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ARQUITETURA E DESIGN

























































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A PROPÓSITO DE ONDE VAMOS MORAR? — CICLO DE CINEMA POR ANDY RECTOR

MADALENA FOLGADO E ANDY RECTOR


19/11/2023

 

 

  

I.

Caros leitores...de todos os campos

Poupar-vos-ei da descrição do modo como me encontrei com este ciclo de cinema, com lugar no Cinema Ideal em Lisboa e na Casa das Artes no Porto. Como quase sempre, o tema surgiu como obra do acaso — Será? Trata-se, afinal, de saber Onde vamos morar? Questão muito bem formulada porque no plural…Recebemos há muito a notificação de Freud: "Não somos senhores da nossa própria casa". Há Outro a habitar-nos, mas ainda assim, temos vindo a teimar em expulsá-lo. É ele agora quem nos expulsa. 

De tão desatentos, o Outro regressou como NOSFERATU; i.e., filme de terror. Como na proposta do agente imobiliário da obra ficcionada, as possibilidades são apenas de lucro; chegam-nos de fora, não necessariamente da Transilvânia, mas igualmente não sem “um pouco de esforço…um pouco de suor…e talvez de um pouco de sangue…” Sabemos agora a muito custo, que mais do que possibilidades de lucro, que é mais do que tempo de pensar a “Superabundância do Possível” como refere Marie-José Mondzain, num belíssimo ensaio em torno do cinema, mas sobretudo sobre a imagem, que como refere também, "não é um reino", já que a possibilidade de criação coincide com a própria abolição dos reinos. 

Mas dizer que há Outro a morar cá em casa é também dizer que existem alternativas…Ou Alter (= Outro) Nativos; i.e., nativos outros. Será pois melhor manter amizade com o nosso Nosferatu pessoal; reservar espaço em casa para com ele negociar. Andy Rector, até ver, não é de todo assustador, mas é o estrangeiro a morar em Portugal convidado a programar este ciclo de cinema, que abre com AS OPERAÇÕES SAAL (2007) de João Dias. Além de programador é também crítico de cinema, autor do blog Kino Slang…E cine-colagista; por-ventura, a maneira com que o programador escapa ao tempo linear. 

Escapar ao tempo linear não é alienarmo-nos da vida enquanto força de realizar. Pelo contrário, é produzir através da montagem e remontagem do tempo (e do espaço) campos de vínculo — na melhor das hipóteses, de solidariedade — capazes de reequilibrar o mapa dos campos de domínio — todos os modos de domínio; o mesmo que dizer, dos reinos. É abrirmo-nos para a possibilidade de criar comunidade. Ou, melhor: de nos encontrarmos enquanto comunidade em devir, no movimento puro das imagens; pensando aqui pureza enquanto estado de tensão cocriativa do mundo. Refiro-me, a uma espécie de iniciação à magia, ao incomputável e por isso mesmo ao espanto — antes que o império do computável, as suas redes (sociais) e clowds nos imponham falsas fronteiras; obstruam os poros da memória, que como sabemos, são os mais delicados caminhos de encontro. Há imagens que nos unem por pura sensibilidade; pele reversa. Andy Rector fala-nos já a seguir de um país em falta no mapa; diria, em falta porque menos fálico…

O que aqui está a ser dito pode parecer ‘abstrato’, ou mesmo pouco ou nada concreto arquitetonicamente falando, mas talvez seja esse mesmo o caminho a percorrer se não quisermos reduzir o humano a uma mercadoria — Chama-se a isto reificar…e Reificar é também, por exemplo, o nome escolhido por uma empresa, parte de um grande grupo económico, que se apresenta como uma "equipa multidisciplinar que presta todos os serviços para [...]" que transforma o abstrato em concreto. Para o bem e para o mal, a realidade é polissémica, não falta hoje quem coopte imagens, principalmente, dos mais inesperados caminhos, como foi o programa SAAL, tornado possível pelo espírito de solidariedade do período revolucionário. Sorte teremos se nos percebermos desde sempre em plena orbita de significantes — imagens. Não tanto criadores, mas antes testemunhas do encontro entre o Agora e o Outrora (W. Benjamin); das imagens que regressam formando constelações, pedindo-nos a mais profunda redenção. E, então, dizer com Paul Éluard: “Por toda a parte / o centro do amor”. O pior que nos pode acontecer é a servidão voluntária, que aceita o fechamento do mundo em conceitos dados por especialistas…Por assim ser, sou não arquiteta ou especialista mas espacialista — espacialista, portanto, até onde a imagem não seja um reino

