Links

EXPOSIÇÕES ATUAIS


Walid Raad, “Untitled (1982-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1982-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1982-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1987-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1987-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1987-2007)â€


Walid Raad, “Untitled (1987-2007)â€


Walid Raad, “We Can Make Rain But No One Came To Ask†(2006)

Outras exposições actuais:

MIRIAM CAHN

O QUE NOS OLHA


MAAT, Lisboa
MARIANA VARELA

MARIANA CALÓ E FRANCISCO QUEIMADELA, COM MATTIA DENISSE E VON CALHAU!

CARMA INVERTIDO


Convento dos Capuchos, Almada
MARIANA VARELA

MARYAM TAFAKORY

WHICH PAIN DOES FILM CURE?


Solar - Galeria de Arte Cinemática, Vila do Conde
FILIPA ALMEIDA

JEFF WALL

TIME STANDS STILL. FOTOGRAFIAS, 1980–2023


MAAT, Lisboa
PAULO ROBERTO

ALBUQUERQUE MENDES

NÃO CONFUNDIR UM TIJOLO COM UMA OBRA DE ARTE


Galeria Municipal de Matosinhos, Matosinhos
RODRIGO MAGALHÃES

JULIAN OPIE

JULIAN OPIE


Galeria Duarte Sequeira, Braga
CARLOS FRANÇA

CILDO MEIRELES

CRUZEIRO DO SUL


Orangerie du Sénat - Jardin du Luxembourg, Paris
FILIPA BOSSUET

JEFF WALL

TIME STANDS STILL. PHOTOGRAPHS, 1980–2023


MAAT, Lisboa
JOANA CONSIGLIERI

BIANCA HLYWA

MUTE TRACK


Sismógrafo (Heroísmo), Porto
SANDRA SILVA

FERNÃO CRUZ

SENTINELA


Zet Gallery, Braga
CLÃUDIA HANDEM

ARQUIVO:


WALID RAAD

The Atlas Group Archive




PAULA COOPER GALLERY
534 West 21st Street
New York, NY 10011

17 FEV - 24 MAR 2007


A exposição na galeria Paula Cooper do trabalho recente de Walid Raad (n. 1967), artista de ascendência libanesa a viver em Nova Iorque e Beirute, continua na mesma linha da série de projectos inseridos no arquivo real-fictício “The Atlas Group Archiveâ€.

“The Atlas Group Archive†é um projecto com catorze anos, que explora a história contemporânea do Líbano, sobretudo o estado de guerra. Raad, o seu membro fundador (e talvez único), trabalha com fotografia, texto, som, vídeo e performance. Cria documentos que pertencem a heterónimos, pessoas vulgares que guardariam informação de modo compulsivo. Raad encontra e guarda esses documentos, e apresenta-os no seu web-site, em instalações multimedia em galerias, ou através de palestras. O trabalho tem uma componente fictícia – a sua ligação poética – que traça possíveis acções humanas num país entre guerras. São geralmente acções que levam à contemplação oscilante entre fantasia e história, memória e realidade. São subtextos de um Líbano contemporâneo. Raad cria histórias, que são elas próprias uma versão da História.

“The Atlas Group Archive†compõe-se de três tipos de arquivos: “Files Type A†– documentos com autoria; “Files Type FD†– documentos encontrados; e “Files Type AGP†– documentação produzida pelo Atlas Group. Nos documentos com autoria temos “Fadl Fakhouri Fileâ€, “Operator # 17â€, “Souheil Bachar Fileâ€.
Fadl Fakhouri foi um historiador libanês, que escreveu cadernos de notas e num deles, por exemplo, documentou carros-bomba. Fez também dois filmes em super-8, que o acompanharam sempre entre 1975 e 1991. Num dos filmes expunha um fotograma, de cada vez que lhe parecia que as guerras tinham acabado; no outro, um fotograma de cada vez que ia ao dentista. Os filmes chamam-se “Miraculous Beginnings†e “No, Illness Is Neither Here Nor Thereâ€. O resultado é um caleidoscópio relativamente aleatório. Fakhouri doou os seus registos ao “Atlas Group Archiveâ€, para preservação e apresentação.
Em “Operator # 17†dedicou-se a filmar o pôr-do-sol diário, em vez de fazer o devido trabalho de registo dos transeuntes suspeitos de conspiração, que se encontravam no passeio maritímo de Beirute. O vídeo chama-se “I Think It Would Be Better If I Could Weep†e o operador de câmara, então despedido pelos agentes de segurança libaneses, ofereceu a cassete de vídeo ao Atlas Group, a quem deu também a entrevista onde explica o seu interesse pelo pôr-do-sol.

