Links

PERSPETIVA ATUAL


Museu da Acrópole. Fotografia: Aris Messinis. Agence France-Presse - Getty Images


2ª Bienal de Atenas 2009: HEAVEN


2ª Bienal de Atenas 2009: HEAVEN


Platform Garanti Contemporary Art


Oda Projesi - Seçil Yersel, Özge Açıkkol e Güneş Savaş


Oda projesi + gökcen ergüven (kart ve sergileme tasarımı), “Please, don't step on the green!”


Oda projesi + gökcen ergüven (kart ve sergileme tasarımı), “please, don't step on the green!”


Marlene Dumas, “Jen”, 2005


Marlene Dumas, “Measuring your own grave”


William Kentridge. Desenho realizado a partir de “Mine”, 1991


William Kentridge. Desenho realizado a partir de “Zeno Writing”, 2002


David Goldblatt, “Incomplete houses, part of a stalled municipal development of 1000 houses. Lady Grey, Eastern Cape, 5 August 2006”. Cortesia: Haunch of Venison.


Espaço MUVART. Conversa: "Qual é a tua revolução?"

Outros artigos:

2024-04-13


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2024-03-04


PEDRO CABRAL SANTO


2024-01-27


NUNO LOURENÇO


2023-12-24


MAFALDA TEIXEIRA


2023-11-21


MARC LENOT


2023-10-16


MARC LENOT


2023-09-10


INÊS FERREIRA-NORMAN


2023-08-09


DENISE MATTAR


2023-07-05


CONSTANÇA BABO


2023-06-05


MIGUEL PINTO


2023-04-28


JOÃO BORGES DA CUNHA


2023-03-22


VERONICA CORDEIRO


2023-02-20


SALOMÉ CASTRO


2023-01-12


SARA MAGNO


2022-12-04


PAULA PINTO


2022-11-03


MARC LENOT


2022-09-30


PAULA PINTO


2022-08-31


JOÃO BORGES DA CUNHA


2022-07-31


MADALENA FOLGADO


2022-06-30


INÊS FERREIRA-NORMAN


2022-05-31


MADALENA FOLGADO


2022-04-30


JOANA MENDONÇA


2022-03-27


JEANNE MERCIER


2022-02-26


PEDRO CABRAL SANTO


2022-01-30


PEDRO CABRAL SANTO


2021-12-29


PEDRO CABRAL SANTO


2021-11-22


MANUELA HARGREAVES


2021-10-28


CARLA CARBONE


2021-09-27


PEDRO CABRAL SANTO


2021-08-11


RITA ANUAR


2021-07-04


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-05-30


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2021-04-28


CONSTANÇA BABO


2021-03-17


VICTOR PINTO DA FONSECA


2021-02-08


MARC LENOT


2021-01-01


MANUELA HARGREAVES


2020-12-01


CARLA CARBONE


2020-10-21


BRUNO MARQUES


2020-09-16


FÁTIMA LOPES CARDOSO


2020-08-14


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-07-21


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-25


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-06-09


PEDRO CABRAL SANTO E NUNO ESTEVES DA SILVA


2020-05-21


MANUELA HARGREAVES


2020-05-01


MANUELA HARGREAVES


2020-04-04


SUSANA GRAÇA E CARLOS PIMENTA


2020-03-02


PEDRO PORTUGAL


2020-01-21


NUNO LOURENÇO


2019-12-11


VICTOR PINTO DA FONSECA


2019-11-09


SÉRGIO PARREIRA


2019-10-09


LUÍS RAPOSO


2019-09-03


SÉRGIO PARREIRA


2019-07-30


JULIA FLAMINGO


2019-06-22


INÊS FERREIRA-NORMAN


2019-05-09


INÊS M. FERREIRA-NORMAN


2019-04-03


DONNY CORREIA


2019-02-15


JOANA CONSIGLIERI


2018-12-22


