Links

OPINIÃO


[ii] Gustave Courbet, Bonjour M. Courbet, 1854.


[iii] JMW Turner, The Wreck of a Transport Ship, 1807.


[iv] Hokusai, A Grande Onda, 1830-1.


[v] Hokusai, Trabalhadores, 1831.


[vi] Jeff Wall, A Sudden Gust of Wind, 1993.

Outros artigos:

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. UMA HISTÓRIA DA ARTE (PARTE 2 DE 4)



FILIPE PINTO

2013-10-25




PERSPECTIVA E EXTRUSÃO
Uma História da Arte
(parte 2 de 4)





Paisagem

Não há imagem mais profunda, isto é, com mais distância intrínseca, que uma paisagem; paisagem refere-se à totalidade de espaço (e distância) que num determinado momento conseguimos abarcar pelo nosso campo de visão  de frente para as coisas naturais, uma paisagem vai do limite esquerdo que a visão periférica do meu olho esquerdo permite, ao limite direito que a visão periférica do meu olho direito permite, incluindo tudo o que consigo intuir na mais última distância em frente e no céu; (numa representação, a paisagem possui o mesmo carácter totalizador); a distância desfoca os contornos das coisas e transforma, numa massa azul, cinzenta e informe, indistinguível e impronunciável, o que é diferente e distinto (distinto quer dizer que tem distância à volta). A paisagem é uma totalidade.

A partir do século XV, a paisagem começa a autonomizar-se como género, deixa o fundo por trás da figura e chega-se ao primeiro plano, à boca de cena da pintura. A paisagem ganha importância e nome próprios  landschaft (alemão), landchap (holandês), landscape (inglês), apresentando hoje várias declinações, tais como cityscapes, seascapes, riverscapes, etc. A paisagem deixa de ser apenas cenário ou referência, não designa já uma qualquer relação da terra com o homem  o meu país, a aldeia natal , mas tão só a natureza já autonomizada, a valer-se por si própria.

Uma paisagem é um abismo, embora um abismo horizontal  sempre que pensamos no abismo queremos referir-nos a um buraco vertical aberto no chão, escuro e perigoso, que pressupõe uma queda, e não a um espaço amplo e luminoso como uma paisagem.

Com os computadores, paisagem passou a referir-se também à orientação da página  paisagem, folha deitada; retrato, folha ao alto. A paisagem oferece-se sempre deitada, estendida; a paisagem é sempre horizontal, oferece sempre distância; a distância é sempre horizontal  a distância vertical é a altura; o habitat natural da distância, onde a distância mais facilmente acontece  é a planície e o deserto, a pradaria e a savana, o mar descampado. Este abismo horizontal é construído por uma camada de tinta sobre a tela, e é esta camada relativamente fina que paradoxalmente espessa a imagem.

Outro paradoxo que acompanha a paisagem representada é o facto de ser só extensão sem duração; como qualquer imagem estática, a paisagem aparece sempre petrificada  representa um espaço sem tempo. A paisagem como tipo de imagem quer sempre dizer paragem  a imagem paralisa o mundo  toda a imagem é uma imagem desanimada.

Qual seria a imagem mais apropriada, mais própria a esta inconveniência que é a petrificação? Poder-se-ia pensar num cemitério  o lugar para a morte, lugar das coisas paradas ou última paragem dos já não vivos , ou uma natureza-morta, mas ainda assim, a morte tem ela própria um movimento específico  a putrefacção, a degradação final, que é o modo de as coisas vivas serem recebidas pela terra; (podre quer dizer pronto a deixar-se abraçar pela terra, pronto a ser englobado, que é o preciso verbo do planeta; podre é quando as coisas se rendem finalmente ao seu peso).

A Terra é finita mas mutável, infinitamente mutável; por isso mesmo, o seu conhecimento total torna-se impossível, e é nessa medida que poderemos afirmar que afinal a Terra é infinita o movimento intrínseco torna a Terra infinita; (e a paisagem, retrato da Terra, tende igualmente para uma imagem infinita, como vimos).

Temos assim:
Infinito  Apocalipse  Paisagem
ou
Apocalipse  Infinito = Paisagem



Se o apocalipse é sobre o fim  a iminência do fim, o seu anúncio, a perspectiva, que tornou finalmente a imagem infinita, será um dos seus contrários; quer dizer, a imagem perspéctica será, em certa medida, uma imagem da esperança.

