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O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.

 


FRANCISCO TROPA

AMO-TE




FUNDAçãO DE SERRALVES
Rua D. João de Castro, 210
4150-417 PORTO

08 NOV - 11 MAI 2025


INAUGURAÇÃO: 7 de Novembro às 19h00 no Museu de Serralves

Comissariada por Ricardo Nicolau



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AMO-TE é a maior exposição monográfica de Francisco Tropa (Lisboa, 1968) alguma vez apresentada. Autor de uma obra complexa, que combina de forma surpreendente um amplo leque de meios (escultura, desenho, performance, gravura, fotografia e filme) e referências (em que se destacam figuras dos mundos antigo e moderno, oriundas da arte, da ciência e da literatura), o artista construiu nos últimos 30 anos um universo muito próprio em que se evidenciam uma série de reflexões alimentadas por diferentes tradições da escultura, da literatura e da mitologia. Estas reflexões centram-se frequentemente em questões metafísicas e temas antropológicos e filosóficos, nomeadamente sobre a natureza, a origem e a finalidade da arte e do ato criativo.

A exposição não pretende ser uma retrospetiva, apesar de se organizar em torno de projetos do artista realizados em cada década do seu percurso, entendidos como momentos fundamentais da sua prática: os “protótipos†maioritariamente produzidos nos anos 1990 e início dos anos 2000, apresentados no mezanino da Biblioteca de Serralves, A Assembleia de Euclides, que o manteve ocupado durante grande parte dos anos 2000 e O Enigma de RM, o seu trabalho mais recente. A exposição deve ser entendida como uma espécie de grande máquina, na qual ao longo do percurso o visitante é sistematicamente confrontado com algumas das preocupações fundamentais do artista, nomeadamente a forma como as obras de arte são legitimadas, percecionadas, analisadas e transmitidas. Deverão ser lidas? Dever-se-á privilegiar o seu caráter supostamente atual, a sua aparência de contemporaneidade? A repetição de formas, o reaparecimento de elementos, a reincidência de determinadas referências (à história da arte – antiga, moderna e contemporânea –, à antiguidade, à mitologia) apelam a que nos interroguemos sobre as noções de originalidade e de criatividade. Francisco Tropa assume que, ao invés de procurar o novo, prefere tirar partido da repetição e da reutilização de elementos de obras antigas. Para o artista, é mais interessante acrescentar informação a um objeto, motivo ou referência com que trabalhe recorrentemente – “só invento algo novo se não puder usar alguma coisa com que já tenha trabalhado; repetir objetos em situações diferentes enriquece-os†–, e explorar associações catalisadas por contextos de apresentação passados. Ao mesmo tempo, a pluralidade de referências garante que cada trabalho seja sempre polifónico, que diga simultaneamente várias coisas diferentes. Intencional e paradoxalmente, esta multiplicidade de possíveis interpretações – este “ruído controladoâ€, como lhe chama Tropa –, pode conduzir a uma incapacidade de esgotar a “leitura†da obra, a uma interpretação assente nas menções mais ou menos inesgotáveis, mais ou menos explícitas, mais ou menos eruditas que arrola e/ou convoca. O objetivo: fazer com que reste ao visitante “simplesmente†ver.

AMO-TE, além de uma máquina potenciadora de ecos, reenvios, ressonâncias e reverberações, é uma mostra que interroga e explora o próprio formato-exposição: porque apresenta projetos que são autênticas exposições dentro da exposição; porque enfatiza a importância dos contextos em que os objetos são apresentados para uma determinada leitura; porque, a começar pelo título, posiciona o visitante no centro de uma experiência da qual é o verdadeiro protagonista. Um adequado complemento à declaração que dá nome à exposição pode bem ser uma frase normalmente associada a amores desesperados, mas que, neste contexto, elucida exemplarmente o papel principal conferido ao espectador: “Sem ti, eu não existo!â€

?MO-TE, organizada pelo Museu de Serralves, é comissariada por Ricardo Nicolau e coordenada por Giovana Gabriel. Esta exposição monográfica é organizada em colaboração com o Nouveau Musée National de Monaco, que apresenta simultaneamente outra vertente da obra de Francisco Tropa.


