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MACAM INAUGURA DUAS EXPOSIÇÕES QUE EXPLORAM A REFLEXÃO, A PALAVRA E O EU PLURAL

2025-11-23




A partir de 22 de novembro até 1 de junho de 2026, o MACAM recebe duas novas exposições temporárias que convidam o público a refletir sobre os limites do visível, a multiplicidade do eu e o poder da arte como espaço de questionamento. Na Galeria 3, estreia “Entre a Palavra e o Silêncio”, obras da coleção de José Carlos Santana Pinto, com curadoria de Adelaide Ginga, enquanto a Galeria 4 acolhe “O eu como múltiplo”, a terceira exposição temporária da Coleção MACAM, com curadoria de Carolina Quintela.

“Entre a Palavra e o Silêncio” apresenta pela primeira vez ao público a coleção privada de José Carlos Santana Pinto, formada ao longo de mais de quarenta anos de curadoria pessoal e intensa dedicação. Com cerca de 70 obras de artistas portugueses e internacionais, a exposição propõe um percurso que articula palavra, minimalismo e pensamento conceitual. As obras desafiam o visitante a uma leitura atenta, onde as mensagens não são imediatas, estimulando reflexão e diálogo interior.

A singularidade da coleção está na proximidade e no acompanhamento cuidadoso que o colecionador manteve com os artistas e seus projetos. Cada núcleo da exposição revela uma coerência interna, mostrando como a arte pode conjugar estética e dimensão crítica, provocando perguntas e instigando o olhar.

Mais do que um acervo, essas obras viveram no cotidiano de José Carlos Santana Pinto, convivendo com ele em sua casa e acumulando recordações, afetos e experiências. O visitante é conduzido a entrar em um universo íntimo e cosmopolita, onde diversas formas de pensar a arte se cruzam. “Entre a Palavra e o Silêncio” inaugura um novo ciclo de colaborações do museu com colecionadores privados, reforçando o papel do MACAM como espaço de encontro entre artistas, colecionadores e público.

Já na Galeria 4, “O eu como múltiplo” convida a percorrer a identidade como um território em constante transformação, onde cada gesto, memória e imagem se entrelaçam, refletindo quem somos e em quem nos tornamos. O percurso reúne obras de diferentes gerações e nacionalidades, do figurativo ao imaginário, criando um diálogo entre o visível e o invisível, entre a presença concreta e as camadas subjetivas do ser. A exposição sugere perceber o eu não como essência fixa, mas como conjunto de experiências, reflexos e relações com o outro e com o mundo.

Com variadas figuras em movimento, a obra transforma o corpo em esfera de expressão e experimentação. O eu se manifesta de maneiras múltiplas e simultâneas, atravessando normas, expectativas e limites, enquanto o visitante se envolve com o espaço, tornando-se parte da reflexão sobre identidade, memória e experiência coletiva.

Exibindo obras de Ana Vieira, Helena Almeida, John Baldessari, José Pedro Croft e Juan Muñoz, entre outros artistas, a mostra proporciona uma imersão sensorial e introspectiva. Cada obra abre possibilidades de autopercepção e reconhecimento do outro, evidenciando que a identidade é um processo contínuo e plural, em que corpo, tempo e vivência convergem para revelar a complexidade do sujeito contemporâneo.

Entre a força interrogativa da palavra e a metamorfose constante do eu, o MACAM torna-se um ambiente de encontros: com as obras, com o outro e consigo mesmo. Cada visita é um convite a explorar contemplativamente ideias, memórias e múltiplos modos de existir.


Por Julia Ugelli