Links

NOTÍCIAS


ARQUIVO:

 


PAULO MENDES DA ROCHA (1928–2021)

2021-05-26




O aclamado arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha morreu no dia 23 de maio com cancro de pulmão em São Paulo aos 92 anos. A notícia foi confirmada pelo seu filho Pedro Mendes da Rocha. Uma figura de destaque na arquitetura internacional, embora a maioria de suas estruturas estejam no Brasil, Paulo Mendes da Rocha era conhecido como o pai do brutalismo brasileiro e pelos seus rigorosos projetos públicos que eram ao mesmo tempo poéticos e socialmente conscientes, normalmente executados em cimento e aço. Era bastante associado à modernização da aparência de São Paulo por meio dos muitos edifícios culturais que projetou para a cidade.

Nascido em Vitória, Espírito Santo, Brasil, em 1928, Mendes da Rocha formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie de São Paulo em 1954 e abriu o seu próprio escritório no ano seguinte. Rapidamente ficou conhecido como participante da chamada Escola Paulista; evitando curvas em favor de estruturas de cimento aparentando blocos, o movimento de vanguarda contou ainda com João Batista Vilanova Artigas, Joaquim Gedes e Oswaldo Bratke como membros.

Em 1958, aos 29 anos, Mendes da Rocha completou uma de suas primeiras e mais conhecidas encomendas, o Paulistano Athletic Club de São Paulo, caracterizado pelo seu distinto formato de disco. Outros grandes projetos na cidade incluem a Capela de São Pedro de 1987, com as suas largas colunas de cimento e arejadas paredes de vidro; o Museu Brasileiro de Escultura de 1988, notável pela enorme viga de cimento elevada que protege a sua praça externa; e o Museu do Estado de São Paulo de 1993, que incorpora extensões austeras de tijolos claros. Com Jorge Caron, Júlio Katinsky e Ruy Otake, ele projetou o Pavilhão Brasileiro em Osaka para a Japan’s Expo '70.

O ensino permaneceu parte integrante da prática de Mendes da Rocha ao longo de grande parte da sua carreira. Em 1961, aceitou o cargo de professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (FAO-USP), onde lecionou até 1969, quando foi expulso pela ditadura militar então no poder. Retornou à FAO-USP em 1980, aposentando-se da escola em 1998. Ganhou o Premio Mies van der Rohe em 2000 e o Premio Pritzker, o maior premio da arquitetura, em 2006; em 2016, ele foi premiado com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza pelo conjunto da sua obra e, no ano seguinte, ganhou a Medalha de Ouro Real do Royal Institute of British Architects. Em setembro do ano passado, doou o seu arquivo de quase 9.000 peças relacionadas a mais de trezentos projetos à Casa de Arquitectura de Portugal.

Fonte: Artforum