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MUSEU BRITÂNICO LANÇA PROGRAMA A LONGO PRAZO DE EMPRÉSTIMOS PARA EX-COLÓNIAS2025-12-22O Museu Britânico lançou um novo programa que prevê a partilha de artefactos da sua coleção com museus de antigas colónias britânicas. Os empréstimos ao abrigo do “novo modelo” podem durar até três anos. Visam chegar a um consenso em resposta aos crescentes apelos para a repatriação de tesouros culturais acumulados pelas colecções ocidentais na era colonial. Esta semana, cerca de 80 antiguidades gregas e egípcias foram transferidas para o Museu Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya (CSMVS) em Mumbai, Índia. Permanecerão em exposição durante três anos na galeria de estudo do museu, “Redes do Passado: A Índia e o Mundo Antigo”. O acordo é o mais recente desenvolvimento de uma parceria de 15 anos entre o CSMVS e o Museu Britânico. “Acreditamos que este modelo que estamos a desenvolver é muito positivo e inovador”, disse o diretor do Museu Britânico, Nicholas Cullinan, ao jornal The Telegraph, durante uma cerimónia de entrega no museu. Acrescentou que o novo modelo é “muito mais positivo, baseado na colaboração, do que este modelo binário de soma zero, tudo ou nada, que algumas pessoas propõem”. O Museu Britânico recebeu pedidos de governos de todo o mundo para repatriar objetos da sua coleção, incluindo da Grécia e da Jamaica. Pedidos semelhantes foram feitos por funcionários de museus ou académicos no Egipto, na China e no Sudão. A Índia solicitou também a devolução de tesouros culturais saqueados durante o período colonial, incluindo o diamante Koh-i-Noor e os Mármores de Amaravati. Apesar disso, o museu tem insistido que não pode devolver objetos da sua coleção a título definitivo, excepto em circunstâncias excepcionais, devido à Lei do Museu Britânico de 1963, que impõe limitações rigorosas à devolução de objetos. Cullinan, que ingressou no Museu Britânico na primavera de 2024, tem sofrido pressões para encontrar uma solução. Mencionou pela primeira vez a ideia de uma “biblioteca de empréstimo” no verão passado, uma ideia que, segundo ele, surgiu da questão: “Como podemos fazer algo positivo com este legado?” O diretor afirmou que espera que tal modelo permita que os Mármores do Partenon regressem à Grécia sem deixar a coleção do Museu Britânico. Até à data, a Grécia rejeitou qualquer tipo de empréstimo a longo prazo das esculturas, uma vez que, para aceitar tal acordo, teria de reconhecer o direito do Museu Britânico de as possuir. O que não acontece. No caso do CSMVS, porém, o museu indiano aceita de bom grado o empréstimo de cerca de 80 objectos que não são de origem indiana. Cullinan visitou recentemente a China e a Nigéria e está a planear uma viagem ao Gana, possivelmente para negociar futuras parcerias que permitam ao Museu Britânico partilhar os seus tesouros com instituições internacionais sem que nenhum objecto saia permanentemente da sua colecção. “Isto pode ser muito benéfico”, disse Cullinan sobre este modelo. “Diplomacia cultural, é isso que os museus devem fazer.” “Não é preciso envergonhar o seu próprio país para fazer algo positivo com outro país”, acrescentou. Cerca de 300 obras foram emprestadas para a exposição “Redes do Passado: Índia e o Mundo Antigo” por 15 museus da Índia e do mundo, incluindo o Museu Britânico, os Museus Estatais de Berlim e o Museu Rietberg em Zurique. A exposição pretende examinar as ligações globais da Índia na Antiguidade, construindo um mapa de diálogo e intercâmbio que se estende à Mesopotâmia, Egito, Roma, Grécia, Pérsia e China. Ao fazê-lo, procura descentralizar as perspetivas ocidentais sobre a época. O diretor-geral do CSMVS, Sabyasachi Mukherjee, disse ao Telegraph que a galeria “descolonizará a narrativa”. Um dos destaques expostos, proveniente da Coleção Britânica, é uma maqueta em madeira de um barco fluvial com 4000 anos e outra de dois bois a puxar um arado, ambas do Egito. A mostra apresenta ainda artigos da época romana, como um mosaico, um busto de mármore de Augusto e um pimenteiro de prata importado da Índia. “Sofremos durante muitos anos e a colonização penetrou na nossa educação, na nossa cultura”, disse Mukherjee. “Todas as culturas são óptimas e precisamos de respeitar todas elas.” Fonte: Artnet News |














