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PEDRO CABRITA REISFundaçãoCAM - CENTRO DE ARTE MODERNA Rua Dr. Nicolau de Bettencourt 1050-078 Lisboa 25 JUL - 29 ABR 2007 Até Abril de 2007, “Fundação” ocupará toda a grande sala do piso 0 do CAMJAP. A instalação, de Pedro Cabrita Reis, surge como resposta ao desafio lançado pelo director do CAM, Jorge Molder, também comissário do projecto. “Fundação” integra as comemorações do 50º aniversário da FCG e a sua concretização implica a presença diária do artista no local durante cerca de três meses, uma vez que todo o processo de construção desta instalação de grandes dimensões obedece a uma lógica de work in progress que os visitantes podem acompanhar em tempo real, precisamente na sala onde habitualmente se apresenta a colecção de arte do CAM. Neste processo criativo, Pedro Cabrita Reis resgatará diversos materiais provenientes de anteriores utilizações que, ao longo de tantos e tão intensos anos de actividade, as diversas secções da FCG foram produzindo e acumulando em armazém. O carácter reutilizável desta matéria prima (pedaços de pedra, de madeira, vidros e estruturas metálicas) estabelece uma curiosa ponte entre o que pode ser entendido como um conjunto de fragmentos da memória e da história da FCG e aquilo a que, no presente projecto, Cabrita Reis possibilita uma renovada existência, junto de um mesmo universo de potenciais destinatários (os públicos da FCG), sem que para tal precise o artista de abdicar da sua gramática inventiva. A aposta inicia-se com um conjunto de dados cuja carga simbólica se apresenta à partida de forma marcante, aumentando o risco da intervenção. Por um lado, os que, provindo da própria instituição (o contexto comemorativo e a disponibilização do espaço mais emblemático do CAM, mas também a matéria prima proposta e a abertura pública, em sintonia com a duração real da construção), evocam um passado de um investimento continuado e dedicado ao desenvolvimento das artes, da cultura e da educação. Por outro lado, a entrega a quem, indiscutivelmente, se encontra numa condição de ímpar legitimidade para assumir tal tarefa, mas cujo percurso passado também ali tem um lugar. Pedro Cabrita Reis realizou no CAM uma das suas mais representativas exposições (“Contra a Claridade”, 1994), sendo também o autor de uma das mais enigmáticas esculturas do parque da FCG (“Monumento a Azeredo Perdigão”, 1997). As características de construtor de mundos habitáveis, conquistou-as progressivamente, de exposição em exposição, reforçando-as agora ao partilhar com os visitantes a sua condição de trabalhador - habitante de “Fundação”. Artista e FCG são hoje entidades auto-referenciais no panorama artístico português e o que de testemunho se projecta na presente exposição remete simultaneamente para uma outra conjugação (dos elementos simples de PCR), em devir. Essa permanente tensão entre a memória que se agarra aos objectos e a simplificação material da condição dos mesmos uniformiza o sentido do complexo dispositivo de PCR enquanto instalação de uma e uma só obra de arte. E assim, ao envelhecimento dos estrados de soalho (cuja função permanece inalterada) acresce o valor poético na composição de um novo contexto arquitectónico, da mesma forma que os corredores de estantes metálicas vazias adquirem um cunho escultórico até então inexistente. De resto, “Fundação” dialoga com as potencialidades arquitectónicas do CAM, desenvolvendo-se em extensões contextuais com os elementos locais, quer se trate da luminosidade natural das janelas que abrem a sala ao parque (e por tensão opositora, os pontos mais sombrios ou apetrechados de sistema de iluminação artificial, na mesma sala), quer se trate dos acessos para as restantes zonas expositivas e, por conseguinte, a articulação de um pré- programa de zonas de circulação privilegiada com espaços desabitados, estreitos e inóspitos. Quanto pode ser jogado num tabuleiro de tensões, experimentando as próprias tensões como alegoria de um permanente “em construção”? Num segundo momento (a 15 de Outubro), o artista/oficina retira-se do espaço, inaugurando-se “Fundação” (enquanto instalação já concluída), simultaneamente a um conjunto de pinturas do artista (“The White Room”), na pequena sala que procede ao hall de entrada do CAM.
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