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A OBSESSÃO DE ANDY WARHOL POR PERFUMES AO LONGO DA VODA2025-11-28Andy Warhol era um tipo apaixonado: adorava festas, adorava Polaroids e adorava sopa (bem, pelo menos a embalagem). Mas um dos favoritos do ícone da Pop Art, muitas vezes esquecido, era o perfume. Warhol acreditava que “dos cinco sentidos, o olfato é o que mais se aproxima do poder total do passado” e costumava ausentar-se em festas para verificar que colónias existiam na casa de banho. O artista perfumava-se generosamente, mesmo sabendo que isso o deixaria “paranóico” durante o resto da noite, com receio que os anfitriões reconhecessem o cheiro. O artista usava uma fragrância durante três meses seguidos antes de a trocar por outra. No seu livro de 1975, “A Filosofia de Andy Warhol (De A a B e de Volta)”, explicou que se obrigava a trocar, “mesmo que ainda a quisesse usar, para que sempre que voltasse a sentir o cheiro, me lembrasse daqueles três meses”. O Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, alberga um grande número dos seus frascos de perfume parcialmente usados, a que o artista chamou em tempos a sua “Coleção Permanente de Cheiros”. Um perfume particularmente precioso era o Chanel Nº 5, o primeiro lançado por Coco Chanel e possivelmente a fragrância mais icónica do mundo. Warhol disse que “tenho a certeza de que as hormonas certas podem fazer com que o Chanel Nº 5 cheire muito masculino”, mas dava pouca importância ao facto de os perfumes serem comercializados para homens ou mulheres. No auge da sua fama, o artista produziu uma série de serigrafias de frascos de Chanel Nº 5 como parte da sua série “Ads” em 1985. Entre os seus outros perfumes característicos estavam o YSL Pour Homme e o Opium, bem como perfumes criados pelo seu amigo pessoal Roy Halston Frowick. Jessica Murphy, escritora especializada em cultura de fragrâncias, apontou o início do amor de Warhol pelos perfumes à sua educação católica. Warhol frequentava a missa semanal com a sua mãe devota na igreja católica bizantina local em Pittsburgh. “A missa foi abrilhantada com luz de velas, cânticos e incensos ricos… Consigo perfeitamente compreender como o amor de Warhol pelos objetos, incluindo a sua coleção de frascos de perfume, pode ter estado ligado àquela criação”, disse Murphy à Vogue britânica em 2022. Não era apenas o cheiro do perfume que ele amava, mas — como seria de esperar de um artista que associamos principalmente às suas representações artísticas de artigos de consumo doméstico — também era fascinado pelas embalagens. O fascínio de Warhol pelas fragrâncias, que começou na infância, acompanhou-o até ao início da vida adulta, quando trabalhou como designer de montras para grandes armazéns, tanto no seu emprego de verão em Pittsburgh, durante os seus estudos de design gráfico no Instituto de Tecnologia Carnegie, como na loja Bonwit Teller, em Nova Iorque, onde criou montras com o tema dos perfumes. Na sua posterior atuação como ilustrador comercial na década de 1950, Warhol recebeu várias encomendas para desenhar cosméticos e perfumes, incluindo para publicações de luxo como a Vogue. Em 1967, Warhol aventurou-se na perfumaria e criou uma das suas obras de arte mais irreverentes. Pintou 100 garrafas de Coca-Cola com tinta spray prateada e encheu-as com um perfume cítrico barato a que chamou “You’re In/Eau d’Andy”. Como era de esperar, uma notificação extrajudicial da Coca-Cola veio logo a seguir. Em 2017, a marca de moda japonesa Comme des Garçons criou a sua própria versão de You’re In, agora num frasco sem marca. O amor de Warhol pelos perfumes durou toda a vida. Um frasco de Estée Lauder Youth Dew estava, segundo os relatos, na mala que levou para o hospital para uma cirurgia de rotina, cujas complicações levaram à sua morte inesperada um dia depois. No seu funeral, a curadora e fotógrafa Paige Powell atirou um frasco do perfume Beautiful, da Estée Lauder, para a cova aberta. Fonte: Artnet News |