LAURA CASTRO


2018-11-22


NICOLÁS NARVÁEZ ALQUINTA


2018-10-13


MIRIAN TAVARES


2018-09-11


JULIA FLAMINGO


2018-07-25


RUI MATOSO


2018-06-25


MARIA DE FÁTIMA LAMBERT


2018-05-25


MARIA VLACHOU


2018-04-18


BRUNO CARACOL


2018-03-08


VICTOR PINTO DA FONSECA


2018-01-26


ANA BALONA DE OLIVEIRA


2017-12-18


CONSTANÇA BABO


2017-11-12


HELENA OSÓRIO


2017-10-09


PAULA PINTO


2017-09-05


PAULA PINTO


2017-07-26


NATÁLIA VILARINHO


2017-07-17


ANA RITO


2017-07-11


PEDRO POUSADA


2017-06-30


PEDRO POUSADA


2017-05-31


CONSTANÇA BABO


2017-04-26


MARC LENOT


2017-03-28


ALEXANDRA BALONA


2017-02-10


CONSTANÇA BABO


2017-01-06


CONSTANÇA BABO


2016-12-13


CONSTANÇA BABO


2016-11-08


ADRIANO MIXINGE


2016-10-20


ALBERTO MORENO


2016-10-07


ALBERTO MORENO


2016-08-29


NATÁLIA VILARINHO


2016-06-28


VICTOR PINTO DA FONSECA


2016-05-25


DIOGO DA CRUZ


2016-04-16


NAMALIMBA COELHO


2016-03-17


FILIPE AFONSO


2016-02-15


ANA BARROSO


2016-01-08


TAL R EM CONVERSA COM FABRICE HERGOTT


2015-11-28


MARTA RODRIGUES


2015-10-17


ANA BARROSO


2015-09-17


ALBERTO MORENO


2015-07-21


JOANA BRAGA, JOANA PESTANA E INÊS VEIGA


2015-06-20


PATRÍCIA PRIOR


2015-05-19


JOÃO CARLOS DE ALMEIDA E SILVA


2015-04-13


Natália Vilarinho


2015-03-17


Liz Vahia


2015-02-09


Lara Torres


2015-01-07


JOSÉ RAPOSO


2014-12-09


Sara Castelo Branco


2014-11-11


Natália Vilarinho


2014-10-07


Clara Gomes


2014-08-21


Paula Pinto


2014-07-15


Juliana de Moraes Monteiro


2014-06-13


Catarina Cabral


2014-05-14


Alexandra Balona


2014-04-17


Ana Barroso


2014-03-18


Filipa Coimbra


2014-01-30


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2013-12-09


SOFIA NUNES


2013-10-18


ISADORA H. PITELLA


2013-09-24


SANDRA VIEIRA JÜRGENS


2013-08-12


ISADORA H. PITELLA


2013-06-27


SOFIA NUNES


2013-06-04


MARIA JOÃO GUERREIRO


2013-05-13


ROSANA SANCIN


2013-04-02


MILENA FÉRNANDEZ


2013-03-12


FERNANDO BRUNO


2013-02-09


ARTECAPITAL


2013-01-02


ZARA SOARES


2012-12-10


ISABEL NOGUEIRA


2012-11-05


ANA SENA


2012-10-08


ZARA SOARES


2012-09-21


ZARA SOARES


2012-09-10


JOÃO LAIA


2012-08-31


ARTECAPITAL


2012-08-24


ARTECAPITAL


2012-08-06


JOÃO LAIA


2012-07-16


ROSANA SANCIN


2012-06-25


VIRGINIA TORRENTE


2012-06-14


A ART BASEL


2012-06-05


dOCUMENTA (13)


2012-04-26


PATRÍCIA ROSAS


2012-03-18


SABRINA MOURA


2012-02-02


ROSANA SANCIN


2012-01-02


PATRÍCIA TRINDADE


2011-11-02


PATRÍCIA ROSAS


2011-10-18


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-09-23


MARIA BEATRIZ MARQUILHAS


2011-07-28


PATRÍCIA ROSAS


2011-06-21


SÍLVIA GUERRA


2011-05-02


CARLOS ALCOBIA


2011-04-13


SÓNIA BORGES


2011-03-21


ARTECAPITAL


2011-03-16


ARTECAPITAL


2011-02-18


MANUEL BORJA-VILLEL


2011-02-01


ARTECAPITAL


2011-01-12


ATLAS - COMO LEVAR O MUNDO ÀS COSTAS?