Neste instante, só me consigo lembrar da famosa pose de eficiência, dir-se-ia própria de quem faz coisas concretas, talvez por isso de personalidade pouco flexível. Refiro-me à pose de braços cruzados; tão cara entre arquitetos e a todos nós, em geral, quando se trata de defender os nossos pequenos — e em alguns casos tornados grandiosos — reinos. Mais do que abolir tais reinos, a par do que sucedera nas operações SAAL, será necessária a expropriação, desta feita, dos mais variados domínios, para que seja o espaço-em-comum a construir sentido(s). Segundo Nuno Portas, criador do programa SAAL, os vazios — as ruas, as praças, etc. — foram desde sempre mais perenes que as (concretas) construções. Nos caminhos, descobrimos a dimensão do encontro. Uma vez suspenso o domínio, perguntar-nos-emos então quem estará no caminho de quem? Ou, como é que o Outro me acontece? 

Para muitos portugueses o programa SAAL ressoa apenas a SAL, como podemos ver num dos fotogramas d’AS OPERAÇÕES SAAL que integra a colagem de Andy Rector. No fundo, e esperando não ser spoiler, o que este nosso Alter Nativo — por excelência auto-didacta, coisa rara em tempos onde a sobrevivência se iguala a ter um domínio — nos propõe quando questionado quanto ao seu encontro com o programa SAAL, será não muito diferente do questionamento bíblico: “Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se?” Andy Rector permitiu que o seu ciclo fosse atravessado por galinhas. Melhor: galinhas ilegais, tema da colagem que aqui também apresentamos. Refere que, entre outros itens de uma tornada famosa lista, elas são igualmente materiais do cinema — Bem a propósito, já que em língua portuguesa, chamamos a estas pouco glamorosas aves “animais de criação”. Façamos então o programador entrar neste texto, em discurso directo.

 

II.

MF: Como é que o programador estrangeiro se encontrou com o programa SAAL? [English version]

AR: Bem, precisamente através do filme do João Dias. Portanto uma formação rápida e ágil. In medias res, como as lições do programa SAAL, o filme do Dias, e a atual tragédia da habitação. 

Sabia que o Dias tinha montado alguns filmes do Pedro Costa (O NOSSO HOMEM, SWEET EXORCIST, CAVALO DINHEIRO, VITALINA VARELA), que seria um colaborador sério, então procurei AS OPERAÇÕES SAAL, o seu primeiro filme, há cerca de cinco anos. Por essa altura, podia-se apenas encontrar uma cópia no mercado clandestino, sem legendas (infelizmente preciso delas). 

O que encontrei foi um filme totalmente energético; a camera, o propósito, e as pessoas totalmente animadas — o animatógrafo, como chamavam ao dispositivo, função e lugar do cinema — um filme totalmente em contraste com os filmes documentais dos últimos 15 anos que tendem quando lidam com fracassos históricos e com “o povo” a ser sombrios por defeito, falsamente sóbrios, conceptuais, muito distantes e sem perspectiva. Não, Dias tem algo a fazer, e fá-lo: investiga e reanima os detalhes do SAAL, vai até aos bairros, dá a ver atitudes contemporâneas no seu sentido, mostra o processo em movimento. O modo do Dias filmar rostos, pessoas é maravilhoso. Próximo, não sentimental, lançado aos encontros. É físico. As pessoas viram as suas caras, os seus troncos, gesto por todo o lado; isto falta muita vezes em filmes feitos a partir de entrevistas. Diria mesmo que é um óptimo retrato do povo português, um certo riso e aflição; um beiço caído e um encolher de ombros, e o seu oposto…

Já o filme do Fernando Lopes sobre o SAAL, HABITAT - UN DÉFI (1976; que a Optec está a relançar), é um óptimo retrato geográfico de Portugal. Isto tem um enorme valor porque o Lopes sabe como filmar a topografia do lugar, as pessoas e as habitações no terreno — “um anfiteatro voltado para o mar, apoiado nas Terras Altas da Meseta Ibérica, e fortemente moldado pelas planícies do Sul” — usando planos panorâmicos extremamente precisos. E num magnífico plano, a relação da periferia com a cidade (Lisboa). É quase um milagre da visão, de elucidação. Não há nenhum interesse em dar a ver filmes sobre um tema a não ser que sejam bem filmados, revelatórios. Esta é a razão pela qual escolhi mostrar alguns filmes do D.W. Griffith num ciclo sobre habitação; poucos cineastas podiam filmar uma casa, um quarto, uma janela, o seu interior e exterior, os seus habitantes, as classes, a rua, como ele pôde. 

