RAMIRO GUERREIROSCRIPTORIUMGALERIA BELO-GALSTERER Rua Castilho 71 r/c esq 1250-068 LISBOA 16 JAN - 16 JAN 2016 CONVERSA: 16 de Janeiro, 16h Conversa entre o artista Ramiro Guerreiro e a curadora Verónica de Mello, a propósito do projecto SCRIPTORIUM patente neste momento na Galeria Belo-Galsterer. ::: SCRIPTORIUM de Ramiro Guerreiro A obra scriptorium (2015) de Ramiro Guerreiro, bebe de inúmeras referências que marcaram o artista, é um trabalho desenvolvido em vários suportes, que se repete como se de uma cópia de se tratasse, e como se a partir dessa reprodução se alcançasse alguma compreensão ou perdão. O painel de Mario Radice proposto para uma das salas do edifício projectado pelo arquitecto Giuseppe Terragani em Como, até há pouco conhecida por “Casa del Fascio”, despoleta uma procura da ausência. Neste painel exitiria uma imagem de Benito Mussolini, mas poucas são as fotografias que nos dão prova disso, no entanto nos textos de Mario Radice há referências que indicam a sua intenção de mostrar a imagem do Duce italiano. O painel de Radice para a obra projectada por Terragani, tinha como objectivo criar um aparato comunicativo através de uma estética racional, estética esta, que seria estandarte de valores Fascistas. A “Casa del Fascio”, hoje em dia chamada “Palazzo Terragani”, torna-se ao longo das décadas um ícone de arquitectura, onde rumam milhares de arquitectos e estetas em contemplação. É a estatização da política e dos seus ideais através da arte e da arquitectura que provoca em Ramiro Guerreiro a vontade de explorar o conceito desenvolvido por Walter Benjamin em 1936, que por ironia, repetição, procura da ausência e variação do suporte, transforma uma imagem icónica, num exercício, como o nome da obra o indica. Uma obra que nos seus vários suportes nos permite diferentes leituras. Uma crítica e uma irónica. O cadeirão e as cortinas levam-nos a um ambiente decorativo, tentando de uma forma extemporânea e intencional, que o visitante se deixe envolver pela estética, e não questione os princípios que esta última defende. A última vez que estive em Como, foi em Junho de 1999, numa conferência de Enric Miralles, e também eu, nessa visita me deixei seduzir pela “Casa del Fascio” com a sua presença grandiosa na praça do povo. Verónica de Mello ::: Ramiro Guerreiro (Lisboa, 1978). Vive e trabalha em Lisboa. Frequenta o curso de Arquitectura na Universidade do Porto e vem a terminar os seus estudos no programa de Estudos Independentes da Maumaus - escola de artes visuais, em Lisboa. Ramiro expõe regularmente desde meados dos anos 2000. Em 2005 recebe uma Menção Honrosa no prémio EDP novos artistas e expõe também no prémio BES revelação (Casa de Serralves, Porto). Das suas recentes exposições individuais, destacam-se: “Austerity - International Style - Spring/ Summer 2016” (Künstlerhaus Bethanien, Berlim, 2015); “Instructions” (Espaço Arte Tranquilidade, Lisboa, 2013); “Laissez Casser” (Galerie Château de Servières, Marselha, 2013); “Resto” (Pavilhão Branco, Museu da Cidade, Lisboa, 2011); ou ainda “Verdes Anos” (Sala do Cinzeiro 8, Museu da Electricidade, Lisboa, 2009). Realizou, entre outras, as seguintes residências artísticas: Künstlerhaus Bethanien, Berlim (2014/2015), com bolsa da Fundação Gulbenkian; Programa Le Pavillon, Palais de Tokyo, Paris (2009/2010); ou Casa Velázquez, Madrid (2007/2008). |