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EXPOSIÇÕES ATUAIS


João Pedro Vale, "A Culpa Não é Minha", 2003. Arame e corda, 220 x 680 x 450 cm


Joana Vasconcelos, "A Noiva", 2001. Aço, inox e tampões OB, 600 x 300 x 300 cm


Fernanda Fragateiro, "Expectativa de uma Paisagem de Acontecimentos, 3", 2007. Cortiça e ferro galvanizado, dimensões variáveis


Rui Chafes, "Ne Dors Pas", 1999. Ferro, 380 x 260 x 180 cm

Outras exposições actuais:

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ENTELECHY


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CONSTANÇA BABO

XANA

A PASSAGEM


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JOSÉ PEDRO CROFT

ET SIC IN INFINITUM


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PAGAN DAYS


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Foam Photography Museum, Amesterdão
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BAIXO ELÉTRICO


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CARLA CARBONE

TIAGO MADALENO

SALA DE FUMO


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SANDRA SILVA

RUDI BRITO

HORA DE FERRO


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CATARINA REAL

DUARTE ÁGUAS

CONTOS ERÓTICOS


Óocioo, Porto
FILIPA ALMEIDA

RUI ALGARVIO

A PONTE, O CAMPANÁRIO, A CASA E O BARQUEIRO


Centro Cultural de Cascais, Cascais
FÁTIMA LOPES CARDOSO

ARQUIVO:


COLECTIVA

Colecção António Cachola: Uma Colecção em Progresso – Parte I




MACE - MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE ELVAS
Rua da Cadeia
7350 Elvas

07 JUL - 13 OUT 2007

Museu in Progress

Instalado desde Julho no centro histórico da cidade alentejana, paredes meias com a vizinha Espanha, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas (MACE) concebido com o intuito de acolher a Colecção António Cachola é gerido pelo Município e foi albergado no reestruturado Hospital da Misericórdia, outrora destinado a cuidar das maleitas da população não militar. João Pinharanda, director de programação, definiu uma estratégia assente na complementaridade entre uma mostra permanente, concebida a partir do acervo da colecção e contemplando a rotatividade de obras (cerca de três centenas de peças em depósito), com a aposta em exposições temporárias, de produção própria e com ambições de itinerância, abrangendo artistas nacionais (representados ou não) e internacionais.

A decisão de investir na abertura de um museu de arte contemporânea a ser erguido numa cidade fronteiriça do interior, sustentado sobre um princípio de cooperação público-privada e assente num edifício do séc. XVIII reformulado para o efeito, pressupõe a inevitável colocação de um conjunto de considerações interessantes de enunciar e potencialmente polémicas. Do mesmo modo, as peculiaridades de uma colecção particular balizada geográfica e cronologicamente – artistas portugueses representativos das décadas de 80 e 90 do século passado – merecem uma análise que não se restringe aos méritos e limitações da exposição inaugural.

A mostra que marca a abertura do museu acaba por reflectir a própria colecção conjugando nomes há muito firmados com artistas reconhecidos e outros que praticamente permanecem ausentes do circuito. Ressalta a diversidade de suportes e a ausência de critérios de aquisição, seja temáticos ou estético-formais, na constituição do acervo, assente sobretudo no gosto legitimamente subjectivo e abrangente do coleccionador. Deste modo, a tentativa de descortinar um princípio aglutinador na exposição que esteja para além do espaço disponível, da comunicabilidade entre as obras e de uma selecção recorrente de artistas, torna-se tarefa difícil. A qualidade dos trabalhos em exibição flutua e são definitivamente as esculturas que se destacam, sobretudo os trabalhos de Joana Vasconcelos, Fernanda Fragateiro, João Pedro Vale e Rui Chafes que interagem de forma eficaz com as particularidades do edifício. Salienta-se a eficiência da sua reetruturação, disponibilizado um espaço relativamente amplo e dividido por pisos em que o branco, a madeira e o mármore (opção discutível) predominam. Contudo, a particular concepção das salas de exposição, que se estendem muitas vezes sobre o comprimento não dando distância e espaço de recuo ao espectador, vem dificultar a contemplação de algumas obras, sobretudo as de parede.

Avaliar a pertinência da abertura de um museu de arte contemporânea em Elvas pressupõe ultrapassar a tendência para centrar a discussão em torno da pretensa qualidade da Colecção António Cachola, esmiuçando a sua hipotética representatividade e detectando eventuais critérios de selecção que a sustentem. Implica também contornar o excesso de focalização nos projectos curatoriais que orientam a sua exibição. Está sobretudo em causa perceber se a curto ou médio prazo se revelará uma aposta museológica ganha no que respeita à adesão por parte da população local e circundante. Um Serviço Educativo eficiente e uma elevada procura por parte de um público social, cultural e etariamente diversificado deverá ser o critério de avaliação por excelência, legitimador por si de um projecto que atraiu avultados investimentos comunitários. Sensibilizar e cativar a população para a arte contemporânea, desmistificar a estranheza causada e potenciar um maior envolvimento e aptidão para a generalidade das actividades culturais serão os pesos mais indicados para esta balança à partida difícil de equilibrar.

Tendencialmente a cidade de Elvas será sempre um local de passagem para o público especializado, quase nunca um destino pré-definido. A longo prazo o fomento do turismo cultural (nacional e estrangeiro), bem como a pretensão de inserir o MACE no circuito internacional e medático, será ou não um desafio ganho. Não poderá daí resultar a desvirtuação da sua missão prioritária que se deve centrar na função cultural ao serviço da comunidade, estabelecendo e fortificando laços que se pretendem geracionais. A pertinência da abertura de um museu com as suas especificidades não se deve focar na avaliação dos indíces de visitantes em trânsito que consegue atrair. As pretensões transfronteiriças, com Badajoz à vista, olhos postos no Meiac (onde a Colecção foi exposta pela primeira vez em 1999 também com comissariado de Pinharanda) e na futura sede da colecção Helga de Alvelar, revelar-se-ão, ou não, certeiras. Uma espécie de Petit Tour no sudoeste ibérico, transgredindo as fronteiras da Extremadura espanhola e do Alentejo nacional. Também para espanhol ver.

Cristina Campos