Links

OPINIÃO


Vista da exposição


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Fotografia cortesia da artista.


Fotografia cortesia da artista.


Fotografia cortesia da artista.


Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.


Vista da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, CAAA. Fotografia cortesia da artista.

Outros artigos:

CRISTINA FILIPE

2024-11-25
FLORA CALDENSE. UMA COLABORAÇÃO PÓSTUMA DE MARTA GALVÃO LUCAS COM AVELINO SOARES BELO, JOSÉ BELO, JOSEF FÜLLER E JOSÉ LOURENÇO

CATARINA REAL

2024-10-22
JULIEN CREUZET NO PAVILHÃO DE FRANÇA

HELENA OSÓRIO

2024-09-20
XXIII BIAC: OS ARTISTAS PREMIADOS, AS OBRAS MAIS POLÉMICAS E OUTRAS REVELAÇÕES

MADALENA FOLGADO

2024-08-17
RÉMIGES CANSADAS OU A CORDA-CORDIS

CATARINA REAL

2024-07-17
PAVILHÃO DO ZIMBABUÉ NA BIENAL DE VENEZA

FREDERICO VICENTE

2024-05-28
MARINA TABASSUM: MODOS E MEIOS PARA UMA PRÁTICA CONSEQUENTE

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA



PAULA PINTO

2020-07-19




 

Por ocasião da exposição "Neste corpo não há poesia" de Bárbara Fonte, patente no CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura, de 20 de Junho a 8 de Agosto, a Artecapital publica aqui a reflexão de Paula Pinto sobre o trabalho fotográfico de Bárbara Fonte.

 

 

 

 

 

“Um dia, há muito tempo, encontrei uma fotografia do irmão mais novo de Napoleão, Jerôme (1852). Disse então para comigo, com um espanto que, desde então, nunca consegui reduzir: ‘Vejo os olhos que viram o Imperador.’ Por vezes falava desse espanto, mas como ninguém parecia partilhá-lo nem sequer compreendê-lo (a vida é feita assim de pequenas solidões), esqueci-o.” [1] O espanto sentido por Roland Barthes reflectia a capacidade que a fotografia tem de fixar até ao infinito aquilo que só acontece uma única vez: “isto, é isto, é assim!” e não se repete mais.

Bárbara Fonte (1981) descobre esta experiência da fotografia na imagem de uma raposa inerte no asfalto de uma via rodoviária, na emoção que excede o referente colado à fotografia. Apesar da morte do animal, a fotografia parece surpreendê-la pela capacidade de comunicar para além do limite do corpo. Esta é a descoberta de uma expressão e de uma linguagem que ultrapassa o corpo, de uma existência que excede o comportamento social do corpo. A história de Bárbara Fonte, a forma de existir com que se narra e identifica, não tem uma tradução corporal e, pelo contrário, transpõe-no. As fotografias que mostra não são documentos, são imagens performativas de rituais que denunciam a inépcia corporal para chegar mais perto de uma alma ou essência.

 

Imagem cortesia da artista.

 

 

Bárbara assume a sua infância como a de “uma menina de tranças em silêncio sepulcral” e expressa o seu desamor pelo corpo, pelo facto de o corpo a silenciar. Escreve: “Aprendi a arredondar os olhos e a acalmar as mãos. Fingia que não compreendia as preocupações dos outros comigo. Porque explicar coisa tão profundamente enraizada em mim era pesaroso e sabia que o resultado nos outros seria um lamento por não ser coisa compreensível.” [2] Uma profunda melancolia que as designações científicas não descrevem. A sua obra sempre deu mais importância ao lápis, enquanto instrumento de desenho e atalho para a escrita e como forma de libertação do que vem de dentro. O que descobrimos nesta exposição, em que pela primeira vez a fotografia e o vídeo ganham protagonismo, é o corpo – que a autora desconsiderava como forma de fugir ao questionamento – agora como plataforma para a denúncia da sua vulnerabilidade. A vulnerabilidade tornada manifesto. Um corpo que se impõe, que não se oculta, mas exposto nas suas falhas, não permitindo que este se sobreponha como contorno ou limite a um ser maior: “Ninguém é o mesmo que o seu corpo”. Corpo não é ser, é coisa outra.

