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ARTECAPITAL RECOMENDA



'Já nem sei se são pedras, fragmentos de estátuas ou restos de corpos', 2023. Guache sobre papel. © Carlos Campos / Cortesia Clube de Desenho


'Mulher visionária e Visões', 2022. Óleo sobre papel. © Carlos Campos / Cortesia Clube de Desenho


'Estratégias do pensamento: arquivo pessoal', 2009 - 2024. Imagens resgatadas a livros, fotografias, desenhos e textos. © Carlos Campos / Cortesia Clube de Desenho


'Estratégias do pensamento: arquivo pessoal', 2009 - 2024 (pormenor). © Carlos Campos / Cortesia Clube de Desenho

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ARQUIVO:

O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.

 


IRENE LOUREIRO

Inferno do Inverno




CLUBE DE DESENHO
Rua da Alegria 970
4000-040 PORTO

27 JAN - 02 MAR 2024


INAUGURAÇÃO: sábado, 27 de Janeiro, entre as 18h e as 21h no Clube de Desenho, Porto

A exposição estará patente até 2 de Março e poderá ser visitada de quarta a sexta das 14h30 às 19h e sábados das 10h30 às 13h e das 14h30 às 18h.



Inferno do Inverno
de Irene Loureiro


A exposição reúne parte de um arquivo de imagens da artista, e várias pinturas a óleo e a guache, que em certos casos se poderiam designar como desenhos com cor. Estas representações, de execução relativamente rápida e em cores saturadas, abrem-se à exploração poética pontuada pelo humor: surgem-nos personagens incompletas - esburacadas, entaladas, desfiguradas -, pedras que insinuam figuras humanas, sínteses abstratas, vegetação que brota de rochedos e fragmentos que se confundem com partes do corpo humano. No seu conjunto, evocam o estado de transcendência do sujeito pela transfiguração das personagens, mas também o estado da autora no impulso do fazer e no devir da pintura, próprios ao ato de criação.

Parte das imagens de arquivo aqui apresentadas, foi resgatada a publicações de história da arte, entre as quais se documentam fragmentos de estátuas partidas da antiguidade clássica, mas também se incluem imagens relativas a memórias de viagens e temas avulsos, tais como montanhas e formações rochosas. É a partir delas que a autora elabora, por meios gráficos e pictóricos, reconfigurações sucessivas dos temas e das suas relações de significado.

Os desenhos ou pinturas vão revelando associações e analogias entre assuntos aparentemente dissociados. A reinvenção dos seus significados surge algo orientada pela escrita de caráter diarístico, as citações, os chorrilhos de palavras e derivações fonéticas que afinam ligações com os títulos dos trabalhos. São tentativas de fazer emergir uma interioridade, isto é, revelar das imagens, e através delas, uma latência invisível, uma essência pressentida, mas incircunscritível, uma dimensão psíquica ou filosófica, eventualmente uma condição absurda, impenetrável ou multiplamente interpenetrada…

Esta é uma prática incessante, é um fazer non finito, um fluxo que projeta inúmeros caminhos interpretativos, possibilidades sempre abertas, na medida em que o significado de uma imagem não se fecha em si, não se realiza nem se constrói isoladamente, dentro do seu enquadramento físico exclusivo. Pelo contrário, a indagação dos seus possíveis significados, assim como a exploração das suas aparências, realiza-se a enriquece-se sucessivamente no encontro com outras imagens.

Para além de um impulso de retorno à natureza como desejo de reconciliação, de necessidade de experiência sensorial e preenchimento de um vazio espiritual, a exposição Inferno do Inverno alude, também, para uma convivência do sujeito com a paisagem natural além da contemplação: onde não somos meros burgueses a olhar para as montanhas e a recolher fragmentos como coisa sagrada se tratasse. Escapando a tendências moralizantes, há aqui uma mistura entre romantismo e animismo em que se subentende uma relação entre um norte granítico e os humores de quem nele vive.

No seu conjunto, a exposição resulta enquanto materialização de um imaginário afetivo de dimensões anímicas e psíquicas suscitadas pela contemplação e pela experiência. Em traços gerais, prevalece a relação figurativa com a fragmentação escultórica e a presença das formações rochosas cuja angulosidade exprime, não tanto a sua aparência superficial e ótica, mas a força que impele a partir do seu interior.

Irene Loureiro
Luís Fortunato Lima




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Irene Loureiro (1980) é membro do coletivo artístico PIZZ BUIN fundado em 2005. Individualmente apresentou o seu trabalho na exposição 'Mão que dá, mão que atira' (Galeria da Casa da Imagem, 2014) e em 'On the Road à Procura do Senhor' (Galeria do atelier Cirurgias Urbanas, 2009). Tem desenhos publicados no 'Mapa #16', 'Três Três #7', e em 'Carne e Osso #2'. É mestre em Desenho e Técnicas de Impressão (FBAUP, 2012) e licenciada em Artes Plásticas (ESAD-CR, 2005). Publicou o artigo 'O anterior e interno ao fazer: Desenho a partir de imagens do arquivo pessoal', em 'Fotografia e Arquivo', (CEAA/ESAP, 2015). Colabora com a Casa da Imagem e com o Clube de Desenho. Leciona regularmente Artes Visuais e de momento é docente no IPVC.