Links

SNAPSHOT. NO ATELIER DE...
























Outros registos:

celine s diaz



Guilherme Figueiredo



Babu



Tiago Loureiro



S/ Título



Francisco Rivas



Beatriz Roquette



César Barrio



João Gomes Gago



Joana Franco



Rudi Brito



Pedro Batista



Coletivo Artístico Pedra no Rim



José Almeida Pereira



Nuno Cera



Vanda Madureira



João Ferro Martins



Mattia Denisse



Catarina Patrício



Bruna Vettori



André Silva



Manoela Medeiros



Tiago Madaleno



Catarina Cubelo



Bruno Silva



HElena Valsecchi



Diogo da Cruz



José Costa



Maria Bernardino



Melissa Rodrigues



Tânia Geiroto Marcelino



Xavier Ovídio



André Alves



Adrian Conde Novoa



Samuel Silva



Rui Castanho



James Newitt



Mariana Gomes



Daniel Fernandes



Diana Carvalho



Giammarco Cugusi



Rita Senra e João Pedro Trindade



Catarina Domingues



Cristina Regadas



Lionel Cruet



Pedro Vaz



Luís Nobre



Joana Taya



Angel Ihosvanny Cisneros



Rodrigo Gomes



Ludgero Almeida



Francisco Sousa Lobo



Letícia Ramos



Valter Vinagre



Andrés Galeano



João Pedro Fonseca



Pedro Proença



Tiago Baptista



António Guimarães Ferreira



João Seguro



Isabel Madureira Andrade



Fernando Marques Penteado



Virgílio Ferreira



Antonio Fiorentino



Alexandre Conefrey



Filipe Cortez



João Fonte Santa



André Sier



Rui Algarvio



Rui Calçada Bastos



Paulo Quintas



Miguel Ângelo Rocha



Miguel Palma



Miguel Bonneville



Ana Tecedeiro



João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira



João Serra



André Gomes



Christine Henry



Joanna Latka



Fabrizio Matos



Andrea Brandão e Daniel Barroca



Jarosław Fliciński



Pedro Gomes



Pedro Calapez



João Jacinto



Atelier Concorde



Noronha da Costa



Pedro Valdez Cardoso



João Queiroz



Pedro Pousada



Gonçalo Pena



São Trindade



Inez Teixeira



Binelde Hyrcan



António Júlio Duarte



Délio Jasse



Nástio Mosquito



José Pedro Cortes




PAULIANA VALENTE PIMENTEL

LIZ VAHIA


 

 

Neste momento com uma exposição resultante de uma residência artística no Algarve com outros criadores, a Artecapital foi falar com a fotógrafa Pauliana Valente Pimentel sobre isso mesmo: o processo de criação, os modos de trabalho, as referências, sobre o “ter tempo para construir algo genuíno”. Depois de projectos como “Jovens de Atenas” e “The Passenger”, os jovens e uma certa perspectiva de ver o mundo voltam aqui a ser um foco de atenção da câmara de Pauliana.  

 

Por Liz Vahia

 

>>>

 


LV: A tua produção estende-se entre a fotografia, o filme e os livros. Como é que um trabalho se traduz na sua materialidade? É algo que já está definido quando inicias um projeto ou há uma período de experimentação antes?

 

PVP: Depende do projeto, mas a fotografia é sempre a base, ou seja, é a fotografia o meio que eu uso para me exprimir. No caso dos meus projetos pessoais, existe à partida um conceito/temática que é explorado com leitura de livros, filmes, música. Existem projetos em que acho interessante para além da fotografia ter também imagem em movimento – vídeo, e isso sim é definido antes de ir para “o terreno” porque não sou eu que filmo, gosto sempre de convidar um outro artista para filmar.
O livro, surgiu sempre por convite, e eu gostaria de voltar a esse desafio num futuro breve. Para mim, o livro, é uma das melhores formas de imortalizar o trabalho. Também gosto muito de ver as fotografias numa parede de um determinado espaço – é um desafio tal e qual como fazer um livro – quando estou a editar e a pensar numa exposição é como se tivesse um livro aberto e estou a contar uma história – que pode ser narrativa ou puramente sensorial, é interessante também pensar no tipo de papel que melhor se adequa e os tamanhos. No fundo todos os processos são uma experimentação, e um desafio – um encontrar a melhor forma de apresentar o trabalho.

