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JOÃO BENTO VENCEDOR DO LOOPS.LISBOA 2018

2018-11-30




Foi anunciado ontem o grande vencedor da 4.ª edição do LOOPS.LISBOA, exposição que está patente no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC) até ao próximo dia 3 de Fevereiro 2019.

O júri, composto por Emília Tavares (curadora MNAC), Isabel Nogueira (historiadora e crítica de arte contemporânea) e Sandra Lischi (historiadora de arte e directora artística InVideo, Milano) atribuiu o prémio, com o valor monetário de 2000€, a João Bento com o trabalho "Aquela Velha Questão do Som e da Imagem”.

O júri teve a responsabilidade de partilhar uma justificativa para a sua decisão unânime:

“Constitui um inteligente e complexo exercício sobre a arqueologia dos media, em concreto, sobre a histórica noção de panorama que se funde com o conceito cinematográfico de loop. Através de meios rudimentares , o artista constrói uma breve história conceptual e formal sobre a imagem e movimento e a sua natureza perceptiva ao longo da história da cultura visual.”

Além do trabalho vencedor, outras duas produções portuguesas foram seleccionadas, entre 197 candidaturas, para esta edição do Loops.Lisboa: "O Guarani (direita e esquerda)" de Letícia Larín e "Período Azul" de Mané.

O LOOPS.LISBOA é um dos únicos encontros das artes visuais no mundo dedicado exclusivamente à exploração das possibilidades do loop, um modelo essencial para a trajectória da imagem em movimento e para a história da arte que mantém até hoje a sua frescura e relevância.

Até à data, venceram esta competição os trabalhos "O Retrato de Ulisses", de João Cristóvão Leitão (2015), e "Zootrope" de Tiago Rosa-Rosso Carvalhas (2016) e "Delphine Aprisionada" de Ricardo Pinto de Magalhães (2017).

Esta exposição é uma iniciativa do Festival Temps d’Images e vai estar patente no MNAC até ao dia 3 de Fevereiro de 2018.



Trabalhos seleccionados

O Loops.Lisboa, apresentado pelo Festival Temps D’Images Lisboa 2018 e o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC), apresenta na sua quarta edição um conjunto de três obras que, seleccionadas entre 197 candidaturas, que marcadamente possuem o “manual”, o “mecânico”, o “artesanal”, o “simples” ou mesmo o “sujo” enquanto elos de ligação imagética.

"Aquela velha questão do som e da imagem", de João Bento, brinca com o sync audiovisual, sobrepondo camadas de informação visual diante de um plano fixo, para criar um loop-janela de beleza particular, e directamente associado à lógica do pré-cinema.

“Período Azul”, de Mané, delicia-nos com uma combinação entre o papel, a cor azul e algumas obras icónicas da Arte dos séculos XX e XXI para estabelecer um loop conceitual que ultrapassa a imagem per se, construindo um ciclo de inter-relação e permanência.

E “O Guarani (direita e esquerda)”, de Letícia Larín, empurra-nos para um loop formal e semiótico desconcertante, ao retratar o catastrófico momento social e político do Brasil através de camadas de significado sonoros, pictóricos e de simbologia cultural brasileira que se amontoam umas sobre as outras e impedem a indiferença.

O mais fascinante do encontro deste conjunto de obras, entretanto, reside na sua capacidade de ultrapassar a dimensão "analógica" representada por canetas, papéis, tintas, manivelas, fotografias e instrumentos musicais. O que as une, sobretudo, são conceitos mais alargados e atemporais como o desejo pela materialidade, a inteligência do contexto e a busca pelo bom senso diante de um caótico zeitgeist.

Os três trabalhos seleccionados afirmam, de forma muito vincada, a essência filosófica por trás do loop: todas as coisas pertencem a ciclos - sejam eles de beleza, fruição, tributo, crise ou ignorância. Life is a loop. E a Arte possui o dom essencial de demonstrar isso.



Fonte:Temps d'Images