COLECTIVAWhen the world is full of noiseESPAçO.ARTE LG dos Carvajaes 7370-047 CAMPO MAIOR 20 SET - 07 DEZ 2025 INAUGURAÇÃO: 20 de setembro, 15h, no espaço.arte, em Campo Maior When the world is full of noise Curadoria de Orlando Franco ARTISTAS Ana Carolina Rodrigues, Ana João Romana, Beatriz Banha, Carlos Lérias, CecÃlia Corujo, Cristina Ferreira Szwarc, Diogo Nogueira, Duarte Amaral Netto, Jorge Lopes, Kamil Kucharzewski, LuÃs Silveirinha, Maria Peixoto Martins, Miguel Marquês, Nuno Gaivoto, Nuno Vicente, Orlando Franco, Ricardo Castro, Rodrigo Bettencourt da Câmara, Sofia Aguiar, Susana Anágua, Tomás Colaço, Tomás Toste, VÃtor Reis, Weronika Kocewiak A exposição 'When the World is Full of Noise', com curadoria de Orlando Franco, apresenta-se no espaço.arte, em Campo Maior, e parte da ideia de que o ruÃdo é inevitável e omnipresente, mas capaz de revelar camadas poéticas e sensÃveis da experiência quotidiana. O público é convidado a percorrer a mostra e a experienciar diferentes intensidades e qualidades do ruÃdo através de obras de pintura, desenho, escultura, fotografia e vÃdeo, de 24 artistas. Entre gestos explosivos e detalhes mÃnimos, a exposição transforma o ruÃdo em experiência e desperta os sentidos e a atenção para o espaço e o tempo que habitamos. ::: When the world is full of noise «What is that noise?» The wind under the door. «What is that noise now? What is the wind doing?» Nothing again nothing. (Eliot, 1999, p. 22) O silêncio nunca é absoluto: nele habitam sons, murmúrios e presenças subtis que revelam a impossibilidade de um silêncio puro. Alain Corbin parte desta premissa e molda-a ao longo da sua viagem literária em torno do silêncio, na obra História do silêncio (2025). Nesta obra, o silêncio é analisado enquanto fenómeno cuja definição se revela impossÃvel de cumprir, pois acaba sempre, paradoxalmente, por se expor na sua incapacidade: está permanentemente ligado à quilo que julgamos ser o seu oposto – o ruÃdo – inevitável, constante e omnipresente. É a partir desta inevitabilidade que surge o tÃtulo da exposição When the world is full of noise, motivado por um comic homónimo publicado na New Yorker (out. 2023), da autoria de Chanel Miller, que, de forma incisiva, mostra como a atenção aos detalhes aparentemente insignificantes do quotidiano pode, através da memória, servir de antÃdoto ao ruÃdo perturbador que nos assola. Na forma inglesa — noise —contém-se uma amplitude semântica extensa, que vai além do barulho: é interferência, excesso, saturação, mas também vibração, matéria poética, energia vital. No contexto desta exposição, noise pode ser lido de duas formas: como constatação de um mundo contemporâneo densamente marcado por estÃmulos incessantes e, muitas vezes, opressores, ou como possibilidade de libertação, quando o ruÃdo deixa de ser carga e se torna melodia, quando o ruÃdo que habita o silêncio se sobrepõe aos demais e abre espaço para uma experiência da atenção e da memória. É nesta dicotomia que se desenha a exposição, como grande explosão visual, onde as obras (pintura, desenho, escultura, vÃdeo e fotografia) revelam a matéria poética do ruÃdo, do silêncio, do espaço ocupado ou abandonado, do barulho do estrondo, das interferências da morte; do murmúrio permanente do corpo, da deslocação do vento numa corrente de ar; assim como do desconforto obsessivo de um sussurro inquietante para o qual não existe resposta. Orlando Franco (Lisboa, agosto de 2025) |















