SANDRA BAíA19_20![]() TRAVESSA DA ERMIDA Mercador do Tempo Lda Travessa do Marta Pinto 21 1300-390 18 JUL - 22 AGO 2020 ![]() ![]() inauguração: 18 de Julho de 2020 O horário de visita à exposição é de 3ªfeira a sábado, entre as 14:00 e as 18:00. 19_20, de Sandra Baía No trabalho de Sandra Baía, as relações internas do objecto-obra e aquelas outras activadas com o espaço e o corpo constituem-se como modo de criar múltiplos espaços de reflexão e de discurso. Por vezes, o objecto, tendencialmente iconográfico de uma cultura popular e de consumo em massa, é encontrado e intervencionado, nesta apropriação manipulando e deslocando o seu sentido; em outros momentos, a obra criada concilia técnicas e materiais próprios da produção industrial e manual. Em ambos os casos, fá-lo desde logo sugerindo ausência e presença, não apenas as da artista mas também, e enfaticamente, as do observador, ele próprio convocado a olhar-se enquanto agente social e cultural. A ambiguidade deste carácter formal e conceptual é construída por um, ou em um, vocabulário artístico em que se confrontam solidez e imaterialidade, robustez e esbelteza, equilíbrio e instabilidade, amplidão e exiguidade, aspereza e suavidade, num mesmo momento acrescido pela absoluta intencionalidade do habitual recurso a materiais reflectores que integram o observador enquanto elemento constitutivo da obra, a elementos luminosos que definem ou modelam a obra e o espaço, à especificidade da ocupação do espaço pela obra, e à convocação do movimento do observador, operando uma oposição entre o íntimo e o público, entre o individual e o comunitário, entre o próximo e o remoto, entre o real e o aparente. Tratar-se-á de uma prática estética movida por um senso ético. A recorrência no trabalho de Sandra Baía a estas tramas tecidas entre tensões traduz a intenção em colocar o observador perante si mesmo, e activar respostas emocionais às complexidades e individualidades da sua própria condição, e dos mundos internos e externos em que esta se inscreve. Em «19_20», Sandra Baía apresenta duas obras que atravessam a sua produção nos anos invocados pelo título da exposição, elas mesmas instaurando dualidades adicionais. Artisticamente, é apresentada uma obra concluída e um ensaio, maquete ou trabalho em curso. Numa, a acumulação do detalhe interno, a obstinação de uma composição interna que, sem dissolver a unidade, decompõe-se em minúsculos fragmentos no espaço unitário do suporte. Noutro, a sintetização do detalhe no engrandecimento da escala, na frugalidade de texturas, na sobriedade da palete cromática. Conceptualmente, é revelada uma acção ou reacção perante o tempo. Numa, a invocação de uma espécie de filigranismo que requer a pausa, a suspensão. Noutro, a insuperabilidade de uma aceleração que inalcançavelmente se escapa. Emília Ferreira ![]() |
