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COLECTIVAJournalINSTITUTE OF CONTEMPORARY ARTS The Mall, 12 Carlton House Terrace London SW1Y 5AH 25 JUN - 14 SET 2014 [scroll down for English version] Entre 25 de Junho e 14 de Setembro, o Institute of Contemporary Arts em Londres recebe a exposição Journal. Ela reúne obras e projectos de Rossella Biscotti, Duncan Campbell, Edson Chagas, Paul Elliman, Cyprien Gaillard, Bouchra Khalili, Marlie Mul, Paulo Nazareth, Ahmet Ӧğüt, Charlotte Prodger & Isla Leaver-Yap, Richard Sides, Joshua Simon, e Koki Tanaka. O texto que acompanha a exposição reconhece a ausência de um ‘tema circunscrito’. Ao invés, o visitante encontra uma ‘configuração mais ampla de projectos individuais’ que estão, contudo, reunidos de forma coerente on- e off-site, on- e off-line, pela sua examinação crÃtica de vários tipos de práticas e espaços sociais. Além da exposição onsite de trabalhos em fotografia, instalação e filme de Tanaka, Nazareth, Chagas, Gaillard e Biscotti, existe um espaço online igualmente importante (http://journal.ica.org.uk/), onde estão disponÃveis comissões especiais (Prodger & Leaver-Yap) e um Journal do projecto de três meses. A exposição onsite e online é acompanhada por performances (Ӧğüt), eventos (Elliman, Sides, Tanaka), projecções de filmes de artista (Campbell, Khalili) e conversas (Mul, Simon). Em parceria com a Faculdade de Arte, Design e Arquitectura (FADA) e o Centre for Research in Modern European Philosophy (CRMEP) da Kingston University, em Londres, o simpósio ‘Everything is Somehow Included’, que teve lugar em Julho, examinou a forma como os artistas negoceiam os papéis de activistas, organizadores, testemunhas, arquivistas e conselheiros, e a forma como a arte se compromete com práticas sociais através da arquitectura e do espaço urbano. A série paralela ICA Cinematheque é composta por Ceddo (Ousmane Sembène, Senegal, 1977), Araya (Margot Benacerraf, Venezuela, 1959), Terra em Transe (Glauber Rocha, Brasil 1967) e Soy Cuba (Mikhail Kalatozov, Cuba/União Soviética 1964) – filmes importantes da segunda metade do século XX, relevantes ainda hoje, que abordam as aspirações polÃticas das lutas contra o imperialismo no sul global. Journal é um projecto curatorial bem sucedido, na medida em que, apesar da especificidade individual de cada proposta, o seu conjunto consegue estabelecer uma plataforma de debate em torno de obras, com relações entre si, que examinam histórias e geografias locais e globais com o intuito de pensar criticamente o presente. AcessÃvel para lá do espaço do ICA, nomeadamente através da sua manifestação virtual online, os projectos não abdicam de uma inscrição concreta em contextos locais e de referenciar eventos especÃficos. Para além de exposição virtual, a componente online, em construção ao longo da duração de Journal e, presumivelmente, disponÃvel depois, constitui um arquivo valioso do projecto, aberto e acessÃvel. No ICA, o visitante encontra as instalações de Tanaka e de Nazareth nas galerias do piso térreo, as de Gaillard e de Biscotti nas galerias do andar superior, e as fotografias de Chagas no espaços intermédios: objectos encontrados, performativamente reposicionados diante de paredes urbanas, e cuidadosamente fotografados, aparecem como posters (também eles objectos urbanos transitórios) nas paredes dos espaços de passagem e normalmente não expositivos do ICA. As fotografias não poderiam ter sido melhor instaladas. Tanaka apresenta duas novas comissões da sua série Precarious Tasks. Em Precarious Tasks #8 ‘Going home could not be daily routine’ (2014), examina relações entre a experiência dos motins no Reino Unido em Agosto de 2011 e a do terramoto Tohoku no Japão, que destruÃu partes da central nuclear de Fukushima em Março desse ano. Interessado nas relações quotidianas que as pessoas estabelecem em espaços urbanos e no que sucede quando estas são perturbadas por acontecimentos inesperados, e inspirado pela experiência de amigos que, em Tóquio, no dia do terramoto, tiveram de regressar a casa caminhando durante horas (um ano depois, o próprio artista realizou um destes percursos), Tanaka convidou quatro londrinos, habitantes de diferentes bairros, a contar para a câmara as suas