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“BÍBLIA DE BORSO D’ESTE” EXPOSTA EM ROMA EM RARA EXPOSIÇÃO PÚBLICA DO TOMO2025-11-17Um dos mais belos livros do mundo está agora exposto no Senado italiano, em Roma. Ontem, o Vaticano revelou a Bíblia de Borso d’Este, considerada a “Mona Lisa dos Manuscritos Iluminados” pela sua estética exuberante e intrincada e pelo seu conteúdo religioso. Esta é uma rara exposição pública do tomo, que geralmente está guardado num cofre numa biblioteca de Modena. A apresentação faz parte de uma grande celebração do Ano Santo que incentiva as peregrinações mundiais a Roma. Segundo a AP, a cidade espera 32 milhões de visitantes. A publicação mostra o elaborado esquema de seguro que acompanha o transporte do livro. As câmaras de televisão captaram trabalhadores a transportar “duas grandes caixas vermelhas em carrinhas sem identificação” e descobriram os volumes envoltos em bolas de papel. O primeiro duque de Ferrara, Borso d'Este, encomendou a Bíblia em meados do século XV. Tratou-se de uma demonstração de poder, visando glorificar a posição do duque dentro de um cenário político mais vasto, no qual Florença e a corte dos Médicis exerciam uma significativa influência internacional. O calígrafo Pietro Paolo Marone, juntamente com iluminadores liderados por Taddeo Crivelli e Franco dei Russi, criaram a Bíblia entre 1455 e 1461. O escriba bolonhês Pietro Paolo Marone foi o responsável pelo texto. A Bíblia ornamentada surgiu também no final de uma era: na Alemanha, Johannes Gutenberg acabara de desenvolver a imprensa. Alessandra Necci, diretora da Gallerie Estense em Modena, considerou a Bíblia "o livro mais caro da época". À Associated Press, disse que o duque encomendou o volume "para celebrar não só o livro sagrado por excelência", mas também para elevar "a ideia que tinha de si próprio e da sua dinastia". O Ministério da Economia italiano considera-a uma obra-prima da arte em miniatura "que une valor sagrado, relevância histórica, materiais preciosos e estética refinada". A Bíblia é composta por dois volumes, adornados com ilustrações a ouro e lápis-lazúli afegão. A Biblioteca do Congresso menciona folhas ricamente iluminadas com “vinhetas pintadas que retratam cenas da Bíblia, eventos históricos, o brasão da família Este e paisagens naturais”. “Uma elaborada cercadura arquitetónica e desenhos ricamente coloridos” surgem no início de cada livro. A Bíblia acabou em Modena graças a forças políticas maiores. Ferrara caiu sob o domínio do papado no final do século XVI, e a família Este mudou-se para Modena com todas as suas riquezas. A unificação italiana em 1859 levou Francesco V d’Austria-Este a fugir para Viena com a Bíblia e outras relíquias de família. Os Este eram um ramo da extensa família imperial Habsburgo, e a Bíblia acabou por passar para a Imperatriz Zita, cujos tesouros incluíam também o diamante florentino. Em 1922, o seu marido, o Arquiduque Carlos I, morreu, e Zita vendeu a Bíblia a um antiquário parisiense. No ano seguinte, o industrial Giovanni Treccani, que viria a publicar importantes enciclopédias italianas, comprou o livro e devolveu-o a Modena. Para quem não pode ir a Roma, a Bíblia está disponível em formato PDF na íntegra no site da Biblioteca do Congresso. Os visitantes do Senado italiano terão também uma experiência digital. Uma placa de vidro com controlo de humidade protegerá os livros, informou a AP, enquanto os visitantes poderão interagir com um ecrã táctil para "ler" o texto e visualizar as suas imagens em altíssima resolução. Fonte: Artnet News |














