|
ANTIGO JARDIM DE PERFUMES EM POMPEIA REGRESSA À VIDA2025-06-17![]() Um jardim floresceu outrora em Pompeia. Ali, junto a uma típica casa geminada, floresciam oliveiras, rosas e videiras, alimentadas por canais de irrigação esculpidos à mão. A entrada do local ostentava a inscrição em latim "Cras Credo", traduzida como "Crédito será oferecido amanhã", um toque de humor pompeiano. A erupção do Vesúvio em 79 d.C. destruiu o terreno — mas conservou indícios da sua finalidade. Agora, um novo jardim está a enraizar-se no mesmo local. O Parque Arqueológico de Pompeia acaba de inaugurar o Jardim de Hércules restaurado (assim chamado em homenagem a uma estátua do herói mítico descoberta no local), recentemente plantado com 1.200 violetas, 1.000 ruscus e 800 roseiras antigas, bem como videiras, cerejeiras e macieiras-de-algodão. A exposição botânica pretende refletir o aspeto do jardim há 2000 anos, com base nas descobertas da botânica Wilhelmina Jashemski, que identificou pólen, esporos e fósseis de plantas na área na década de 1950. "Em Pompeia, a paisagem natural e a arqueológica são uma só", disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque, em comunicado. "O verde de Pompeia, que era anteriormente percebido como um problema de gestão e manutenção, um elemento quase separado das estruturas arqueológicas, é agora reconhecido como uma componente essencial das áreas arqueológicas, bem como do maior projecto agrícola do Parque." Localizada na Região VIII, Insula 2 do parque arqueológico, a casa que se junta ao jardim foi descoberta em 1953, antes da escavação do restante terreno em 1971-72, com estudos adicionais realizados na década de 80. Os investigadores descobriram que a casa foi reconstruída após um terramoto em 62 d.C., tendo o seu proprietário comprado terrenos circundantes para plantar o jardim. No jardim, os arqueólogos descobriram buracos na terra que outrora continham raízes de oliveiras, marcas deixadas no solo pelas treliças de videira e vestígios biológicos de rosas. Numerosos frascos de perfume encontrados no local indicam que o jardim já esteve envolvido na produção comercial de perfumes. Os investigadores descobriram que as flores eram prensadas com azeite ou sumo de uva antes de a mistura ser engarrafada e vendida. Também significativa foi a descoberta de um antigo sistema de rega, que permitia aos jardineiros regar as plantas através de um buraco na parede, sem terem de entrar no local. A água corria então por canais que serpenteavam pelos canteiros de flores ou se acumulavam em reservatórios criados por vasos de barro, ou dolia, espalhados pelo terreno. "Se um jardineiro precisasse de regar uma planta com mais água, poderia retirá-la de uma dolia", disse o historiador Maurizio Bartolini ao London Times. Bartolini, que trabalhou no jardim replantado, acredita que o proprietário do jardim pode ter feito experiências com aromas no local, em vez de gerir uma operação em grande escala. O jardim, observou, mede apenas 30 x 30 metros, enquanto a criação de 5 ml de perfume requer cerca de 2.000 rosas. O sistema de rega foi recriado para o Jardim de Hércules, com os seus bebedouros a serpentear pelos novos canteiros. Foi também reproduzida uma estátua de terracota da lenda grega, instalada num pequeno recanto junto a uma área de refeições ao ar livre. "Este era um lugar produtivo", disse Zuchtriegel ao Times sobre o espaço, "mas também muito bonito". O jardim recriado faz parte dos esforços do Parque Arqueológico de Pompeia para lançar luz sobre a vida quotidiana na antiga cidade romana antes da sua destruição. Atualmente, está também patente no local "Ser Mulher na Antiga Pompeia", uma exposição que explora a vida, os papéis e as atividades das mulheres pompeianas. Fonte: Artnet News |