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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista da exposição. Fotografia: David Gonçalves.


Vista da exposição. Fotografia: David Gonçalves.


Vista da exposição. Fotografia: Luísa Salvador.


Vista da exposição. Fotografia: David Gonçalves.


Vista da exposição. Fotografia: Luísa Salvador.


Vista da exposição. Fotografia: Luísa Salvador.

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ARQUIVO:


DAVID GONÇALVES

A PROVA DAS COISAS QUE NÃO SE VÊEM




ESPAÇO AZ
Travessa da Fábrica dos Pentes nº10
1250-106 Lisboa

07 DEZ - 07 JAN 2017


 
A exposição de David Gonçalves “A prova das coisas que não se vêem”, no Espaço AZ em Lisboa, é a primeira exposição individual do artista. Trata-se de corpo de trabalho consolidado nos últimos dois anos, entre pausas, viagens e balanços. Apresenta um momento específico de uma trajectória determinada por percursos e recursos.

David Gonçalves é um artista em movimento e, como tal, percorre geografias distintas na macro ou micro escala. Já viajou pela América Latina e Índia, mas também pelas múltiplas paisagens de Portugal. Viu o deserto, entrou na floresta, encontrou planícies. No regresso das suas viagens, concentra-se no que recolheu visualmente, no que a memória seleccionou, através do trabalho de estúdio. Quando viajante, foca-se no essencial do que consigo transporta, ao alcance do que pode levar e manusear. É assim que podemos compreender os seus diários gráficos. São exclusivamente papel: dobrados, vincados, rasgados. As pregas são oblíquas e rectas, e são estas que desenham padrões diferentes para cada página e na relação com as outras. São o modo que o artista encontrou de ir trabalhando enquanto se desloca. A portabilidade dos materiais com que cria é uma característica intrínseca aos diários que vemos nesta exposição e que contaminam os restantes trabalhos do artista. David Gonçalves fala das marcas e pregas de uma folha de papel como originadoras de formas. A potencialidade que uma folha de papel com determinados vincos e rasgões pode ter, os diferentes planos geométricos que podem surgir, o frente e o verso como tendo igual importância na composição final. Desloca essa linguagem dos seus diários gráficos para outras escalas, e, portanto, os seus desenhos de maior escala, que são igualmente dobrados, vincados e rasgados, alcançam potencialmente essa mesma dimensão portátil.

A estas formas criadas, por vezes geométricas, por vezes rasgadas, intuitivamente e com escalas diferentes, é acrescida a segunda camada: a grafite. A grafite surge como camada invasiva. Conquista a superfície dos desenhos, contamina as dobras e os vincos, alcança os versos das folhas. As marcas que deixa possibilitam novos desenhos, informais e imprevisíveis. David Gonçalves utilizava primeiramente carvão nos seus diários, pela acessibilidade do material: prolífico em muitos lugares, podia igualmente ser produzido por ele próprio, consoante a vegetação ao seu alcance. O carvão foi, no entanto, lentamente substituído pela grafite. O carvão não tem brilho, ao contrário da grafite. Não reflecte nem expande a envolvente, uma circunstância que se tornou importante ser incorporada. Nestes trabalhos novos, expostos em “A prova das coisas que não se vêem”, com o uso da grafite, encontra-se brilho, polidez, refracção. É um material que traz uma depuração importante para o artista, que, depois de um percurso que passou pela cor, pela mistura cromática, pelos acrílicos e diluentes, encontrou no cinzento a abstracção, o silêncio, o vazio. Se, nos seus diários gráficos, encontramos um exercício de experimentação sobre a dobragem e os planos geométricos, nos seus desenhos compreende-se a depuração que o artista pretende alcançar. Há uso da grafite, opaca e totalitária, mas também a cor emancipada, através do guache e de recortes de fotografias. Estes apontamentos de cor são modos de experimentar o verso dos seus desenhos, de lhes dar uma nova camada, um novo plano de percepção. Como uma epiderme colorida que reveste a derme expansiva da grafite.

“A prova das coisas que não se vêem” é uma exposição que reflecte um momento importante na carreira artística de David Gonçalves. Assume-se, através dos desenhos com características sóbrias e discretas, como um momento de pausa. Um fôlego necessário de ser retomado, antes de continuar o caminho.

 



LUÍSA SALVADOR