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Reconhecendo a importância do caráter performativo da prática de Francisco Tropa, as peças A Marca do Seio e O Transe do Ciclista serão ativadas todas as terças-feiras (16h00), quintas-feiras (11h00), sextas-feiras (11h00) e sábados (16h00) durante todo o período da exposição. Além disso, durante o fim-de-semana de 9 e 10 de novembro apresentar-se-á um programa de performances concebido pelo Serviço de Artes Performativas de Serralves em estreita colaboração com o artista que ocupará vários espaços do Museu, nomeadamente o Auditório e o Ãtrio (ver programa completo em baixo). Esta “maratona†de atividades contempla ainda uma conversa na Biblioteca de Serralves (dia 9, pelas 11h) em que Francisco Tropa, Ricardo Nicolau (curador da exposição), Célia Bernasconi (curadora da exposição de Francisco Tropa no Nouveau Musée National de Monaco), Simone Menegoi (ensaísta, intérprete de longa data do trabalho de Francisco Tropa, autor de vários textos para o catálogo da exposição que analisam determinados projetos em profundidade) e Kathleen Campagnolo (responsável pela gestão do arquivo de Francisco Tropa durante a preparação da exposição e pela escrita de textos que descrevem a maioria dos trabalhos que surgem no livro) discutirão a prática do artista, e as perspetivas que terão orientado a conceção das exposições no Porto e no Mónaco.


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PROGRAMA PERFORMANCES


Dia 7 de novembro


De 22h00 às 24h00, Auditório de Serralves: Scripta

De 22h30 às 23h00, Galerias do Museu: A Marca do Seio e O Transe do Ciclista


Dia 9 de novembro

12h30 e 17h00, Ãtrio do Museu: Gigante


Dia 10 de novembro

12h00 e de 15h00 às 19h00, Ãtrio do Museu: Gigante

De 15h00 às 19h00, Auditório do Museu: Scripta


Scripta e Gigante são ativados por Ana Isabel Castro, Sofia Kafol, Paulo Pinto e Dori Nigro.
A Marca do Seio e O Transe do Ciclista são ativados por Cristiana Rocha, Daniela Cruz, Jorge Gonçalves e Guilherme de Sousa.
As performances que acompanham a exposição de Francisco Tropa foram, em diálogo com o artista, programadas e produzidas pelo Serviço de Artes Performativas de Serralves.


“Amo-teâ€, com um círculo em redor do A – referência direta a um dos símbolos anarquistas mais conhecidos –, a palavra inscrita na fachada da Escola Artística António Arroio (Lisboa), é hoje um dos sinónimos mais visíveis de valores em que facilmente (e orgulhosamente) se reveem as comunidades docente e estudantil. Mas nem sempre foi assim: esta inscrição foi originalmente pensada por um grupo de estudantes que, em finais da década de 1970 e início da seguinte, desenvolveu várias atividades paralelas aos programas oficiais da escola. Liderado informalmente por Pedro Vasconcelos (filho do cineasta António Pedro Vasconcelos), o conjunto de estudantes pichou em determinadas paredes do interior da escola a palavra “Amo-teâ€, com o tal A circulado. Além disso, certa noite, Pedro Vasconcelos – que na altura vivia a cinco minutos da António Arroio –, terá pintado a mesma palavra, grafada da mesma forma, na fachada da escola. Esta ação foi acompanhada e documentada por outros dois membros do grupo, Miguel Cavaco e José de Almeida. Consideradas ações ilegais pelo conselho diretivo da escola, que ameaçou os seus autores com medidas disciplinares (ameaças que não terão sido concretizadas graças à intervenção de E.M. Melo e Castro, à época professor no departamento têxtil), as pichagens foram apagadas. Anos mais tarde, o “Amo-te†foi repintado na fachada por um outro aluno. Nessa altura, a escola já não era a mesma, e para isso terá contribuído decisivamente uma iniciativa ímpar no contexto da pedagogia artística nacional: o Atelier Livre (AT.RE.). União do grupo responsável pelos “Amo-te†(e por muitas outras ações dentro e fora da escola) e professores cúmplices da sua vontade de interrogar o currículo oficial da escola – nomeadamente Pedro Morais e António Campos Rosado –, o AT.RE. nasceu da vontade de criar um ensino das artes alternativo em Portugal (no início, muito questionado pela direção da escola).


Francisco Tropa frequentou a António Arroio entre 1983 e 1986, e refere sempre a influência do Atelier Livre, na altura coordenado por Pedro Morais, no seu percurso artístico.