COLECTIVA
Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa
ARQUIVO:
O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.
PIRES VIEIRA
Pintura - considerações e legitimidades com algum 'lixo de artista' (2) à mistura
MUSEU DO NEO-REALISMO
Rua Alves Redol, nº 45
2600-099 VILA FRANCA DE XIRA
04 NOV - 17 MAR 2024
INAUGURAÇÃO: 4 novembro 2023, 16h00, no Museu do Neo-Realismo
Pintura - considerações e legitimidades com algum 'lixo de artista' (2) à mistura Pires Vieira
Curadoria: David Santos
Iniciada em 1969, a obra de Pires Vieira tem vindo a desenvolver um processo de investigação que, em retrospetiva, representa seguramente um dos mais coerentes percursos da arte portuguesa das últimas cinco décadas.
Ao partir de um registo de matriz abstrata para questionar os valores da bidimensionalidade e da objetualidade da pintura no seu aparato expositivo, inclusive explorando o domínio da instalação, o artista elabora um exercício de profundo questionamento sobre as possibilidades contemporâneas da prática pictórica, influenciado inicialmente pelo grupo francês supports-surfaces ou pela abstração norte-americana shaped canvas, não deixando de encontrar paralelo noutras experiências marcantes da abstração moderna e pós-moderna, de Matisse a Ad Reinhardt e Barnett Newman, de Malevitch e Rodchenko a Mark Rothko, ou de Brice Marden a Allan McCollum, assim como na dimensão espacial e efémera do minimalismo e do pós-minimalismo, estabelecendo ligações com a obra de artistas como Donald Judd, Robert Smithson, Yves Klein, Bruce Nauman, Joseph Kosuth ou On Kawara, revelando ao longo de todos estes anos uma orientação de grande rigor e idiossincrasia.
Nos últimos vinte e cinco anos, a linguagem verbal e o seu cruzamento (num jogo de ocultação-revelação) com a pintura (estilisticamente reinterpretada em torno da fase final da obra de Claude Monet e de outros referentes autorais de raiz impressionista, pós-impressionista e abstrata), impõem-se como linha de trabalho que obsessivamente vem interrogando a visualidade da pintura no plano da sua objetualidade transformada pelas palavras, os seus signos linguísticos e as opacidades na sua leitura cruzada com as formas significantes da mancha pictórica. Esse plano de análise entre palavra e imagem conduz-nos assim a uma aproximação com a dinâmica de consciencialização crítica, política e social em parte associada à herança cultural neorrealista.