Não sou de Portugal, nem do campo da arquitectura. Sou do cinema, o que será dizer que estive envolvido em cem mil casas, o meu olho seguiu-as, tento entendê-las e o seu lugar no mundo, o meu ouvido escutou a sua acústica, e deixaram-me entrar várias vezes. Aí, não sou um completo estrangeiro. O Serge Daney disse que, cada vez mais, “o cinema é o país que falta no mapa. Agora perguntamo-nos é se é um império, uma nação, ou uma província.”

O próprio termo “movies” (filmes em inglês) referia-se originalmente a uma pessoa; era um termo discriminatório para trabalhadores do cinema na Los Angeles pré-Hollywood — pessoas consideradas rudes, não suficientemente burguesas. Por exemplo, num anúncio de jornal “House For Rent” [= Casa para arrendar], um senhorio escreveria: “Sem animais de estimação, sem animais de criação, sem filmes”. Isto está documentado num dos filmes de Kevin Brownlow sobre os primórdios do cinema. Os filmes eram “illegal chickens” [= galinhas ilegais]…Há um momento n’AS OPERAÇÕES SAAL, em que é explicado que, durante o tempo de Salazar, as “ilhas” no Porto foram destruídas, as pessoas relocalizadas em bairros camarários com regulamentos estritos, e vemos a lista de infracções do inspector Abel Monteiro: 

 

PARTICIPAÇÃO POR MOTIVO DE AMANTE. ISTO NO TEMPO DE SOLTEIRA

TEM UMA GALINHA ILEGAL

INSULTOS E PIADAS AO FISCAL

NÃO RETIROU ANDORINHAS DE CASA

RECEBE HOMEM

CRÍTICAS AO FISCAL

 

Isto é a matéria de cinema, estas infracções dos regulamentos. E mais, na cena seguinte, o que o músico José Mário Branco reconta e canta: “Havia um fiscal, que era o Abel Monteiro, e então as pessoas eram despejadas. E quando eram despejadas, vinha a camionete, forçavam a entrada na casa que era para ser despejada, punham os tarecos todos em cima, e iam pô-los na lixeira.” Canta em A Luta dos Bairros Camarários: “Atiremos p’rá lixeira, a camionete e o fiscal / Ajudaremos assim a libertar Portugal”.

Todos os filmes que escolhi para Onde vamos morar? são sobre isto, no espírito desta luta. Sobretudo o despejo e o terror dos sem-abrigo. E as galinhas que atravessam todo o ciclo, do Storck, passando por Straub/Huillet, ao Buñuel.

Não posso deixar de referir o produtor Abel Ribeiro Chaves. Ele claramente deseja manter vivas as questões e a memória do SAAL entre arquitectos e cidadãos, inclusive no sentido de levar a história do SAAL a um público mais internacional (fazendo legendas em inglês, italiano, espanhol, francês, e legendas ocultas — closed-caption (CC) — para DVD; fazendo um comunicado de imprensa no Dia Mundial da Habitação, etc.). Foi ele quem teve a ideia de relançar AS OPERAÇÕES SAAL, ligando-as à atual situação desastrosa da habitação, apoiar um ciclo de cinema em torno deste tema, e pedir-me para programá-lo. 

No que respeita ao SAAL propriamente dito, estou aqui para aprender. N’AS OPERAÇÕES SAAL vejo a rapidez, a relutância, o facciosismo, mas também vejo as incríveis iniciativas de participação. Estas intervenções não do nosso tempo, feitas além das limitações da nossa política contemporânea, são muito inspiradoras: “80.000 famílias ocupam em três meses as casas que estavam vazias em Lisboa”. E quando se tratou de “criar o hábito de retirar a propriedade” e ocupar casas, as pessoas pareciam liderar o processo, para lá da intervenção do estado, e as mulheres dominavam o processo nas assembleias de moradores.