Exibindo os condicionalismos de um corpo político determinado à priori e limitado na sua forma de representação, estas fotografias constroem uma subjectividade que escapa aos equilíbrios a que a razão normativa obriga. Mais interrogativo do que afirmativo, o trabalho fotográfico de Bárbara Fonte toma o espectador como sujeito ameaçador, mas igualmente necessário. Esta transformação subjectiva do corpo expõe uma sociedade fechada, mesquinha e sempre pronta a julgar. Mesmo a preto e branco, as suas fotografias oferecem um outro caminho. Apesar da sua evidente vulnerabilidade, estas imagens expõem e expõem-se sobretudo como denúncia. Manifestar-se implica usar o corpo, exceder os seus limites. Os autorretratos, em que Bárbara Fonte se faz tema e autor, assumem uma condição intermediária que lhes permite activar o que se tornou invisível. Mesmo não se reconhecendo na imagem do corpo que fotografa, a artista fixa numa multiplicidade de registos o seu grito mudo: “neste corpo não há poesia”.

O denominador comum agregador das 48 ampliações fotográficas desta exposição é a presença de um corpo desvestido, exposto e vulnerável, desviado da sua singularidade por elementos escultóricos: os mamilos de gesso, a trança, o fio, a chama, os balões negros, as bandeiras brancas, os pássaros, o colar de bolas de esferovite, os cornos de animais, etc. São os elementos escultóricos que mudam os atributos de um corpo exposto como elemento comum, como os corpos que não pretendiam ser vulgares retratos da pintura medieval, e que transformam a figura em ícone, ou literalmente em “imagem”. Descolando a fotografia do seu referente, conferem transcendência ao corpo.

Sem os aparatos sociais do reconhecimento, o corpo perde a singularidade do sujeito, é desconsiderado. Paul B. Preciado fala da condição transfronteiriça do transgénero e do migrante, daqueles que transcendendo a definição de ser feminino ou masculino deixam de ter identidade, como os exilados que passam a ser apátridas por não pertencerem a um território-nação definido. De outro modo, também o corpo religioso é suprimido e fronteiriço. E quando, a partir dos anos 60, artistas como Carolee Schneemann tomaram o controle do seu próprio corpo, transformaram-no num perturbador vazio feminino, que passou a não encaixar numa formal categoria crítica. [3] São seres do estranhamento, submetidos a um conjunto de técnicas de exclusão e morte.

As fotografias de Bárbara Fonte não servem para colocar nas paredes da sala de jantar, a substituir as submissas pinturas de cavalete, os retratos de família ou as imagens dos calendários que escondem o passar dos dias com distrativas imagens. Nem são imagens narcísicas, documentais ou sexistas, nem redutíveis a questões biográficas concretas, refletindo paradoxalmente um contexto cultural e político alargado. Ela escreve: “Mas se [o corpo] falasse... se ele falasse... Se eu falasse também! Ambos nos calamos. Ficamos em silêncio, com as nossas bandeiras de paz, com as nossas exibições de armas... E eu não sei quem magoa quem. Porque ninguém é “um só”. Os seus autorretratos não se impõem como uma qualquer categoria, exaltando, pelo contrário, a fragilidade enquanto espaço crítico.

Mesmo sentada, as suas pernas não param, e trabalha para dar descanso ao corpo. Dentro do corpo existe um mundo invisível, uma voz maior que a do vocábulo, uma inquietação que ultrapassa a existência. Se as palavras não chegam para encher o mundo, se a dor não tem tradução e o corpo perdeu a força simbólica, a expressão de impotência é superada pela urgência de lhe dar visibilidade e pela necessidade de construir um léxico visual que quebre o acumular de estigmas carregados pelos corpos. Mas num equilíbrio de forças, o corpo acaba por apaziguar as “tenebrosas paisagens interiores, as inteiras representações catastróficas”, e as ideias apenas se validam na materialidade do fazer criativo. É um trabalho de resistência à normatividade dos sentidos, e do lado de uma vulnerabilidade libertadora.

Originais, as suas imagens carregam uma tradição surrealista. Sem estarem ao serviço do já centenário surrealismo, a sua estranheza visual ecoa antigos reflexos do inconsciente. Também carregam, latente, a contradição entre as imagens enigmáticas e a frieza documental da fotografia, o efeito de concentração e desalojamento das imagens simbólicas, a vontade de “adormecer para se render aos sonhos” [4], e a necessidade de deformação do corpo e de uma revolução dos valores que sirva à reorganização do real. A sua obra intui um puro estado interno, como defendia André Breton, e necessita da capacidade interventiva provocada pela estranheza da fotografia, explorada por outros surrealistas. Outras imagens evocam o dispositivo de sobreposição entre o real e o imaginário que utilizava Man Ray em obras como “Lágrimas de vidro” (1932), “Vénus restaurada” (1936-71), “O enigma de Isidore Ducasse” (1920), ou mesmo o retrato que fez de André Breton (1930). Vêm igualmente à memória as “esculturas involuntárias” de Brassaï e a surpresa dos aleatórios jogos de sobreposição de imagens de diferentes famílias. A sensualidade e estranheza com que são apresentados alguns elementos como a pele e o pêlo de animais, a utilização de objectos fetiche como as luvas, a fragmentação de partes do corpo, a associação de elementos díspares, a simulação dos golpes na carne, ecoam, sem ilustrar ou nomear, imagens surrealistas.

