O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.
FERNANDO BRITO
JOGO
GIEFARTE - GALERIA DE ARTE
Rua da Arrábida, 54 BC
1250-034 LISBOA
02 FEV - 08 MAR 2016
INAUGURAÇÃO: 2 de Fevereiro, 18h
"o nome nomeia (arranca ao nada).
o nome jogo nomeia um sistema de regras.
nas acepções que aqui assumem, o nome arte nomeia um jogo moderno que usa coisas enquanto diferenciais e enquanto mercadorias, o nome artista nomeia um jogador de arte (como curador, galerista, crítico nomeiam outros), o nome obra nomeia o uso de uma coisa numa jogada de arte, o nome modernismo nomeia genericamente a confusão filosófica entre coisa (a bola do jogo, a mercadoria que o artista vende) e obra (a jogada).
a imagem existe desde as cavernas. a arte nasce com o epistema moderno (a ideia de arte antiga é uma confusão moderna).
não se entende a arte a partir de nenhuma obra (de nenhum sistema de obras), entende-se qualquer obra (qualquer sistema de obras) a partir da ideia de arte enquanto jogo (de obra enquanto jogada). nenhuma obra é única (nenhuma obra é a primeira). cada obra é só uma janela para cada outra (o ponto de onde o momento do jogo se dá a ver como de nenhum outro). fora do jogo, no espaço infinito da condição humana (kosuth), não há obras de arte, há imagens.
aquilo que (décadas depois de roue de bicyclette) greenberg ainda concebe a continuar um passado imaginário, quer caber no engano de que a arte se joga na configuração. não joga. joga-se, precisamente, antes e depois: é a luta pelo poder de impôr, a montante da configuração o que é correcto configurar, a jusante da configuração o correcto uso do configurado (a questão moderna é sempre só impôr).
duchamp já não é cubismo (já não é paris) e ainda não é a melancolia da grande narrativa do fim das grandes narrativas (ainda não é a legitimação pela performatividade). ainda não estuda art. estuda física (estuda poincaré: o conhecimento objectivo não é possível; as leis que descrevem o comportamento da matéria são fabricadas; a ciência não chega a factos, descobre relações). o que nos deixa de útil não são os labirintos em que se perde (como nós nos nossos), é a sentença de morte do modernismo numa ideia essencial: uma obra de arte não é uma coisa de certo tipo, é jogo artístico com uma coisa de qualquer tipo.
o readymade ensina isto: ou por um operário (numa fábrica) ou pelo artista (no atelier) a coisa com que se faz a jogada aparece feita: no jogo da arte, um desenho é um readymade, uma pintura é um readymade, uma escultura é um readymade: a arte joga-se com readymades (não quer falar sobre o mundo, quer ser mundo a falar).
o que aí vem (ou já chegou) é outra ordem: a afirmação do terceiro mundo (a globalização do art world) complica drasticamente a direccionalidade das influências no jogo. o erro ocidental (colonial, filosófico, estético) já lá vai. os deste tempo são outros (vão ser cada vez menos os nossos). o jogo e o nome (arte) vão ficar (fizeram-se negócios da china): são legado moderno ao futuro."