experiências pessoais durante os motins e a voltar a percorrer a pé o trajecto do local de trabalho até casa. Apesar de reconhecer a incomensurabilidade dos eventos de Londres e de Tóquio (e de experiência vivida, memória e revivência, seja na primeira ou na terceira pessoa), Tanaka interessou-se pela sensação de precariedade que ambos despoletaram e quis examiná-la colectivamente. Em Precarious Tasks #9 ‘24hrs Gathering’ (2014), que teve lugar entre 27 e 28 de Junho no ICA, ele tentou aproximar, sem tentar recriar, a experiência de um amigo artista que, durante o terramoto, ficou preso durante alguns dias com outras pessoas na galeria onde decorria a sua exposição. Participantes foram convidados a passar o dia e a noite no ICA, discutindo questões relativas a participação, situações de catástrofe e motins, através de vários tipos de actividades e eventos. O interligar de comunidades e indivÃduos, das suas histórias colectivas e experiências pessoais, através da actividade de caminhar, reaparece na instalação de Nazareth no espaço contÃguo. Ele apresenta Cadernos de Ãfrica (Africa Notebooks) (2013-): uma caminhada-performance de cinco anos, desde a sua casa em Santa Luzia, no estado de Minas Gerais no Brasil, até à Europa, passando pelo continente africano, no sentido sul-norte, desde a Cidade do Cabo. Nazareth escreveu que quer ‘saber o que tem de Ãfrica em minha casa---Palmital A, setor 7, Santa Luzia / MG, Brasil---conhecer Africa antes de chegar à Europa---saber o que há de minha casa em Europa---saber o que tem de Ãfrica em Europa---saber o que tem de minha casa em Ãfrica [sic]’.[1] Como fizera no continente americano com o seu projecto NotÃcias de América (News from Americas) (2011-12), quando alcançou os Estados Unidos somente depois de percorrer a América Latina, levando fragmentos das suas terras através das fronteiras, sob a forma de poeira acumulada nos seus pés por lavar, até ao rio Hudson em Nova Iorque, em Cadernos de Ãfrica Nazareth está novamente a dirigir-se ao norte caminhando pelo sul.[2] Viajando para norte através do Atlântico e do continente africano, pelas rotas históricas e geográficas do colonialismo Europeu e do tráfico de escravos, ele está a inverter direcções de forma simbólica.[3] Através da exibição em Londres dos fragmentos materiais, visuais e linguÃsticos da sua viagem em curso e dos seus muitos encontros pelo caminho, ele abre um espaço, pessoal e colectivo, presente e histórico, para pensar as múltiplas e complexas relações entre o sul global e o norte global. A documentação da viagem, os seus cadernos, o seu Journal (diário), organizados segundo uma ordem aparente de conjuntos soltos no chão e nas paredes, constitui uma colecção precária de objectos, imagens e textos, usados, encontrados ou feitos pelo artista e pelas pessoas que vai conhecendo: rótulos e tampas de garrafas e garrafões de água, pedaços de sabonete usados e ainda embalados, tabaco, madeixas de cabelo, bilhetes de avião, anúncios, desenhos, fotos, vÃdeos, mensagens escritas perguntando(-nos) ‘o que sente quando me vê por perto?’ e ‘how is the colour of my skin?’ (‘como é a côr da minha pele?’). Baseando-se, neste como em trabalhos anteriores, na polÃtica da sua própria etnicidade mestiça e história familiar (Ãndio Krenak pela parte da sua mãe e italiano e africano pela parte do seu pai), Cadernos é um arquivo pessoal, ainda que também colaborativo, uma cartografia crÃtica das histórias e geografias da exploração colonial-capitalista que ainda perduram nas desigualdades de classe, raça e género no Brasil contemporâneo. E no Reino Unido também: a instalação de Nazareth inclui um caderno, um pequeno livro bilingue em português e inglês, dedicado à cidade de Londres e ao Reino Unido, que o espectador-leitor pode levar e completar ‘com suas memorias vividas y imaginadas a partir desses lugares [sic]’. Nesta pequena publicação impressa em papel de jornal (além de vários blogs, Nazareth também coloca alguns dos seus projectos em circulação como/em panfletos), ele dá instruções de vária ordem (‘que o tesouro britanico indenizem as ex-colonias de Africa y America [sic]’), acompanhadas por fotografias de arquivo a preto e branco de Londres negra e de Londres imperial, de rainhas africanas e das jóias da coroa britânica, do movimento Black Power e do Ku Klux Klan, de Marcus Mosiah Garvey, de judeus negros etÃopes e, na última página, na legenda constando apenas ‘photographer and photographed: non-identified’ (‘fotógrafo e fotografados: não identificados’), como em quase todas as outras legendas, e, contudo, muito familiar, a foto da missionária britânica Alice Seeley Harris onde só ela tem nome (Alice Seeley Harris / J.H. Harris, Alice Seeley Harris with a large group of Congolese children, Congo Free State, c.1904).