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MAIOR COLEÇÃO DE DESENHOS CRIADOS POR DAVID HOCKNEY PARA iPAD VENDIDA POR 6,2 MILHÕES2025-10-21 Um raro — e o maior — conjunto de obras de arte de David Hockney para iPad arrecadou um total de 6,2 milhões de libras quando foi leiloada na Sotheby’s de Londres, a 17 de outubro, durante a Frieze Week. O total das 17 obras, da sua série "A Chegada da Primavera a Woldgate", supera a estimativa mínima de pré-venda de 1,7 milhões de libras. "David Hockney, 'A Chegada da Primavera', trouxe um toque especial à Frieze Week", afirmou Yessica Marks, responsável pela área de gravura da Sotheby's Europa, em comunicado. “O resultado de hoje, a disputa feroz e a forte participação global realçam a imensa admiração que existe por Hockney — e pela experimentação destemida que faz dele o génio que é.” O que são os desenhos de David Hockney no iPad? Hockney começou a desenhar num iPad por volta de 2011, e as suas criações causaram um grande impacto na sua retrospetiva de 2012, “A Bigger Picture”, na Royal Academy de Londres. Na exposição, revelou a série, intitulada “A Chegada da Primavera em Woldgate”, que continha 51 imagens e mostrava as florestas e os campos de East Yorkshire num fluxo glorioso. Trilhos roxos serpenteiam pela neve, árvores áridas são moldadas com traços impressionistas, flores silvestres explodem em blocos de verde. Não era o seu avô a mexer no telemóvel com o dedo indicador. Era um septuagenário a manusear a mais recente maravilha tecnológica da Apple com engenho e brio. Dezassete destes desenhos foram leiloados por um único colecionador na Sotheby's. “Os desenhos de Hockney no iPad são, em muitos aspetos, um caderno de esboços moderno”, disse Marks por e-mail. “Utiliza o iPad para explorar as mesmas questões intemporais de luz, tempo e perceção que ocupam os artistas há séculos. Isto mostra que a tecnologia não substitui a mão, apenas lhe oferece novas formas de desenhar.” Embora Hockney já experimentasse há muito tempo a incorporação de novas tecnologias na sua arte — do fax à fotocopiadora a cores e ao iPhone (imagens que oferecia aos amigos por e-mail) — os seus desenhos no iPad eram uma resposta a um problema específico. Em 2011, seis anos depois de ter deixado Los Angeles para a costa de Yorkshire, quis pintar a procissão gradual da primavera ao ar livre, mas achou que estava um pouco frio demais. O iPad provou ser rápido, flexível e portátil. Todos os dias, Hockney regressava a pontos ao longo de Woldgate, uma estrada rural, para captar lentas mudanças na paisagem durante o que chamou "uma primavera maravilhosa". O dispositivo permitiu-lhe trabalhar rapidamente à medida que a luz mudava, criando contornos rudimentares que poderia posteriormente ampliar e refinar no aconchego do seu estúdio. Era uma solução do século XXI para um problema que atormentava os pintores do norte da Europa há séculos. "A luz muda rapidamente aqui, por isso é preciso escolher como se quer retratá-la", disse Hockney no catálogo da exposição de 2012. "Percebi o quão rápido posso captar com o iPad, muito mais rapidamente do que com aguarela. Pode escolher uma nova cor ou um novo pincel mais rapidamente. Não precisa de esperar que nada seque." A série Primavera de Hockney foi uma abordagem tardia a um tema que ele conhecia bem. Criado na cidade de Bradford, em Yorkshire, passou as férias escolares de verão no início da década de 1950 a trabalhar nos campos de Yorkshire Wolds, e os seus amigos incentivaram-no durante muito tempo a pintar a paisagem. "'A Chegada da Primavera' capta isso na perfeição", disse Marks. "Não é um olhar nostálgico sobre o passado, mas uma declaração de renovação, uma obra que olha para o futuro." Hockney, agora com 88 anos, continua a fazer desenhos em iPads e as suas mais de 100 representações da sua casa adotiva, a Normandia, serão exibidas numa exposição no próximo ano na galeria Serpentine, em Londres. Fonte: Artnet News |