Continuamos a seguir acontecimentos através de objectos misteriosos, como em “Secret Files In The Open Seaâ€, uma série de seis fotografias de 110x183 cm, enterradas 32 metros debaixo da terra e encontradas em Beirute, durante a escavação de uma zona comercial arrasada pela Guerra, em 1992. Foram posteriormente cedidas para análise, pelo governo libanês, ao “AG Archiveâ€. O Atlas Group descobriu retratos de grupo nas impressões, em que todas as pessoas foram identificadas. Essas pessoas tinham sido encontradas mortas no Mediterrâneo, entre 1975 e 1990.

Na actual exposição, podemos ver uma série de fotografias, uma série de foto-colagens e um vídeo. A autoria das duas primeiras é atribuída a Walid Raad. As fotografias têm o título “Untitled (1982-2007)â€, são quinze impressões de grande formato e documentam a invasão e ocupação de Beirute, em 1982, pelo exército israelita. Nesse Verão, Raad, então com quinze anos, interessou-se por fotografar os acontecimentos, sem lhes chegar perto, a partir da sua casa em Beirute Oriental. Ao voltar agora a ampliar e a imprimir as imagens, a partir dos negativos bem guardados, Raad descobriu riscos, cores e buracos inesperados, que acrescentam às imagens a realidade estética impressa pela catástrofe e pelo tempo. A série “Untitled (1987-2007)†inclui documentos de um diário que corresponde a fotografias dos sítios onde Raad encontrou balas e se dedicou a coleccioná-las. As fotografias dos lugares, a preto e branco, estão cobertas de pequenas bolas de diferentes tamanhos e cores, que formam o diagrama dos diferentes tipos de balas encontradas naquele local e as suas concentrações. Os locais são edifícios, árvores, passeios e outros espaços. A série consta de dezassete imagens, que simbolizam os dezassete países que continuam a fornecer armas às milícias e exércitos que ainda combatem no Líbano.

O vídeo “We Can Make Rain But No One Came To Ask†(2006), supostamente não assinado por Raad, é uma colaboração de um investigador de carros-bomba e de um jornalista, e centra-se numa detonação que ocorreu em Beirute em 1986. Como material, usa cassetes de vídeo, diagramas e notas suas.

O que se passa neste trabalho, a nível ecológico, político e social é também o interesse pelo inverso das situações hipoteticamente possíveis, e a análise de situações reais, através de uma lente de fantasia compulsiva e anestesiante. Walid Raad pretende manter a dúvida sobre o que foi exactamente realizado por ele, mesmo quando a autoria é supostamente sua, e mesmo que todos saibamos que, no fundo, tudo é de sua autoria no “Atlas Group Archiveâ€. Esta dúvida está presente nas instalações, apesar de sabermos, com a distância e a informação de que dispomos, que tudo é uma ficção baseada em acontecimentos políticos e sociais perturbadores, do quotidiano libanês recente. Penso que não interessa a Raad informar só sobre a história, mas usá-la como potencial de um imaginário social e cultural muito singular. Assim, tece uma triangulação de factos todos eles existentes, embora em diferentes níveis.


LINK
www.theatlasgroup.org/





Ana Cardoso