[4] A ausência de identificação, intencional ou não, tem um poderoso efeito: ela deixa de ser detentora pelo menos desse privilégio. No seu projecto galardoado com o Leão de Ouro para o Pavilhão de Angola na 55ª Bienal de Veneza em 2013, comissariado por Beyond Entropy, Chagas também colocou o seu trabalho fotográfico em circulação: impressas em cartazes empilhados em conjuntos escultóricos colocados no chão, os visitantes foram convidados a levar as suas fotografias, dessa forma construindo a sua própria versão do catálogo e disseminando a exposição no espaço urbano de Veneza e para além dele. Tal como Nazareth reúne catálogos transitórios e enciclopédias vividas ao caminhar através de vários tipos de fronteiras, também Chagas (e Beyond Entropy) fizeram com que Luanda, Encyclopedic City ocupasse o Palazzo Enciclopedico em Veneza (mais especificamente, o Palazzo Cini e a sua colecção de obras renascentistas). A série Found Not Taken de Chagas constitui uma enciclopédia pessoal, feita de deambulação, em aberto, uma cartografia ou arquivo das paisagens urbanas que ele próprio habitou – Newport, no PaÃs de Gales, e Londres, para além de Luanda. A série em curso, incluindo imagens realizadas nos três locais, foi exibida recentemente na Belfast Exposed, na Irlanda do Norte, mas a parte com a qual Chagas contribui para o Journal do ICA é fruto do tempo passado em Londres. Quem está familiarizado com Found Not Taken, nomeadamente com o projecto de Veneza, reconhecerá o método utilizado e a qualidade formal alcançada, mas, convém não esquecer, Journal não abdica de inscrição local. O trabalho exposto parte dos próprios movimentos de Chagas no espaço urbano de Londres e de encontros quotidianos com os seus objectos banais e abandonados. Ele reposiciona-os diante de paredes padronizadas, em composições minimais quase geométricas, ainda que lúdicas e poéticas, que nunca se tornam demasiado descritivas. Permite que o espectador veja de perto, em detalhe, mas é essa mesma perspectiva próxima que também oculta, transformando a cidade num conjunto pessoal e peripatético de superfÃcies, de telas. O olhar, aparentemente documental, evidencia opacidade e textura. E o espectador só pode conjecturar sobre o desenrolar de potenciais micro narrativas: o momento em que o objecto abandonado é encontrado (found); a decisão de colocá-lo de determinada forma, de encontro à quela parede em particular; o momento em que não é levado (not taken) ou levado (somente) como imagem (não só pelo fotógrafo, mas também pelo espectador, quando a imagem é impressa em cartaz, como em Veneza). Nesta e noutras séries (como o trÃptico Oikonomos, 2011, e a série Tipo Pass, 2012, ambos explorando o género do retrato), Chagas examina circulação, deslocação e transformação: as múltiplas formas através das quais corpos e identidades, objectos e mercadorias, imagens e imaginações habitam os espaços urbanos do norte global, do sul global, e das fronteiras entre ambos. Os objectos abandonados tornam-se significantes crÃticos da febre consumista (nomeadamente, ainda que não exclusivamente, na Luanda do pós-guerra e de crescimento acelerado onde o artista vive) mas, ao reposicioná-los em configurações novas, Chagas está também a apontar para a possibilidade de reinventar relações alternativas com a/na cidade. É seguindo (n)as pégadas dos movimentos itinerantes de Chagas que o espectador sobe as escadas até à s galerias do piso superior para encontrar o trabalho de Gaillard e de Biscotti. A partir de um interesse pela cidade antiga da Babilónia e pela situação que se seguiu à invasão do Iraque, Gaillard filmou Artefacts (2011) no Iraque do pós-guerra a partir do seu i-Phone, transferindo-o