 


LV: Na tua exposição atual, “Behaviour of Being”, na Galeria das Salgadeiras, a ideia de comunidade que se criou naquela residência artística, parece que concorre para um repensar da individualidade nos processos de criação contemporânea. O teu projeto pessoal ali de alguma maneira se transformou com o contacto com os outros participantes?

 

PVP: Este trabalho foi realizado no Algarve, e mostra um Algarve bem diferente daquele que imaginamos, cheio de hotéis e turistas. Existe também uma outra realidade, conseguimos encontrar locais idílicos onde a Natureza é esplendorosa e esmagadora, onde impera o silêncio e a contemplação. Foi este o ambiente que retratei numa zona entre Lagoa Velha e Monte do Eucalipto, em Castro Marim. As imagens silenciosas e contemplativas surgiram naturalmente do meu também estado silencioso e contemplativo a que este lugar convida. Por um lado tinha a natureza esmagadora e por outro a convivência diária com os artistas - que também eles me influenciaram e conduziram o meu trabalho, sem pensar, e de uma forma natural. Foi interessante ver como estes diferentes jovens trabalham no meio da natureza, que materiais utilizam (houve um dia que tiveram a pintar com tinta vermelha extraída dos figos do diabo), os hábitos do dia a dia - a leitura, o yoga, a escrita.....que eu própria dava por mim a querer escrever, a querer desenhar, no fundo a querer reflectir sobre a minha forma de ver o mundo. No fim percebi mais uma vez, que gosto de ter tempo, e que preciso de ter tempo para construir algo genuíno.

 


LV: As tuas fotografias parece que implicam sempre uma ideia de viagem, mesmo que não seja geográfica, é sempre a um universo que se nos dá a conhecer. Concordas que há sempre uma deslocação de olhares, de perspectivas?

 

PVP: Sim, Concordo. Eu gosto de fotografias não óbvias, dúbias....que permitam ao observador viajar numa determinada imagem, não só em termos da composição, da luz, mas também do ser ou objecto fotografado, e ficarem intrigados... poderem interpretar à sua maneira, e muitas vezes terem que voltar a essa imagem para a voltarem a descobrir algo de novo.

 


LV: A temática da juventude também está muito presente no teu trabalho. Que características que interessam nesse período, porque é que continua a interessar-te?

 

PVP: A temática da juventude surgiu por acaso, quando os Encontros de Imagem em 2012, convidaram a Kameraphoto - o colectivo ao qual pertencia, a realizar um trabalho sobre a juventude e eu decidi fazer um trabalho sobre os “Jovens de Atenas”, porque nessa altura tinha se começado a falar da crise na Grécia, e havia manifestações violentas todos os dias em Atenas, e eu quis ver com os meus próprios olhos como é que os jovens estavam a lidar com esta viragem na Europa. Durante um mês fiz um retrato de nove jovens, e foi tudo muito entusiasmante. Posteriormente com o projeto “The Passenger” fiz uma viagem de comboio pelo norte da Europa – Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia....e onde mais uma vez interessou-me retratar jovens artistas. Recentemente, fui também convidada para uma residência em Cabo Verde, no Mindelo, e debrucei-me num grupo de jovens que se vestem de mulheres e vivem isso de uma forma pacifica e glamorosa, trabalho que irá ser mostrado brevemente.
Sim, a juventude interessa-me porque é uma fase da vida, em que apesar dos problemas que possam haver, como toda esta reviravolta social e política na Europa, ou os preconceitos de género que ainda existem a nível mundial – os jovens têm uma força e um optimismo na vida em geral, que é contagiante, e acreditam que podem mudar o mundo. Para eles tudo é possível.

 


LV: A fotografia faz parte da tua vida diária? Ou há períodos em que estás a preparar projetos e não fotografas?

 

PVP: Sim a fotografia faz parte da minha vida diária, não quero com isto dizer que fotografo da mesma forma como fotografo quando estou a realizar um projeto. Normalmente tiro fotografias diárias, muito poucas, como diário de acontecimentos ou pensamentos que vão surgindo. Também é usual ir ver fotografias de outros fotógrafos e ir guardando como apontamentos – ou pelos enquadramentos, luz, originalidade. Esta recolha diária serve de esboços para ideias futuras. Depois também entre projetos, surgem trabalhos pontuais para revistas ou jornais estrangeiros, e aí fotografo intensamente. Durante os projetos, existem varias fases, a fase de fotografar todos os dias, e depois a fase de pausa em que não olho mesmo para o que fotografei e depois a fase de edição, em que demoro muito tempo a analisar o que fiz e a selecionar as fotografias.