Terra infinita quer dizer que o seu total e completo conhecimento é uma impossibilidade, não só pela sua extensão, não só devido à sua permanente mutação, mas também a nível substancial; isto é, conhecemos o mundo consoante o avanço dos instrumentos de observação ou perscrutação nos permitem  do telescópio ao microscópio. O mais ínfimo já foi a molécula, depois o átomo, o electrão, o protão e o neutrão, os neutrinos, e, ao que parece, no final desta escala infra-ínfima estão as cordas, minúsculas pulsações de energia. Os cientistas perguntam-se agora o que estará para além destas.

Trata-se também de uma espécie de escavação, cada vez mais funda, cada vez mais ínfima mas mais significante, sem fim previsto nem à vista, e sempre com a possibilidade de finalmente se achar o buraco do coelho.


Instantâneo

À frente de uma imagem (paralisada), paralisamos nós também, porque observar, tal como escutar, implica a paragem do espectador.

Em algumas imagens (desenhos, pinturas, fotografias), esta petrificação  que transforma o gesto em pose (numa imagem apenas se vêem homens-estátua) [ii], a queda em voo, que emudece o som  parece funcionar como o silêncio sepulcral mas potente de uma caverna; a quietude aguarda o grito discordante para demonstrar a sua potência; o silêncio do vazio de uma caverna amplifica, multiplica, estende, reverbera, até a mais ínfima colisão de uma gota cadente de água com uma poça parada.

As imagens são superfícies que pretendem representar algo. Na maioria dos casos, algo que se encontra lá fora no espaço e tempo. As imagens são, portanto, resultado do esforço de se abstrair duas das quatro dimensões espácio-temporais, para que se conservem apenas as dimensões do plano [10].

Não existem imagens mais petrificadas do que aquelas tempestades marítimas com céus ensanguentados de Turner, onde os espirros colossais das ondas, e os movimentos dos barcos, aparecem-nos subitamente interrompidos, num instante; estas paisagens marítimas, tempestuosas como a guerra, adquirem, na sua petrificação, o carácter quase solene de uma parada militar  tropas guerreiras em jeito de estátua, paradas [iii].

Conta-se que foi precisamente uma paisagem marítima que fez com que o jovem Joseph Mallord William Turner se tornasse artista; Turner que, curiosamente, viria a ser durante 30 anos professor de perspectiva na academia, ao referir-se à gravura Shipping in a storm de Willem van de Velde, terá dito, Foi isto que me fez ser pintor.

Turner seguia uma rotina de trabalho que se dividia entre viagens nos meses de Verão, muitas vezes patrocinadas por coleccionadores e políticos, e trabalho de atelier no Inverno. Naquelas viagens, realizava os esboços nos quais mais tarde se baseariam as suas pinturas a óleo, aguarelas ou gravuras; conta-se que uma vez se tenha mesmo amarrado ao mastro de um navio, em plena tempestade, para ver como o horizonte balançava e as águas se transtornavam. É possível que algumas das suas obras, quase proto-abstractas, provenham dessa confusão visual causada pela vivência de uma tempestade marítima por dentro  nada é estável, espirros de água por todo o lado, contornos indefinidos, formas confundidas, vento.

Toda a paisagem (toda a imagem) é uma imagem lítica, petrificada, mais ainda quando representa um mundo em alvoroço. Toda a paisagem é uma imagem parada, uma still life; toda a paisagem (toda a imagem) é uma natureza-morta.

Em 1830, o japonês Hokusai (1760-1849), verdadeiro contemporâneo de Turner (1775-1851) no outro lado do mundo, cria a sua mais conhecida obra  uma paisagem igualmente marítima. A Grande Onda (Kanagawa oki nami ura), que faz parte das Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji (Fugaku Sanjurokkei), representa precisamente uma onda gigante, petrificada no momento imediatamente anterior ao seu colapso sobre três barcos incautos. Ainda que a protagonista desta imagem seja aquela enorme massa de água, é o Monte Fuji  na sua real e exacta simetria , no fundo distante da imagem, que significativamente justifica e dá título a esta série de gravuras [iv].

Hokusai, e a gravura japonesa em geral, viriam a influenciar decisivamente a arte europeia e os impressionistas em particular; quando o Japão foi forçado, em meados do século XIX, a desenvolver relações comerciais com a Europa e a América, essas gravuras, muito usadas como invólucros, podiam ser compradas por preços módicos nas casas de chá. Os artistas do círculo de Manet estiveram entre os primeiros a apreciar as gravuras e a coleccioná-las avidamente. Viram nelas uma tradição não contaminada pelas regras e lugares-comuns académicos que os pintores franceses lutavam por eliminar, como por exemplo, o elemento protagonista de uma imagem poder ser colocado atrás das figuras do primeiro plano, como vimos no caso de A Grande Onda, figuras cortadas pela margem do suporte ou por uma cortina, etc. Por que havia uma pintura de mostrar sempre o todo ou uma parte relevante de cada figura numa cena? Tratava-se, como escreve Gombrich, do último esconderijo da antiga dominação do conhecimento sobre a visão [11].