depois para 35 mm. Projectado em loop e acompanhado por uma banda sonora imersiva, o filme é uma montagem rÃtmica onde paisagens naturais e urbanas, arquitecturas antigas e modernas, e objectos, desde tecnologia militar até artefactos históricos que perduram, contam histórias de destruição e sobrevivência. Finalmente, as últimas páginas de Journal no ICA podem ser lidas nas instalações em vÃdeo e escultura de Biscotti. O caminhar performativo e a sua documentação destacam-se novamente. Num monitor colocado no chão, surge a terceira de Tre performance (Three Performances) (2010): Dalla Stazione Marittima al Ministero del Lavoro e Politiche Sociali (From the Seaport to the Ministry of Labour and Social Policy) (2010). No vÃdeo sem som e a preto e branco, originalmente filmado em 8 mm e reminiscente da estética neo-realista, um homem transporta na mão um tijolo de bronze dourado, sÃmbolo de trabalho e de protesto, ao longo dos dois quilómetros que separam o porto marÃtimo de Nápoles do Ministério do Trabalho. De forma algo semelhante ao trabalho performativo-fotográfico de Chagas, realizado com a/na cidade (ainda que o de Biscotti parta mais explicitamente de eventos históricos), Three Performances foram concebidas como um meio de habitar a cidade, os seus espaços sociais e histórias polÃticas – neste caso, Nápoles, onde a artista viveu e estudou. Componentes escultóricas de Title One: The Tasks of the Community (2012), o projecto que Biscotti expôs em Vilnius, na Lituânia, e na Manifesta 9, em Genk, na Bélgica, em 2012, surgem instaladas no chão da última sala. Desenvolvido desde a residência de Biscotti em Vilnius em 2008 e realizado a partir de resÃduos reciclados oriundos da Central Nuclear de Ignalina na Lituânia, recentemente fechada, Title One: The Tasks of the Community foi assim chamado em referência ao tratado que estabeleceu a Comunidade Europeia de Energia Atómica (EURATOM) em 1957 e consiste numa reflexão escultórica pós-minimalista sobre o desenvolvimento histórico da energia nuclear na Europa. O vÃdeo realizado por Biscotti sobre a vida do realizador ucraniano Vladimir Shevchenko, que filmou o rescaldo do desastre nuclear de Chernobyl em 1986 e morreu de cancro um ano depois, e que faz parte do seu projecto The Sun Shines in Kiev (2006), pode ser visto no Journal online. Journal é sobre espaço e as suas múltiplas e interligadas polÃticas e estéticas: espaço histórico e geográfico, social e económico, natural e urbano, material e digital, corpóreo e psÃquico, cultural, racial, de género, sexualidade, e hÃbrido. Reflecte sobre a violência, os falhanços e os projectos inacabados do passado, a violência e as transformações do presente, e as possibilidades de reinvenção do habitar individual e colectivo no futuro. É, significativamente, sobre o papel dos artistas contemporâneos neste processo. E, por isso, é também, inevitavelmente, sobre as possibilidades de reinvenção do habitar individual e colectivo nos próprios espaços onde a arte contemporânea é produzida, exibida e discutida. Ana Balona de Oliveira Investigadora de Pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa e no Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa, Professora Assistente no Courtauld Institute of Art, Universidade de Londres, e curadora independente. ::: Notas [1] Ver http://cadernosdeafrica.blogspot.pt/ (acedido 28 Agosto 2014). Erros de ortografia e tradução surgem nos textos de Nazareth de forma intencional. [2] ‘proyecto:noticias de América [America news]residencia en transito + residency by accident = atraviesar America Latina antes de llegar a los EUA:que todo el polvo del camino se quede en mis pies + viver en blooklin y saber lo que se pasa ahi _ go to Blooklin,NY /USA living there and know what happane there , but before walk by Latin America: that every Latina America land to be in my foot _ [sic]’ em http://www.latinamericanotice.blogspot.co.uk/ (acedido 28 Agosto 2014). [3] Sobre o Atlântico negro e o Atlântico negro ‘lusófono’, ver por exemplo: Paul Gilroy, The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (London: Verso, 1993); Nancy Priscilla Naro, Roger Sansi-Roca, David H. Treece (Eds.), Cultures of the Lusophone Black Atlantic (New York: Palgrave