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MUSEU NACIONAL DO BRASIL NO RIO DE JANEIRO PEDE DOAÇÕES PARA RECONSTRUIR A SUA COLEÇÃO

2024-05-09




Depois de um incêndio devastador em 2018 ter destruído cerca de 85% do renomado acervo do Museu Nacional do Brasil no Rio de Janeiro, o museu uniu-se a um grande colecionador de fósseis, uma organização sem fins lucrativos sediada no Rio e uma empresa suíça, para lançar um apelo aos colecionadores, entusiastas da ciência e da comunidade cultural para fazerem doações e empréstimos de longo prazo para começar a reconstruir a sua coleção. A instituição de 200 anos, a mais antiga do Brasil, é afiliada à UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O colecionador de fósseis Burkhard Pohl, presidente da empresa suíça Interprospekt Group, espera dar o exemplo com a doação de 1.104 fósseis, entre eles espécies de pterossauros e fósseis de dinossauros descobertos no Brasil, além de tartarugas, insetos, crocodilomorfos e exemplares de plantas. “Estou feliz em doar este acervo ao Museu Nacional/UFRJ, dando continuidade ao legado da minha família de preservação e partilha de tesouros culturais”, disse Pohl. “Como defensor apaixonado das ciências naturais, passei décadas reunindo esta coleção e apoiando pesquisas em todo o mundo. Estou ansioso para ver como esta colaboração enriquece as ofertas do museu e inspira as gerações futuras. Espero que outros se juntem a este importante esforço coletivo para restaurar o acervo de história natural do Brasil.”

A família Pohl-Stroeher coleciona há mais de um século áreas que vão desde fósseis até arte moderna. O próprio Pohl fundou duas instalações doadas à história natural, o Wyoming Dinosaur Center nos EUA e o Museu Paleontológico Sino-Alemão em Liaoning, China.

A doação de Pohl inclui algumas descobertas especialmente significativas. Existem dois fósseis, prováveis ​​​​raptores, que nunca foram descritos na literatura científica, bem como dois crânios de pterossauros não estudados anteriormente e o Tetrapodophis, descrito como possivelmente o fóssil de cobra mais antigo.

Também envolvido no esforço para reconstruir o acervo do museu está o Instituto Inclusartiz do Rio, liderado por Frances Reynolds, que fundou a organização em 1997. O Instituto Inclusartiz descreve a sua missão como promover a integração social, a cultura, a educação e a sustentabilidade por meio da arte. (Reynolds também é membro do conselho de instituições, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova York, a Tate Modern de Londres e o Museu de Arte de São Paulo.)

“Com o Museu Nacional/UFRJ, académicos, estudantes e empresas visionárias, estamos a reconstruir mais do que um prédio – estamos a recriar a memória viva do nosso país”, disse Reynolds. “Reconstruir a história do museu é um ato de responsabilidade de todos nós. O nosso desejo é motivar todos com a mesma paixão que nos move. Damos as boas-vindas a colecionadores, entusiastas da ciência e qualquer pessoa que possua registros, fotografias, vídeos, lembranças ou coleções associadas às coleções do Museu Nacional para se juntarem a nós nesta empreitada.”

Fundado em 1818 como Museu Real, quando o Brasil era governado por Portugal, o museu possuía um acervo de cerca de 20 milhões de artefatos, tornando-o o maior museu de história nacional da América Latina. Era o lar de artefatos egípcios e greco-romanos, bem como de “Luzia”, um esqueleto de 12 mil anos que era o mais antigo das Américas. A instituição também abrigou importantes fósseis de dinossauros e um meteorito encontrado em 1784.

No momento do incêndio, o presidente do Brasil, Michel Temer, classificou a destruição como uma “perda incalculável para o Brasil”. Luiz Duarte, vice-presidente do museu, disse à TV Globo que o incêndio foi “uma catástrofe insuportável. São 200 anos de herança deste país. São 200 anos de memória. São 200 anos de ciência. São 200 anos de cultura, de educação.”

O museu está programado para reabrir em 2026.


Fonte: Artnet News