2010-12-21


BRUNO LEITÃO


2010-11-29


SÍLVIA GUERRA


2010-10-26


SÍLVIA GUERRA


2010-09-30


ANDRÉ NOGUEIRA


2010-09-22


EL CULTURAL


2010-07-28


ROSANA SANCIN


2010-06-20


ART 41 BASEL


2010-05-11


ROSANA SANCIN


2010-04-15


FABIO CYPRIANO - Folha de S.Paulo


2010-03-19


ALEXANDRA BELEZA MOREIRA


2010-02-17


ANTÓNIO PINTO RIBEIRO


2010-01-26


SUSANA MOUZINHO


2009-12-16


ROSANA SANCIN


2009-11-10


PEDRO NEVES MARQUES


2009-10-20


SÍLVIA GUERRA


2009-10-05


PEDRO NEVES MARQUES


2009-09-21


MARTA MESTRE


2009-09-13


LUÍSA SANTOS


2009-08-22


TERESA CASTRO


2009-07-24


PEDRO DOS REIS


2009-06-15


SÍLVIA GUERRA


2009-06-11


SANDRA LOURENÇO


2009-06-10


SÍLVIA GUERRA


2009-05-28


LUÍSA SANTOS


2009-05-04


SÍLVIA GUERRA


2009-04-13


JOSÉ MANUEL BÁRTOLO


2009-03-23


PEDRO DOS REIS


2009-03-03


EMANUEL CAMEIRA


2009-02-13


SÍLVIA GUERRA


2009-01-26


ANA CARDOSO


2009-01-13


ISABEL NOGUEIRA


2008-12-16


MARTA LANÇA


2008-11-25


SÍLVIA GUERRA


2008-11-08


PEDRO DOS REIS


2008-11-01


ANA CARDOSO


2008-10-27


SÍLVIA GUERRA


2008-10-18


SÍLVIA GUERRA


2008-09-30


ARTECAPITAL


2008-09-15


ARTECAPITAL


2008-08-31


ARTECAPITAL


2008-08-11


INÊS MOREIRA


2008-07-25


ANA CARDOSO


2008-07-07


SANDRA LOURENÇO


2008-06-25


IVO MESQUITA


2008-06-09


SÍLVIA GUERRA


2008-06-05


SÍLVIA GUERRA


2008-05-14


FILIPA RAMOS


2008-05-04


PEDRO DOS REIS


2008-04-09


ANA CARDOSO


2008-04-03


ANA CARDOSO


2008-03-12


NUNO LOURENÇO


2008-02-25


ANA CARDOSO


2008-02-12


MIGUEL CAISSOTTI


2008-02-04


DANIELA LABRA


2008-01-07


SÍLVIA GUERRA


2007-12-17


ANA CARDOSO


2007-12-02


NUNO LOURENÇO


2007-11-18


ANA CARDOSO


2007-11-17


SÍLVIA GUERRA


2007-11-14


LÍGIA AFONSO


2007-11-08


SÍLVIA GUERRA


2007-11-02


AIDA CASTRO


2007-10-25


SÍLVIA GUERRA


2007-10-20


SÍLVIA GUERRA


2007-10-01


TERESA CASTRO


2007-09-20


LÍGIA AFONSO


2007-08-30


JOANA BÉRTHOLO


2007-08-21


LÍGIA AFONSO


2007-08-06


CRISTINA CAMPOS


2007-07-15


JOANA LUCAS


2007-07-02


ANTÓNIO PRETO


2007-06-21


ANA CARDOSO


2007-06-12


TERESA CASTRO


2007-06-06


ALICE GEIRINHAS / ISABEL RIBEIRO


2007-05-22


ANA CARDOSO


2007-05-12


AIDA CASTRO


2007-04-24


SÍLVIA GUERRA


2007-04-13


ANA CARDOSO


2007-03-26


INÊS MOREIRA


2007-03-07


ANA CARDOSO


2007-03-01


FILIPA RAMOS


2007-02-21


SANDRA VIEIRA JURGENS


2007-01-28


TERESA CASTRO


2007-01-16


SÍLVIA GUERRA


2006-12-15


CRISTINA CAMPOS


2006-12-07


ANA CARDOSO


2006-12-04


SÍLVIA GUERRA


2006-11-28


SÍLVIA GUERRA


2006-11-13


ARTECAPITAL


2006-11-07


ANA CARDOSO


2006-10-30


SÍLVIA GUERRA


2006-10-29


SÍLVIA GUERRA


2006-10-27


SÍLVIA GUERRA


2006-10-11


ANA CARDOSO


2006-09-25


TERESA CASTRO


2006-09-03


ANTÓNIO PRETO


2006-08-17


JOSÉ BÁRTOLO


2006-07-24


ANTÓNIO PRETO


2006-07-06


MIGUEL CAISSOTTI


2006-06-14


ALICE GEIRINHAS


2006-06-07


JOSÉ ROSEIRA


2006-05-24


INÊS MOREIRA


2006-05-10


AIDA E. DE CASTRO


2006-04-05


SANDRA VIEIRA JURGENS



OS ESTADOS DAS ARTES VISUAIS FORA DOS CENTROS (PARTE II)



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO

2010-03-01




(...) No âmbito deste trabalho inventariam-se oito casos de estudo de situações emergentes e tradicionalmente tidas como periféricas: Brasil, Chile, China e Hong Kong, Grécia, Turquia, África do Sul e Moçambique, sendo que não há um modelo que lhes seja comum e muito menos um estado das artes semelhante. (...)