Macmillan, 2007); Miguel Vale de Almeida, An Earth-Colored Sea: ‘Race’, Culture, and the Politics of Identity in the Post-Colonial Portuguese-Speaking World (New York and Oxford: Berghahn Books, 2004). [4] Escrevi sobre esta imagem em relação a outras imagens de arquivo e contemporâneas aqui: http://www.artecapital.net/exposicao-401-sammy-baloji-e-alice-seeley-harris--when-harmony-went-to-hell-congo-dialogues-alice-seeley-harris-and-sammy-baloji. ::: [A autora escreve de acordo com a antiga ortografia] >>>>>> English version Between 25 June and 14 September, the Institute of Contemporary Arts in London hosts the exhibition Journal. It brings together works and projects by Rossella Biscotti, Duncan Campbell, Edson Chagas, Paul Elliman, Cyprien Gaillard, Bouchra Khalili, Marlie Mul, Paulo Nazareth, Ahmet Ӧğüt, Charlotte Prodger & Isla Leaver-Yap, Richard Sides, Joshua Simon, and Koki Tanaka. The accompanying exhibition text acknowledges the absence of a ‘circumscribed theme’. Rather, the visitor finds a ‘looser configuration of individual projects’ which are, nonetheless, coherently gathered on- and off-site, on- and off-line, for their critical examination of several sorts of social practices and spaces. Alongside the onsite exhibition of works in photography, installation and film by Tanaka, Nazareth, Chagas, Gaillard, and Biscotti, there is an equally important online space (http://journal.ica.org.uk/), where commissions (Prodger & Leaver-Yap) and a Journal of the three-month project are on view. The onsite and online exhibition is accompanied by live performances (Ӧğüt), events (Elliman, Sides, Tanaka), artist film screenings (Campbell, Khalili), and talks (Mul, Simon). In partnership with the Faculty of Art, Design and Architecture (FADA) and the Centre for Research in Modern European Philosophy (CRMEP) at Kingston University, London, the one-day symposium ‘Everything is Somehow Included’, which took place in July, examined artists’ negotiation of their roles as activists, organisers, witnesses, archivists and counsellors, and art’s engagement with social practices by means of architecture and urban space. The accompanying ICA Cinematheque series is comprised of Ceddo (Ousmane Sembène, Senegal, 1977), Araya (Margot Benacerraf, Venezuela, 1959), Terra em Transe (Glauber Rocha, Brazil 1967), and Soy Cuba (Mikhail Kalatozov, Cuba/Soviet Union 1964) – important films from the second half of the twentieth century, still relevant today, exploring the political aspirations of struggles against imperialism in the global south. Journal succeeds as curatorial project for, despite the specificity of each individual proposal, the whole does establish a platform for debate around relatable works that examine local and global histories and geographies with the purpose of critically thinking the present. Accessible beyond the space of the ICA, notably through its virtual manifestation online, the projects do not relinquish a concrete inscription in local contexts and the address of specific events. Besides virtual exhibition, the online component, in progress throughout the duration of the onsite Journal and, presumably, available thereafter, becomes a valuable, open and accessible archive of the project. Onsite, the visitor finds Tanaka’s and Nazareth’s installations in the lower galleries, Gaillard’s and Biscotti’s upstairs, and Chagas’ fly-poster prints in the spaces between: his carefully photographed found objects, performatively repositioned against urban walls, appear as posters (themselves transient urban objects) on the walls of the in-transit and non-exhibiting spaces of the ICA. They could not have been better installed. Tanaka presents two new commissions of his ongoing series Precarious Tasks. In Precarious Tasks #8 ‘Going home could not be daily routine’ (2014), he examines relationships between the experience of the riots in the UK in August 2011 and that of the Tohoku earthquake in Japan which destroyed parts of the Fukushima nuclear plant in March that same year. Interested in the everyday relationships people establish in urban spaces and what happens when these are disrupted by unexpected events, and inspired by the experience of Tokyo friends who had to walk