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OBRAS INÉDITAS DE DAVID LYNCH APRESENTADAS EM BERLIM2025-12-18Já passaram três anos desde que a Pace Gallery assinou um contrato com o conceituado artista e cineasta David Lynch e realizou a sua última exposição em Nova Iorque. Se o estrondoso sucesso do recente leilão da sua colecção serve de indicação, a morte de Lynch em Janeiro deste ano não diminuiu em nada o seu enigma. Felizmente, o realizador de “Twin Peaks” e “Veludo Azul” também produziu muitas obras de arte igualmente impactantes. A 29 de janeiro de 2026, a Pace irá revelar várias criações inéditas de Lynch como parte da sua segunda exposição individual na galeria. A apresentação em Berlim "baseia-se numa ideia que Lynch vinha desenvolvendo ativamente no ano passado", disse-me Genevieve Day, diretora sénior da Pace, por e-mail. Lynch, como se sabe, começou por estudar arte, e não cinema. Frequentou primeiro a Corcoran School of the Arts and Design em Washington, D.C., depois a School of the Museum of the Fine Arts em Boston, antes de ir para a Pennsylvania Academy of the Fine Arts em Filadélfia, depois de tentar, sem sucesso, estudar com o mestre expressionista vienense Oskar Kokoschka em Salzburgo. Em 1967, ainda estudante em Filadélfia, Lynch fez a sua primeira "pintura em movimento", “Six Men Getting Sick (Six Times)” — geralmente considerado o seu filme de estreia. Dez anos e sete curtas-metragens depois, Lynch realizou a sua primeira longa-metragem, “Eraserhead” (1977). O resto é história. Mas Lynch continuou a criar e a exibir arte ao longo da sua carreira cinematográfica. Quando Pace o contratou em 2022, já tinha acumulado um extenso e consistente currículo de exposições coletivas e individuais, de Dallas a Düsseldorf, incluindo várias com o seu representante, a galeria Kayne Griffin Corcoran, sediada em Santa Monica, que Pace acabou por adquirir. A sua primeira exposição póstuma, uma ampla mostra de obras em papel, fotografia e gravuras intitulada "David Lynch: Up In Flames", foi inaugurada em junho deste ano e permanece patente no Centro de Arte Contemporânea DOX, em Praga, até fevereiro. A Pace planeia oferecer uma seleção mais focada da obra de Lynch no espaço berlinense que inaugurou em janeiro passado, num antigo posto de abastecimento de combustível, em parceria com a Galerie Judin. A exposição contará com pinturas em técnica mista inéditas e aguarelas emolduradas pelo próprio Lynch. Três luminárias, semelhantes às que apareceram na estreia de Lynch na Pace em 2022, também “pontuarão a galeria com a sua iluminação singular”, segundo o comunicado de imprensa da Pace, “cada uma um artefacto dos ambientes físicos e atmosféricos evocados por Lynch”. Várias das suas primeiras curtas-metragens serão também exibidas na exposição “em diálogo com as pinturas”, observou Day. Enquanto a última exposição de Lynch na Pace destacou os seus trabalhos mais recentes, as obras programadas para a exposição sem título do próximo mês abrangerão o período de 1999 a 2022. Os primeiros exemplares virão de uma série pouco vista de fotografias a preto e branco que Lynch tirou na viragem do milénio, imortalizando as cenas industriais características de Berlim. Estas imagens contextualizam a relação de Lynch com a cidade e com a Europa em geral. A exposição na Alemanha, no próximo mês, será apenas um aperitivo para o prato principal que se avizinha. No próximo outono, a Pace planeia realizar uma retrospetiva muito maior e abrangente da obra de Lynch na sua filial de Los Angeles, inaugurada há três anos, celebrando o talento incomparável do cineasta na cidade a que chamou casa durante mais de meio século. “David Lynch” estará patente na Pace Gallery, Die Tankstelle Bülowstraße 18, Berlim, de 29 de janeiro a 22 de março de 2026. Fonte: Artnet News |















