COLECTIVA
Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, Lisboa
ARQUIVO:
O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.
URIEL ORLOW
Memória Colateral
GALERIAS MUNICIPAIS - GALERIA AVENIDA DA ÍNDIA
Av. da Índia, 170
1300-299 LISBOA
25 JAN - 27 ABR 2025
INAUGURAÇÃO: 24 de Janeiro às 18h00 na Galeria Avenida da Índia, Lisboa
Curadoria: Bruno Leitão
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A exposição Memória Colateral de Uriel Orlow propõe uma investigação sobre o conceito de restituição, uma temática que tem explorado ao longo de mais de duas décadas. A restituição vai para além do simples retorno de objetos ou artefactos, afirmando-se como uma responsabilidade coletiva de reintegrar memórias marginalizadas na história. Este conceito ganha expressão em intervenções que recuperam saberes esquecidos e propõem novas formas de narrar eventos históricos. Trata-se de escutar as ressonâncias de narrativas suprimidas no presente e fomentar uma ética de memória e reparação.
Em inglês, o termo “collateral” é frequentemente associado à expressão “collateral damage” (danos colaterais), ampliando a ideia de dano para além do imediato e do visível. Esta interpretação alinha-se com o enfoque de Orlow ao tratar legados de violência e apagamentos insidiosos de sistemas de conhecimento. Ao iluminar eventos que permanecem nas margens das narrativas hegemónicas, Orlow propõe uma reflexão inclusiva de reparação e responsabilidade.
Trabalhando com vídeo, desenho, fotografia, som e instalação, o artista apresenta projetos que atravessam a sua carreira artística e abrangem geografias como Polónia, Guatemala, Nigéria e Lisboa. A zona de Belém, onde decorreu a Exposição do Mundo Português de 1940, constitui um enquadramento carregado de simbolismo, sublinhando as tensões entre o legado colonial e a necessidade de reconfiguração das memórias históricas. No Jardim Botânico Tropical, com a sua xiloteca, Orlow explora questões urgentes para o presente: o que significa restituir à natureza? Estas reflexões articulam a relação entre passados coloniais e a necessidade contemporânea de uma ética de reparação que abranja tanto as comunidades humanas quanto o meio ambiente. Ao longo da exposição, Orlow entrelaça estas geografias e narrativas numa reflexão crítica sobre a memória histórica, destacando a urgência de processos de reconhecimento e responsabilização pelo passado no presente.