back home for hours on the day of the earthquake (the artist retraced one of these walks one year later), Tanaka invited four Londoners living in different neighbourhoods to recount for the camera their personal experiences during the riots and to re-enact their walking journeys from work to home. While acknowledging the incommensurability of the London and Tokyo events (and of lived experience, remembrance and re-enactment, be it in the first or the third person), Tanaka was interested in the sense of precariousness elicited by both and in examining it collectively. In Precarious Tasks #9 ‘24hrs Gathering’ (2014), which took place from 27 to 28 June at the ICA, he tried to approximate, though not recreate, the experience of an artist friend who, during the earthquake, got stuck for some days with other people in the gallery where he was exhibiting work. Participants were invited to spend the day and the night at the ICA, discussing issues of participation, disasters and riots through several sorts of activities and events. The bridging of communities and individuals, their collective histories and personal experiences, through the activity of walking reappears in Nazareth’s installation in the contiguous space. He presents Cadernos de Ãfrica (Africa Notebooks) (2013-ongoing): a five-year walk-performance from his home in Santa Luzia, Minas Gerais, Brazil, to Europe, across the African continent northwards from Cape Town. Nazareth wrote that he wants to ‘know Africa before to go to Europa---know what there is from Africa in my home--- Palmital A, sector 7, Santa Luzia / MG, Brasil---know what is in Europa from my home---know what theres is in Africa from Europa---know what is in Africa from my home [sic]’.[1] As he had done in the American continent with his project NotÃcias de América (News from Americas) (2011-12), when he reached the USA only after traversing Latin America, taking fragments of its lands across borders, in the form of dust accumulated on his unwashed feet, to NYC’s Hudson River, in Cadernos de Ãfrica Nazareth is again heading north by walking in the south.[2] By travelling northwards across the Atlantic and the African continent along the historical and geographic routes of European colonialism and slave trade, he is symbolically reversing directions.[3] Through the exhibiting in London of the material, visual and textual fragments of his ongoing journey and of his many encounters along the way, he opens up a space, personal and collective, present and historical, for thinking about the multiple and complex relations between the global south and the global north. The documentation of the travel, his notebooks, his Journal, arranged according to an apparent order of loose sets on the floor and walls, make up a precarious collection of objects, images and texts, used, found or made by the artist and those he meets: labels and caps of water bottles and carboys, used and still unwrapped pieces of soap, tobacco, hair locks, airplane tickets, adds, drawings, photos, videos, written messages asking (us) ‘o que sente quando me vê por perto?’ (‘what do you feel when you see me around?’), and ‘how is the colour of my skin?’. Drawing, in this as in previous works, upon the politics of his own mixed ethnicity and family history (Krenak on his mother’s side, and Italian and African on his father’s), Cadernos is a personal archive, if also collaborative, a critical cartography of the histories and geographies of colonial-capitalist exploitation which still linger in the class, race and gender inequalities in contemporary Brazil. And in the UK too: Nazareth’s installation includes an actual notebook, a bilingual booklet in Portuguese and English, dedicated to London City and the United Kingdom, which the viewer-reader can take and complete ‘with their lived and imagined memories from theses places’. In this small publication printed on newsprint (besides several blogs, Nazareth also makes some of his projects circulate as/in pamphlets), he gives instructions of several sorts (‘British treasure to compensate the ex-colonies’), accompanied by black-and-white archival photographs of black London and imperial London, African queens and the British Crown Jewels, the Black Power movement and the Ku Klux Klan, Marcus Mosiah Garvey, black Ethiopian Jews and, on the last page, the caption reading ‘photographer and photographed: non-identified’, as almost all other captions, and yet very familiar, the photo of the British missionary Alice Seeley Harris where she is the only one with a name (Alice Seeley Harris / J.H. Harris, Alice Seeley Harris with a large group of Congolese children, Congo Free State, c.1904).