A petrificação de A Grande Onda funciona como um haiku  não se repetirá nunca, mas também não se desvanece.

Preso na cascata
um instante
o verão.
[12]



O Japão sempre foi muito marcado pelas coisas da natureza  o seu território peculiar e instável, tão instável que parece apenas boiar à superfície do oceano, continuamente redesenhado por sucessivos tremores de terra e consequentes tsunamis, as suas cerejeiras em flor branca, etc. , e esse vínculo endémico sempre teve reflexos óbvios nas suas manifestações artísticas. É da natureza  da paisagem dir-se-ia  que provém o haiku, com as suas temáticas recorrentes: a Primavera e a flor de cerejeira; o Verão, o cuco e a peónia; o Outono, o crisântemo e a lua; o Inverno, a neve.

Importante é aqui referir que em certos idiomas orientais, como no japonês precisamente, a palavra que designa paisagem pode ser traduzida por imagem do vento.

Como mostrar o vento numa imagem?

Uma imagem, uma janela. Na Roma antiga, as janelas não serviam para olhar o exterior, nem sequer para iluminar os interiores das habitações; as janelas serviriam apenas para arejar, quer dizer, deixar o ar (o vento) entrar. No castelhano e no inglês essa raiz ainda é perceptível  ventana, window. A imagem, a janela, o vento.

Como mostrar o vento numa imagem?

Hokusai tentou isso mesmo  captar a imagem do vento, uma paisagem  na obra Trabalhadores Apanhados por uma Súbita Rajada de Vento em Ejiri; com o mesmo Monte Fuji ao fundo, embora pertencendo a outra série que não a de A Grande Onda, Hokusai retratou o vento através de umas folhas de papel, um chapéu e roupas esvoaçantes, mais duas árvores dobradas.

Nos finais do século passado, Jeff Wall repetiu-o com a fotografia A Sudden Gust of Wind (After Hokusai); a repetição de uma paisagem, de uma imagem do vento  um rewind [v].

Uma pintura, uma janela, uma imagem petrificada, um instantâneo. Instantâneo significa imediato, sem tempo, sem duração. Porque é sem duração, o instantâneo é sem movimento, parado; instantâneo quer dizer, afinal, sem movimento, estático. Para além de tudo o resto, instantâneo representa sempre uma paragem. E quando tudo pára, aparece o silêncio; o som é o habitante por excelência da duração; quando esta falha  como no instantâneo  o silêncio floresce finalmente. Instantâneo quer dizer afinal silêncio.

Paisagem e silêncio  une-os a paragem da pintura, o instantâneo fotográfico e a caça; a caça necessita tanto do silêncio como do estrondo do disparo  disparo que é tanto do chumbo como da máquina fotográfica; (o silêncio garante confiança aos animais e receio aos humanos).

Em Picture of Women e em todas as minhas fotografias de um certo formato, a imagem deve ser tirada em duas partes, a partir de películas diferentes. Depois junto as duas partes, em geral, com fita-cola transparente. No local da colagem sobrepõem-se ligeiramente. E isso cria uma linha quase negra que se vê. E a união das duas imagens faz-nos olhar de novo para a superfície e cria uma dialéctica entre profundidade e superfície plana, dialéctica que fui buscar à pintura e de que sempre gostei. Pergunto-me sempre onde deve aparecer o corte e qual a sua relação com a imagem no seu todo. Às vezes dissimulo-o, outras vezes não. Por exemplo, em A Sudden Gust of Wind, que fiz muito mais tarde, o sujeito da imagem é o céu com todas as folhas de jornal a voar. Mas a linha de corte tem de atravessar o céu, o que cria uma interrupção muito feia, ter uma linha horizontal que corta este céu magnífico. Mas isso agrada-me [13] [vi].


Filipe Pinto

[o autor escreve de acordo com a antiga ortografia]

::::


Notas

[10] Vilém Flusser, Ensaio sobre a Fotografia. Lisboa: Relógio D’Água, 1998, p. 27.

[11] Ernest Gombrich, A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koonan, 1993, p. 417.

[12] Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho, trad. Jorge Sousa Braga. Lisboa: Assírio & Alvim, 1986, p. 34.

[13] Depoimento de Jeff Wall in Contacs, Realização Jean-Pierre Krief, Arte France / Ks Visions / Le Centre National de la Photographie, 2000.