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COLECTIVAQUESTIONS OF RELIEFGALERIA VERTICAL DO SILO AUTO Rua de Guedes de Azevedo, 180 Porto 16 DEZ - 16 MAR 2017 IT´S TIME TO SOME QUESTIONS OF RELIEF
O Jardim das Delícias Terrenas (1504), de Hieronymus Bosch, é um tríptico representativo da história do mundo a partir da criação exibindo, de um lado, o paraíso terrestre e, do outro, o inferno. Essa reconhecida obra a óleo sobre madeira é hoje convocada como referência para o conceito da nova exposição Questions of Relief, inaugurada dia 16 de dezembro de 2016. O resultado é um conjunto de obras contemporâneas, plurais e complexas que, numa nova e atual consideração do mundo, dão continuidade ao conceito de retrato de um jardim. Este surge como ponte de contacto entre diferentes realidades, parte delas utópicas, em resposta às adversidades políticas e sociais que o mundo de hoje enfrenta. Nesse intuito, os artistas desenvolvem vários jardins na garagem do Silo Auto, confrontando e interpelando os públicos em movimento.
O edifício do Silo Auto, característico do centro da cidade, foi projetado por Alberto José Pessoa e João Abel Bessa e inaugurado em 1964. Agora, a cargo da Porto Lazer, foi-lhe atribuída esta inesperada, inovadora e admirável proposta: a utilização dos patamares da escadaria para acolher exposições temporárias de três meses. É deste modo que nasce um novo espaço expositivo intitulado Galeria Vertical.
Sendo a dinamização do espaço e da cidade um objetivo claro da Câmara Municipal do Porto, este intuito manifesta-se e cresce quando se alia e colabora com novas e ambiciosas vozes do panorama artístico local. Neste primeiro projeto, a assinatura é do arquiteto Luís Albuquerque Pinho e do curador Luís Pinto Nunes.
Quando observados os objetos como um todo, como o conjunto da exposição, desvendam-se diferentes jardins que correspondem a, também distintas, utopias que surgem como reflexo da pluralidade da sociedade atual. Esta multiplicidade é também visível na constante restruturação do comportamento social face às transformações do mundo, em grande parte resultante do desenvolvimento e do domínio das tecnologias. Tal fenómeno terá já sido explicado por Alvin Toffler, em 1970, em Future Shock, através da sua revolucionária e particular visão futurista que é enunciada como segunda referência à conceção da presente exposição.
É assim que, por um lado, com motivos e significados profundos, a exposição incentiva a reflexão social e artística da contemporaneidade e, por outro lado, oferece um momento de pausa na acelerada e constante agitação diária da cidade, do mundo e do homem. Como Luís Albuquerque explana, trata-se da libertação da "voraz necessidade de optimização que a realidade contemporânea impõe e que se alia ao conceito de “free time”. Um jardim". Com tal pressuposto e desígnio, há sete Questions of Relief que se mantêm disponíveis para serem pensadas e experienciadas a qualquer hora do dia, até 16 de março.
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