[4] The absence of identification, intentional or not, has a powerful effect: she loses at least that privilege. In his Golden Lion-awarded project for the Angolan Pavilion at the 55th Venice Biennale in 2013, curated by Beyond Entropy, Chagas also made his photographic work circulate: printed as posters, stacked in sculptural sets placed on the floor, the visitors were invited to take his photographs, thereby making their own version of the catalogue and disseminating the exhibition within and beyond the urban space of Venice. Just as Nazareth gathers transient catalogues and lived encyclopedias by walking across several sorts of borders, so Chagas (and Beyond Entropy) made Luanda, Encyclopedic City occupy Venice’s Palazzo Enciclopedico (more specifically, the Palazzo Cini and its collection of Renaissance artworks). Chagas’ Found Not Taken series makes up a personal, made-out-of-roam, open-ended encyclopedia, a cartography or archive of the urban landscapes he himself has inhabited – Newport, Wales, and London, besides Luanda. The ongoing series, encompassing images taken in the three places, has been recently exhibited at Belfast Exposed, Northern Ireland, but the part with which Chagas contributes to the ICA Journal is a response to time spent in London. Those familiar with Found Not Taken, notably the Venice project, will recognise the method used and formal quality achieved but, again, Journal does not do away with local inscription. The work on view departs from Chagas’ own movements in the London urban space and from everyday encounters with its banal, discarded objects. He repositions them against patterned walls in almost geometric, if also playful and poetic, minimal compositions that never become too descriptive. He allows the viewer to see up-close, in detail, but it is that very close-up perspective that also conceals, turning the city into a personal and peripatetic set of surfaces, of screens. The gaze, apparently documentary, evinces opacity and texture. And the viewer can only suspect the unfolding of potential micro narratives: the moment when the abandoned object is found; the decision to place it that way, against that particular wall; the moment when it is not taken or taken (only) as image (not only by the photographer but also by the viewer when the image is printed as takeaway poster, as in Venice). In this and other series (like the triptych Oikonomos, 2011, and the series Tipo Pass, 2012, both exploring the genre of portraiture), Chagas examines circulation, dislocation and transformation: the multiple ways in which bodies and identities, objects and commodities, images and imaginations dwell in the urban spaces of the global north, the global south and in between. The discarded objects become critical signifiers of the fever of consumerism (notably, though not exclusively, in post-war, fast-growing Luanda where he currently lives) but, by rearranging them into new configurations, Chagas is also pointing towards the possibility of reinventing alternative relations with(in) the city. It is by following (in) the footsteps of Chagas’ wandering movements that the viewer climbs the stairs to the upper galleries to find Gaillard’s and Biscotti’s work. Departing from an interest in the ancient city of Babylon and the aftermath of Iraq’s invasion, Gaillard shot Artefacts (2011) in post-war Iraq on his i-Phone and transferred it to 35 mm. Screened in a loop and accompanied by an immersive soundtrack, the film is a rhythmic montage where natural and urban landscapes, ancient and modern architectures, and objects, ranging from warfare technology to enduring historical artefacts, tell histories of destruction and survival. Finally, the last pages of the onsite Journal can be read in Biscotti’s video and sculptural