GRÉCIA

É um país com pouca tradição na criação artística moderna e contemporânea, para o que contribui, decididamente, a sua instável situação económica. O mercado continua muito direccionado para a arte da antiguidade, embora nas últimas décadas se tenha registado o aparecimento de algumas galerias em Salónica e Atenas onde podem ser vistas obras de arte contemporânea. Os ateliês dos artistas são também um lugar privilegiado para a aquisição directa de trabalhos. Para além das galerias, existem três museus de arte contemporânea (dois nacionais) que promovem os artistas contemporâneos e, dada a dimensão do país, existem bastantes coleccionadores. As galerias gregas tentam estar cada vez mais presentes nas feiras internacionais, mas são também cada vez mais os coleccinadores estrangeiros que viajam à Grécia para comprar peças de arte. No entanto, não existem bons dealers e tudo depende da iniciativa dos próprios artistas, que têm colaborações regulares com galerias de Nova Iorque e Londres.

O Estado e os diversos governos têm estado quase ausentes desta área da actividade artística e criatividade, não se podendo falar da existência de uma política cultural para o sector. As prioridades têm sido sempre o teatro e a música, raramente as artes plásticas e quando há interesse, este é pontual e no âmbito de grandes eventos, como actonteceu na China com os recentes Jogos Olímpicos. Na falta de uma política governamental concertada, as iniciativas são pontuais e não têm continuidade. O apoio do Estado vem de forma indirecta, através dos museus nacionais de arte contemporânea (um em Atenas e outro, o mais recente, em Salónica). Começa a existir algum mecenato de origem bancária, de contornos muito conservadores, e de fundações privadas, como a Fundação Onassis, mas não se podem ainda considerar significativos. Para a maioria dos artistas contactados é um facto que os apoios da União Europeia, através de várias linhas de financiamento, têm tido uma importância fulcral no estímulo à produção artística, sendo a Grécia um dos países que melhor tem sabido beneficiar destes apoios.



TURQUIA

Recentemente, quer dizer, nos últimos cinco anos e em função da participação de muitos artistas turcos em fóruns internacionais criou-se um pequeno mercado de arte na Turquia. Os coleccionadores compram indiferentemente tanto aos artistas, como às galerias, muitas delas presentes nas principais feiras de arte. E a par dos turcos, os artistas do Médio Oriente têm também compradores e curadores interessados em expô-los. Mas, os museus turcos só há pouco começam, e muito lentamente, a comprar arte contemporânea. Do ponto de vista governamental, não tem sido notória uma política cultural de apoio ou incentivo à criação contemporânea. O Ministro da Cultura e do Turismo, como é designado, tem criado algumas linhas de acção, mas direccionadas para a conservação do património. No entanto, esta recente alteração no estado das artes na Turquia não surgiu do nada. Na verdade, há histórias de galerias solitárias – Borusan Art Gallery, Platform Garanti Contemporary Art Center –, de espaços alternativos, quase clandestinos – Hafriyat, Oda Projesi e Apartment Projesi – de coleccionadores singulares, isolados e anónimos que sustentaram alguns projectos artísticos a partir da década de 1990.

O acontecimento mais importante para a vida artística da Turquia no que diz respeito às artes visuais é a Bienal de Istambul, organizada pela primeira vez em 1987 por uma instituição de carácter privado – The İstanbul Foundation for Culture and Arts. Alternativa ao circuito trendy das bienais euro-americanas, no seu programa conjugam-se sempre aspectos de natureza estética com outros eminentemente políticos. A 11ª e última, realizada em 2009, teve por título “What Keeps Mankind Alive” e foi comissariada pelo colectivo de Zagreb, o WHW (What, How & for Whom). Esta é uma Bienal que ensaia modelos diferentes de produção, de curadoria e de finaciamento e é sempre motivo de debate franco, público e apaixonado entre a comunidade artística turca e do Médio Oriente. Um dos aspectos mais singulares da produção artística mais recente dos artistas turcos prende-se com as questões de documentação e arquivo, bem como da publicação sistemática, o que originou a criação de galerias de arte – BAS, Yapi Kredi, Garanti Galeri, Platform Garanti – dedicadas a estes aspectos da produção de narrativas artísticas. A diáspora turca está fortemente representada em Berlim, tendo desde há muito acompanhado a emigração para o principal país de destino dos turcos, a Alemanha.



