entanto a entender que reconhece o espaço do espectador, e por isso mesmo, evidencia um claro desejo de superfície, tentando mesmo trespassá-la – o olhar directo ao espaço do espectador parece ter sido a forma encontrada por Manet de transpor a superfície murada da tela. A Olympia de Manet pode ser entendida como um dos primeiros momentos em que a arte tentou transbordar de si própria para as coisas da vida.

Profundidade → Olympia → Mundo



“Nas fotografias pornográficas, é cada vez mais comum que os sujeitos representados, por intermédio de um calculado estratagema, olhem para a objectiva, ostentando a sua consciência de estarem expostos ao olhar. Este gesto inesperado desmente violentamente a ilusão que está implícita no consumo de tais imagens, segundo a qual aquele que as olha surpreende os actores sem ser visto: os actores, provocando conscientemente o olhar, obrigam o voyeur a olhá-los nos olhos. Nesse instante, o carácter não substancial do rosto humano dá-se bruscamente a ver. O facto de os actores olharem para a objectiva significa que dão a ver que estão simulando; e apesar disso, paradoxalmente, na justa medida em que denunciam a falsificação, parecem mais verdadeiros. O mesmo procedimento é hoje adoptado pela publicidade: a imagem parece mais convincente se ostentar abertamente a sua própria ilusão.” [19].

Com este movimento, Olympia deixou de representar aquela janela tradicional da pintura – como acontecia com a paisagem, para onde olhávamos de dentro para um fora – para se tornar numa espécie de montra, para onde olhamos de fora para um dentro. Ali já não interessa a profundidade da pintura, mas, ao contrário, o seu alcance (para cá da superfície).

No desejo de superfície da arte, já pressentido no olhar de Olympia, existiu um momento crítico, uma paragem; essa paragem à superfície deu-se com o aparecimento da arte abstracta. Começou na segunda década do século XX, com a obra de Kandinsky, Mondrian, e acima de tudo com Malevitch, e teve o seu auge na obra crítica de Clement Greenberg acompanhando o trabalho de Jackson Pollock, Barnett Newman e Rothko, entre outros.

A história da arte abstracta é a história de uma emancipação; emancipação da arte em relação às coisas do mundo; a arte deixa de ser referente, deixa de se referir a algo exterior a si; (abstracção quer dizer, afinal, abolição da imagem nas camadas possíveis da pintura); com a abstracção, a arte quer valer-se por si própria, autonomizar-se; a arte abstracta resulta de um impulso orgulhoso. Não deixa de ser irónico que neste movimento em direcção à vida e mundo reais, a arte, ao passar real e criticamente pelo problema da superfície, se tenha fechado sobre si própria [x].

Pintura e profundidade, um matrimónio; é a abstracção que vai causar o divórcio desta ligação quase congénita. É a abstracção que finalmente vai embaciar a transparência da pintura profunda; quer dizer, a abstracção faz à pintura o que o embaciamento produz no vidro – o vidro, dispositivo para ver através, torna-se ele próprio obstáculo porque subitamente visível.

Em meados do século XX, a questão da superfície da arte, nomeadamente na pintura, tinha um nome muito preciso – a planura da tela, flatness, a característica específica da pintura. Em 1960, Clement Greenberg fazia uma espécie de diagnóstico no texto Modernist Painting – “[a] essência do Modernismo assenta no uso de métodos característicos de cada disciplina para criticar essa própria disciplina, não para a subverter, mas para a limitar mais firmemente na sua área de competência. (…) As limitações que constituem o medium da pintura – a superfície plana, a forma do suporte, as propriedades do pigmento – foram consideradas pelos antigos mestres como factores negativos.” O Modernismo, ao contrário, passou a encarar estas mesmas limitações como campo fértil e único de trabalho e investigação. Em vez de ocultarem a tinta e a superfície através de uma imagem (de uma representação), estes artistas, passaram a reconhecê-los abertamente; de contingência e limitação, a superfície e a tinta passaram a ser o verdadeiro fulcro do trabalho. O Modernismo usou a arte para chamar a atenção para a própria arte [20].

Trabalhando apenas a partir desta especificidade, cada forma de arte tornar-se-ia ‘pura’, embora a demanda por uma qualquer pureza se tenha sempre tornado muito problemática, não faltando à história da arte, da religião, da política, da humanidade, exemplos do perigo que uma loucura deste género pode desencadear; (no entanto, na ressalva ao texto Modernist Painting, escrita já em 1978, Greenberg afirmava que as palavras pureza (purity) e pura (pure), apareciam sempre entre aspas, isto é, não representariam a sua opinião própria, mas apenas um comentário, um diagnóstico, uma possibilidade.).

É certo que algumas práticas artísticas nunca deixaram as profundezas de que falámos acima, ainda que não ignorem a superfície – a vida e mundo reais ficam fora do atelier; o mesmo acontece com aquelas que ainda percorrem a superfície interminável das coisas artísticas. No entanto, o que nos interessa aqui são as propostas que se tentam afastar definitivamente deste ambiente, que tentam emergir para cá da superfície – como aqueles seres primordiais dos quais provimos, que nos deram origem, que deixaram o elemento aquático e se renderam à transparência atmosférica, e se aventuraram pela primeira vez e em definitivo pelos terrenos secos, até experimentarem a segurança essencial da savana.

Após deixarem a segurança das árvores, aqueles seres hominídeos puderam experimentar o chão e libertar finalmente os membros superiores rumo à evolução definitiva. (Quando as crianças sobem às árvores talvez recordem sem notar aquele estádio primordial da evolução – o reconhecimento de um passado que não lembram mas que, de alguma maneira, lhes é próprio; não uma subida mas um retorno momentâneo.) Tal só foi possível quando se transferiram para o espaço amplo da savana, porque esta oferecia a segurança de um vasto horizonte, onde a possível ameaça seria detectada suficientemente longe, permitindo assim a fuga ou o abrigo sobreviventes [21]. A savana, também ela uma superfície plana.


Filipe Pinto

[o autor escreve de acordo com a antiga ortografia]

::::

Notas

[14] J. A. Bragança de Miranda, Corpo e Imagem. Lisboa: Nova Vega, 2008, p. 7.

[15] Peter Handke, Um Breve Carta para um Longo Adeus. Lisboa: Difel, s.d., p. 1.

[16] Peter Handke, A Tarde de um Escritor. Lisboa: Editorial Presença, 1988, p. 41.

[17] T. J. Clark, The Painting of Modern Life. Princeton: Princeton University Press, 1984, p. 79.

[18] Theodore Reff, Manet: Olympia. London: Penguin Books, 1976, p. 48.

[19] Giorgio Agamben, “The Face”, in Means Without Ends. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2000, pp. 93-94.

[20] Clement Greenberg, “Modernist Painting”, in Art in Theory 1900-1990, ed. Charles Harrison and Paul Wood. Oxford: Blackwell, 1996, pp. 754-760.

[21] Peter Sloterdijk, “Inspiration” in Ephemera, Volume 9 Number 3, London, 2009, p. 244.