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MÓBIL MONUMENTAL DE ALEXANDER CALDER EXIBIDO EM LEILÃO

2025-10-20




Um mobile gigante de madeira de Alexander Calder será exibido no leilão noturno do século XX da Christie's, a 17 de novembro, onde se espera que arrecade entre 15 e 20 milhões de dólares, a estimativa mais alta alguma vez feita para uma obra do artista nascido em Filadélfia. “Painted Wood” (1943) equilibra 11 formas de madeira num móbil de arame e cordel. Algumas formas são pintadas, outras são nuas. Algumas formas parecem peixes desenhados por uma criança, outras são sedutoramente abstratas.

A obra é uma das maiores do que viria a ser conhecida como a série "Constelação" de Calder, que iniciou no início da década de 1940, inspirada na série de 23 pinturas a têmpera de Joan Miró com o mesmo nome.

O interesse de Calder pela cosmologia remonta à década de 1930, quando vivia em Paris e começou a criar obras de chapa metálica e arame que evocavam a forma e o movimento dos planetas. Na década de 1940, o metal tornou-se escasso e essencial para a manufatura em tempos de guerra, levando Calder a explorar os usos da madeira.

Reza a história que, em 1942, Calder desmontou "A Multidão", uma escultura de ébano que tinha feito em 1929. Depois de serrar e esculpir a obra em pequenos pedaços, pendurou-os em vários mobiles. A ideia para "Constelação" nasceu e, nos anos seguintes, começou a esculpir, pintar e montar peças de nogueira, carvalho e púrpura-coração.

O nome da série, no entanto, foi cunhado por Marcel Duchamp e James Johnson Sweeney, curadores da retrospetiva de Calder de 1943 no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). Foi a resposta deles à mais nova série de obras do artista e pegou. “Alexander Calder: Esculturas e Construções” foi uma exposição marcante que encheu espaços interiores e exteriores com cerca de 100 obras. Aos 45 anos, Calder foi o artista mais jovem a receber uma exposição individual (recorde posteriormente batido por Frank Stella, de 34 anos, em 1970).

Jean-Paul Satre ficou impressionado. “Estes móbiles, que não são nem inteiramente vivos nem totalmente mecânicos, são como plantas aquáticas a balançar num riacho”, escreveu o filósofo francês. “[São] ao mesmo tempo invenções líricas e combinações técnicas, quase matemáticas.” Albert Einstein foi mais direto: “Gostava de ter pensado nisso”, disse em resposta a um mobile de pé.

É a estreia de “Painted Wood” em leilão. Chega ao leilão vindo da coleção de Patricia Phelps de Cisneros, que se concentrou principalmente na aquisição de arte latino-americana e comprou a peça há mais de três décadas. De facto, a obra tem uma forte ligação com a região. Logo após a retrospetiva de Calder no MoMA, este conheceu Henrique Mindlin, o arquiteto modernista brasileiro que introduziu o arranha-céus americano moderno no Brasil.

Os dois tornaram-se amigos e Mindlin ajudou a organizar uma exposição de Calder no Rio de Janeiro em 1948. Calder viria a presentear Mindlin com "Painted Wood".

"Esta escultura é a melhor da sua classe", disse Stephen Jones, especialista em arte contemporânea da Christie's, em comunicado. "É uma das suas formas supremas, na qual o movimento e a cor se unem de forma verdadeiramente exemplar."


Fonte: Artnet News