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PORQUE É QUE AS VÍTIMAS DE POMPEIA ESTAVAM VESTIDAS COM LÃ QUANDO O VESÚVIO ENTROU EM ERUPÇÃO NO VERÃO!

2025-12-22




A erupção vulcânica que atingiu a cidade turística romana de Pompeia pode ser o desastre natural mais famoso da história da humanidade. Mas um pormenor crucial sobre a catástrofe continua a intrigar os especialistas: o dia exato, ou mesmo o mês, em que aconteceu. O consenso é que o Monte Vesúvio entrou em erupção a 24 de agosto de 79 d.C., mas uma nova pesquisa complica esta noção predominante. Isto porque algumas vítimas de Pompeia vestiam lã — no ameno verão italiano.

Os especialistas da ÁTROPOS — um grupo de investigação que estuda “a cultura da morte” na Universidade de Valência, em Espanha — examinaram 14 dos mais de mil corpos encontrados em Pompeia nos últimos 250 anos. Estes exemplares em particular surgiram originalmente em 1975 na necrópole da cidade desaparecida, perto da Porta Nola — um enorme portão que outrora dava acesso a uma das principais vias de Pompeia.

Os corpos daqueles que morreram no Monte Vesúvio estão notoriamente bem preservados hoje em dia, graças às cinzas vulcânicas e à pedra-pomes que os protegeram da decomposição oxidativa. A equipa da ÁTROPOS aproveitou este fenómeno, analisando os tecidos congelados no tempo em moldes de gesso criados a partir destes corpos.

Os investigadores ficaram perplexos ao descobrir que a maioria das 14 pessoas examinadas usava lã quando morreu. Um comunicado da Universidade de Valência sobre o estudo admite que "a lã era o tecido mais comum e acessível da época". Mas a equipa da ÁTROPOS também reparou que as pessoas que usavam as roupas estavam vestidas por camadas, com uma túnica e uma capa de lã. Além disso, quatro destas pessoas apresentavam evidências claras de um tricô de lã excecionalmente grosso. Alguns destes corpos vestidos de lã foram encontrados ao ar livre. Outros, em ambientes fechados. O local não pareceu ser relevante.

“As roupas usadas pelas vítimas sugerem não só a possibilidade de um clima mais frio do que o normal, mas também um dia com um ambiente hostil do qual precisavam de se proteger”, acrescentou Llorenç Alapont, arqueólogo, antropólogo e professor da Universidade de Valência, no comunicado divulgado esta semana.

Embora seja certamente plausível que estas vítimas estivessem agasalhadas para se protegerem do calor, dos gases e dos detritos gerados pela erupção mortal do Monte Vesúvio, é difícil ignorar a possibilidade de que os críticos possam ter razão — talvez o desastre tenha ocorrido em Outubro, e não em Agosto. Afinal, “a presença de frutos de outono, braseiros com restos de brasas nas casas e vinho a fermentar em dolias (grandes potes de barro semelhantes a ânforas) sugere que a data pode ter sido posterior”, referiu o comunicado.

De facto, a ÁTROPOS apresentou a sua mais recente descoberta num congresso internacional centrado precisamente neste debate. Ainda não se sabe se planeiam aprofundar a discussão produzindo um estudo revisto por pares, embora Alapont tenha abordado o tema num artigo que ajudou a publicar em 2023.


Fonte: Artnet News