Ou, que a lição básica do SAAL, aplicada numa situação de Revolução, deve agora ser aplicada um milhão de vezes, na atual dinâmica exclusivamente capitalista: “Não pode haver processo nenhum de um bairro, qualquer que seja, que não seja desejado pelos próprios moradores”. Ou a lúcida distinção que o Souto de Moura faz no filme: “…o que está mal nas ilhas é seis pessoas viverem numa área 4m², mas não é viver em frente ao rio a 10 minutos do lugar de trabalho”. A actual impossibilidade ou incrível dificuldade de viver perto de onde se trabalha é exactamente o porquê das pessoas que trabalham nas limpezas e da periferia que integram a VIDA JUSTA estarem a exigir mais transportes públicos e gratuitos, entre outras coisas. 

 

III. 

E se o “centro do amor” (P. Éluard) estiver mesmo em toda a parte, e portanto, também, e em igual proporção na periferia?

Chego de barco, como São Vicente. Desde que me conheço como periférica (e demorou algum tempo), noto que outros olhos vêem o subúrbio como uma realidade abstracta, porém de fácil rotulamento. Talvez por isso sempre haja alguém disposto a torná-la concreta; diria, da pior maneira. Sem mágoa, porque o que importa é ir respondendo pendularmente ao tema do ciclo; para tal, parece-me imprescindível uma certa flexibilidade; i.e., uma certa disposição para permutar lugares e olhares de privilégio. O brasão da cidade de Lisboa trata a chegada — uma eterna chegada — das relíquias de São Vicente…São Vicente, note-se, de Fora. Não vemos as relíquias, apenas a barca que as contem e os corvos. As relíquias são na realidade os ossos do Santo e os ossos são as nossas primeiras imagens (Régis Debray) — imagens tão preciosas quanto concretas. 

As escolhas de Andy Rector para este ciclo não são de todo óbvias; como refere “Não há nenhum interesse em dar a ver filmes sobre um tema a não ser que sejam bem filmados, revelatórios” — Chega-me W. Benjamin: “A verdade não é o desvelamento que destrói o mistério, mas antes a revelação que lhe faz justiça”. Um membro integrante de VIDA JUSTA foi o convidado especial da última sessão do ciclo: José Maria Bessa de Pina, ou simplesmente Sinho, também ator do filme com que o ciclo fecha — JUVENTUDE EM MARCHA (2006), de Pedro Costa, com quem Andy Rector colaborou, com uma cine-colagem na exposição Companhia, patente no Museu de Serralves em 2018. Quer o filme, quer Sinho posicionam-se no sentido contrário ao da puerilidade com que nos lançamos aos grandes conflitos, as crescentes guerras comentadas nas redes sociais — tantas vezes revelando nada mais do que as macabras manobras de obtenção de atenção do Narciso que connosco mora…

Sinho é um iconoclasta — Mas não de todo desses que destroem templos religiosos…Fez um verdadeiro e sentido apelo à solidariedade. Tenho tido a sorte de observar nos meus percursos diários, que quem menos tem é, ainda, quem quase sempre mais dá. É um iconoclasta na justa medida em que nos exortou a pensar a Vida para lá das imagens de propaganda dos Partidos da Esquerda ou da Direita; de todos os guetos, também chamados de bairros sociais ou condomínios de luxo; do ser-se pobre ou rico; branco ou negro…De todas as imagens que nos apartam; que reforçam a brutalidade do sentimento de inadequação — ou humilhação—, e com ele, as múltiplas maneiras de nos ser tolhido o dom. São precisos por isso mais campos de vínculo, ao invés de domínio, para nos podermos implicar no doloroso processo de olhar para dentro — Espaço, porque inabitado, onde o Capitalismo desde sempre encontrou abrigo. O fracasso histórico do programa SAAL, como o filme de João Dias nos revela na sua imparcialidade é, também, sobre isto. 

São muitos os caminhos e os sentidos estão em aberto. A terceira sessão do ciclo contou com três filmes de D.W. Griffith. THE USURER (1910) lembra-me o quanto a crise habitacional nos torna usurários uns dos outros; afinal, também as relações amorosas se mercantilizaram — quando o valor do arrendamento se sobrepõe ao do amor…O caminho certo e a errância tornam-se indiscerníveis na ficção que fazemos da vida, como sucede com os jovens casais em ONE IS BUSINESS, THE OTHER IS CRIME (1912). Em IL RITORNO DEL FIGLIO PRODIGO (2003) de J.M. Straub e D. Huillet, os caminhos da floresta são inexoravelmente cadastrados, e por conseguinte, impermeabilizados. Apenas aqueles que olham para o chão poderão levantar a linha do horizonte; um surpreendente movimento da câmara no final, partindo da soleira de uma habitação, seguindo perpendicularmente pelo passeio até à sarjeta, revela as cicatrizes produzidas pela cisão entre o espaço público e privado — sendo que o privado, como já foi referido, sempre contou com mais do que um habitante…Como na parábola bíblica, oscilamos entre o desejo ilimitado (filho mais novo, pródigo) e a inveja estrutural (filho mais velho). 