installations. Again, performative walking and its documentation stand out. On a TV monitor on the floor, the third of Tre performance (Three Performances) (2010) is on view: Dalla Stazione Marittima al Ministero del Lavoro e Politiche Sociali (From the Seaport to the Ministry of Labour and Social Policy) (2010). In the black-and-white silent video, originally shot in 8 mm and reminiscent of neo-realism, a man carries a golden brass brick, symbol of labour and protest, along the two kilometres separating the Naples seaport from the Ministry of Labour. Somewhat similarly to Chagas’ performative-photographic work made with(in) the city (though Biscotti’s departs more explicitly from historical events), Three Performances were conceived as a means of inhabiting the city, its social spaces and political histories – in this case, Naples, where she lived and studied. Floor-based sculptural components of Title One: The Tasks of the Community (2012), the project that Biscotti exhibited in Vilnius, Lithuania, and at Manifesta 9 in Genk, Belgium, in 2012, are exhibited in the last room. Developed since Biscotti’s residency in Vilnius in 2008 and made from recycled waste material from the recently closed Ignalina Nuclear Power Plant in Lithuania, Title One: The Tasks of the Community was named after the treaty that established the European Atomic Energy Community (EURATOM) in 1957 and consists of a sculptural post-minimalist reflection on the historical development of nuclear energy in Europe. The video Biscotti made on the life of the Ukrainian filmmaker Vladimir Shevchenko, who shot the aftermath of the Chernobyl nuclear disaster in 1986 and died of cancer one year later, and which is part of her project The Sun Shines in Kiev (2006), is on view in the online Journal. Journal is about space and its multiple and intertwined politics and aesthetics: historical and geographic space, social and economic, natural and urban, material and digital, bodily and psychic, cultural, racial, gendered, sexual, and hybrid. It reflects on the violence, the failures and unfinished projects of the past, the violence and transformations of the present, and the possibilities for the reinvention of individual and collective dwelling in the future. It is, significantly, about the role of contemporary artists in the process. And so, it is also, inevitably, about the possibilities for the reinvention of individual and collective dwelling in the very spaces where contemporary art is produced, exhibited and discussed. Ana Balona de Oliveira Postdoctoral Researcher at the Centre for Comparative Studies of the University of Lisbon and at the Institute for Art History of the New University of Lisbon, a Visiting Lecturer at the Courtauld Institute of Art, University of London, and an independent curator. ::: Notes [1] See http://cadernosdeafrica.blogspot.pt/ (accessed 28 August 2014). Spelling and translation mistakes appear in Nazareth’s texts intentionally. [2] ‘proyecto:noticias de América [America news]residencia en transito + residency by accident = atraviesar America Latina antes de llegar a los EUA:que todo el polvo del camino se quede en mis pies + viver en blooklin y saber lo que se pasa ahi _ go to Blooklin,NY /USA living there and know what happane there , but before walk by Latin America: that every Latina America land to be in my foot _ [sic]’ in http://www.latinamericanotice.blogspot.co.uk/ (accessed 28 August 2014). [3] On the Black Atlantic and the ‘Lusophone’ Black Atlantic, see for example: Paul Gilroy, The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (London: Verso, 1993); Nancy Priscilla Naro, Roger Sansi-Roca, David H. Treece (Eds.), Cultures of the Lusophone Black Atlantic (New York: Palgrave Macmillan, 2007); Miguel Vale de Almeida, An Earth-Colored Sea: ‘Race’, Culture, and the Politics of Identity in the Post-Colonial Portuguese-Speaking World (New York and Oxford: Berghahn Books, 2004). [4] I wrote on this image in relation to other archival and contemporary images here: http://www.artecapital.net/exposicao-401-sammy-baloji-e-alice-seeley-harris--when-harmony-went-to-hell-congo-dialogues-alice-seeley-harris-and-sammy-baloji.
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