 

 

 

 

As imagens de Bárbara Fonte são situadas: têm uma motivação, uma história e um contexto próprios, a sua substância é outra, mas, tal como as imagens surrealistas, manipulam o reconhecimento da imagem, a estranheza dos significados e o uso de artifícios. A nudez do corpo feminino é igualmente obsessiva, mas uma nudez outra, conduzida pela artista e em relação ao próprio corpo. É assumida uma plena intimidade entre o corpo e a câmara; tudo é criado para formar a imagem, mas não se trata de uma fotografia passiva. Pelo contrário, ideia, encenação e representação são inventadas para a câmara, a maior parte das vezes programada para capturar as imagens de forma automática. Quando se autorretrata, Bárbara exerce pouco controle sobre a imagem, e isso permite-lhe entregar-se sem reservas, trabalhar sem observadores e admitir o erro. Adivinham-se as construções cenográficas, sempre muito elementares e não se esconde a elementaridade das simulações, nem o amadorismo técnico. Não existem fotomontagens. O seu trabalho é essencialmente performativo e experimental, realizado a partir de ideias anotadas e sem edição.

Bárbara Fonte entrega-se à performance, sem ensaio prévio nem repetição, numa entrega total, apenas testemunhada pela máquina fotográfica ou pela câmara de vídeo. Cheia de palavras por dizer, não tem medo do ridículo. Viveu presa e já não tem espaço para a mentira nem para a doce imaginação. A voracidade do seu trabalho não se coaduna com o aperfeiçoamento e depende da surpresa da imagem devolvida, que serve para desencadear a próxima acção. Tal como acontece com o reflexo frente a um espelho, a imagem produzida não existe sem a presença física do observador, mas nem por isso esta deixa de ser mágica. Entre o ser que projetamos e a imagem que nos é devolvida no reflexo do espelho existe um fosso que se apresenta como a nossa condição de existência. Quem é aquele que sou eu? Estas imagens são os mediadores deste encontro de um ser consigo próprio. Um trabalho tão solitário quanto vital, mesmo que esta urgência não seja imediata para o público. É a fragilidade dos gestos que se perdem, irrepetíveis, que inventa diante de si, através da sua pulsão criativa, um lugar crítico sem hegemonia, hierarquia ou poder, um corpo assombrado por quase tudo menos poesia.

 

 

 


Paula Parente Pinto
Licenciada em Artes Plásticas: Escultura, Faculdade de Belas Artes do Porto (1998); Mestrado em Arquitectura e Cultura Urbana, Universidade Politécnica da Catalunha, Barcelona, Espanha (2004); Doutoramento em Estudos Visuais e Culturais, Universidade de Rochester, NY, USA (2016). Tem trabalhado em Investigação histórica e como curadora independente em inúmeras exposições.

 


:::

 

Notas

[1] Começo do livro de Roland Barthes, “A Câmara Clara”, Lisboa: Edições 70, 1989, p.15.
[2] Fragmentos de um epistolário trocado com Bárbara Fonte durante a preparação desta exposição.
[3] Jane Blocker, em Where Is Ana Mendieta? (Duke University Press, 1999) evoca a forma como a performance Interior Scroll (1975) de Carolee Schneemann denuncia a neutralização das suas acções pelo facto de não se enquadrarem numa formal categoria critica formal. Aparecendo nua num palco, aparentemente sob a familiar nudez do modelo feminino, Schneemann começa a cobrir o seu corpo de tinta enquanto extrai da vagina uma tira de papel que lê em voz alta: I met a happy man, a structuralist filmmaker…he said we are fond of you, you are charming, but don’t ask us to look at your films; we cannot; there are certain films we cannot look at; the personal clutter, the persistent of feelings…he said you can do as I do, take one clear process, follow its strictest implications intellectually, establish a system of permutations establish their visual set…”. A performance de Schneemann expõe a exclusão do seu trabalho devido à inabilidade sexista de o categorizar sob qualquer pretensa estética não politizada. Ver texto em Carolee Schneemann, More than Meat Joy, ed. Bruce McPherson (New York: Documentext, 1979), pp.238-239.
[4] Ver Manifesto Surrealista, 1925.