E eis os caminhos da errância, nos baldios urbanos; campos expectantes — e porque não de esperança? — percorridos em O NOSSO HOMEM (2010), também por Pedro Costa. Um filho repatriado — enquanto o retorno do Pai-Pátria — mas não sem as palavras de conforto de uma mãe, no interior de uma barraca, tornada campo de vínculo — e com as suas palavras, a acolhedora memória da Mátria. Nos dois filmes de Pedro Costa, Ventura, mais do que uma personagem, é uma figura como no texto de Mª Gabriela Llansol, tornando assim possível o nosso atravessamento; a nossa implicação no país em falta no mapa. Vejo, então, a comunidade em devir. Ventura é a aventura do significante; é, como todos nós, uma pessoa-poema em potência. “É o rasgão na forma, é o aberto que ela faz acontecer” — São palavras de M. Heidegger, a propósito da arte enquanto Poesia (que sempre incluiu todos os seus atuais domínios, da arquitectura à escultura e música). O mesmo Heidegger diz-nos que para construir temos primeiro de ser capazes de habitar. 

A resposta a Onde vamos morar? lança-nos no sentido de uma “destinação ética, se restituirmos […] à palavra ethos o seu sentido elementar, que é de domicílio, a residência, a morada. A ética é uma maneira de tornar o mundo habitável” (Jean Greisch citado por Jean Marc Besse). Recentemente, no meu caminho para casa, e já muito tarde, encontrei-me com um destes homens e mulheres lançados aos trabalhos commumente considerados de menos glamorosos. Enquanto esperava o próximo e último barco, sentei-me ao lado de um homem, por sinal, negro. Apenas sorri e ele sorriu-me de volta. Segurava uma pequena mas lustrosa tangerina; começou a descascá-la. Prontamente, ofereceu-me um gomo, dizendo que na sua terra partilha-se a comida com todos. Ensina-me através da forma específica (e concreta) deste fruto que é da nossa natureza distribuir igualitariamente. Sorri novamente, mas declinei…Como me arrependo. Lembro-me agora da definição de Amor de J. Lacan “Amor é dar o que não se tem a quem não quer”. 

Acredito que a resposta será dádiva, e não puerilmente dada, neste nosso tardio caminho para casa, no qual “É proibido envelhecer”, uma das frases dos estudantes em Maio de 68 (Silvina Rodrigues Lopes). Os filmes de Pedro Costa ajudam-nos a (re)encontramo-nos com estes caminhos; caminhos negros, mas de vínculos profundos, quase sempre abissais — Haja em nós essa coragem. Programar é dispor uma série de eventos numa linha cronológica. Talvez o meu interesse nesta programação, venha de não ter sido programada. O vulto negro de Ventura rasga por-ventura a realidade, que não são as coisas, mas o modo como falamos das coisas; aproxima-nos antes do Real pulsante que é a Vida. Talvez, também, porque se aproxima o meu aniversário, vejo na postura juvenil de Ventura sobre a cama, na cena final de JUVENTUDE EM MARCHA, um rasgão poético à la Fontana — Poesia para todos…Renascimento. 

…Agradeço, por isso, profundamente, ao programador. 

 

 

 

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Cine-colagens: Andy Rector. 

 

Fotogramas das cine-colagens: 

1 — Cartaz do ciclo de cinema Onde vamos morar?;

2-6 — 1ª Sessão: AS OPERAÇÕES SAAL (2007) João Dias; 

7 — AS OPERAÇÕES SAAL (2007) João Dias, NOSFERATU (1922, F.W. Murnau), MAN'S CASTLE (1933) Frank Borzage;

8-17  — 3ª Sessão: THE GOLDEN LOUIS (1909) D.W. Griffith, THE USURER (1910) D.W. Griffith, ONE IS BUSINESS, THE OTHER IS CRIME (1912) D.W. Griffith, IL RITORNO DEL FIGLIO PRODIGO (2003) J.M. Straub e D. Huillet, O NOSSO HOMEM (2010), Pedro Costa;

18  — 7ª Sessão: JUVENTUDE EM MARCHA (2006) Pedro Costa.