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NOTRE-DAME RECEBE DE VOLTA AS SUAS ADORADAS ESTÁTUAS DA TORRE

2025-06-26




A Catedral de Notre-Dame pode ter sido reaberta ao público numa cerimónia de grande pompa com a presença de dignitários de todo o mundo em dezembro passado, mas os trabalhos de reconstrução da estrutura histórica, devastada por um incêndio em 2019, continuam a todo o vapor.

A 23 de junho, após seis anos de trabalhos de restauro e com a bênção do arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, a primeira das 16 estátuas de cobre, de proporções gigantescas, foi devolvida ao seu lugar no topo da torre de Notre-Dame, o mais recente passo na reconstrução da catedral, que custou cerca de 900 milhões de dólares.

A primeira estátua a ser reinstalada foi, de certa forma, uma escolha simbólica: São Tomás, o santo padroeiro dos arquitetos, cujo rosto terá sido inspirado em Eugène Viollet-le-Duc, o arquiteto neogótico que reformou completamente — e de forma controversa — a fachada de Notre-Dame em meados do século XIX. O grupo de estátuas é composto pelos 12 apóstolos e pelos animais que representam os quatro evangelistas: um anjo para São Mateus, um leão para São Marcos, um touro para São Lucas e uma águia para São João. As estátuas revestidas a cobre têm 3,3 metros de altura, pesam 227 quilos e estão dispostas em grupos de quatro em redor da torre de 91 metros de Notre-Dame.

Foram instaladas em 1861 e feitas pelo escultor e ourives francês Adolphe Victor Geoffroy-Dechaume, responsável pelo projeto de muitas das características restauradas da catedral. Entre elas, contam-se o relicário da Santa Coroa de Espinhos e o galo que se encontra no topo da torre, símbolo não só da França, que remonta à época romana (“gallus” em latim significa galo e gaulês), mas também da vigilância adotada pelos evangelistas.

Ao contrário de relíquias como a Santa Coroa de Espinhos ou a Túnica de São Luís, que foram resgatadas freneticamente naquela devastadora noite de abril de 2019, num milagre de tempo, as estátuas foram retiradas da catedral poucos dias antes do incêndio. A prova desta fortuna veio sob a forma do galo da torre, que foi encontrado bastante danificado entre os escombros. É provável que as estátuas se tivessem saído muito pior. Em vez disso, o grupo de 16 estátuas estava guardado em segurança num armazém no sudoeste de França, aguardando restauro. O cobre estava bastante manchado; mais de um século e meio de exposição aos elementos era evidente em fissuras generalizadas, e os buracos de bala da Segunda Guerra Mundial tinham perfurado a estátua de São Marcos. A SOCRA, empresa francesa de restauro arquitetónico que já trabalhou em projetos em Versalhes e no Monte Saint-Michel, renovou as estátuas, devolvendo-lhes a sua cor castanho-escura original e acrescentando uma camada protetora.

A Notre-Dame planeia devolver todas as estátuas aos seus lugares originais de forma faseada nas próximas semanas.

"Daqui a algumas semanas, veremos a torre completamente despojada de andaimes e as estátuas na sua base estarão novamente claramente visíveis", disse em comunicado o presidente da Rebuilding Notre-Dame, a instituição pública responsável pelo restauro. "É um símbolo lindíssimo e, até julho, a cobertura e a torre estarão concluídas."


Fonte: Artnet News