ÁFRICA DO SUL

O mercado das artes para os artistas sul-africanos é prioritariamente internacional. 60% a 80% das vendas das galerias sul-africanas são para o estrangeiro e as feiras de arte internacionais jogam um papel fundamental nestas vendas, tal como as revistas de arte e os curadores sul-africanos. Uma grande parte dos artistas sul-africanos mais sucedidos vive no estrangeiro, como Candice Breitz, Robin Rhode e Marlene Dumas, confirmando um fenómeno que emergiu com muita força no início da década de 1990. Mas, também é um facto que artistas notáveis, como David Goldblatt, William Kentridge, Berni Searle e Nicholas Hlobo, vivem e trabalham na África do Sul. No entanto, estes artistas beneficiam da abertura ao mercado global e ao enorme investimento e curiosidade que os curadores têm direccionado à produção artística deste país. As galerias têm conseguido criar um mercado local e internacional e com isso desenvolvido um coleccionismo muito importante, onde se destaca a coleção da família Enthoven, em Stellenbosch, e a Gordon Schachat Collection, em Joanesburgo. O focus da Colecção Enthoven é a África do Sul, com peças compradas tanto no país como no estrangeiro. É deste modo que artistas já no circuito internacional, como Anton Kannemeyer, Conrad Botes, e Nicholas Hlobo, têm sido apoiados juntamente com os artistas locais. Por seu lado, a Colecção Schachat é uma colecção com uma forte presença de artistas estrangeiros, mas com a subtileza de traçar ligações a África, de que um dos exemplos são as obras do nigeriano Yinka Shonibare. A estratégia de aquisição da Schachat é centrada num número muito reduzido de artistas: Robin Rhode, Berni Searle, Johannes Phokela, William Kentridge, Wim Botha e David Goldblatt.

A criação, em 2008, da feira de arte contemporânea de Joanesburgo (Joburg Art Fair) veio gerar enormes expectativas face ao desenvolvimento de um mercado local, pretendendo também ser uma mostra da criação contemporânea sul-africana. No circuito das galerias, existem três muito importantes, cuja qualidade e singularidade faz delas duas das melhores galerias do mundo. São elas The Goodman Gallery – cuja galeria-mãe está em Joanesburgo, mas que tem um segundo espaço na Cidade do Cabo –, que representa William Kentridge, Mikhael Subotzky e Lolo Veleko, entre outros artistas. Do mesmo modo, a Galeria Michael Stevenson, com os seus 500 metros quadrados na Cidade do Cabo, é uma galeria fundamental para conhecer a arte contemporânea sul-africana nas suas várias disciplinas, representando artistas como Berni Searle, Pieter Hugo, Nicholas Hlobo, e Guy Tillim. Nos últimos três anos esta galeria programou também artistas de outras regiões culturais e agora trabalha com Meschac Gaba (Benin/Holanda), Odili Odita (USA/Nigeria), e Youssef Nabil (EUA/Egipto). Em Joanesburgo a parceria Brodie/Stevenson é uma plataforma importante para a apresentação dos artistas mais jovens.

Na África do Sul os organismos públicos têm tido um papel muito secundário na arte contemporânea. Excepção deve ser feita à Johannesburg Art Gallery e ao Nelson Mandela Metropolitan Art Museum em Port Elizabeth, que têm inclusivamente um programa de aquisições anuais e a constituição de acervo contemporâneo. Em relação a outros organismos, a galeria do The Standard Bank, aberta em Joanesburgo em 1990, tem uma programação anual de exposições de arte contemporãnea. As mais recentes foram as retrospectivas de Willem Boshoff e de Marlene Dumas. Dada a ausência de apoio governamental e de uma política cultural para esta área, são muitas vezes as galerias a realizar o papel pequenos centros de arte contemporânea. A Goodman e a Michael Stevenson fazem-no permanentemente. A Goodman acaba de fechar uma exposição dedicada a Gavin Turk e Thomas Hirschhorn inaugurou na Michael Stevenson, a 21 de Janeiro, a sua última exposição.



MOÇAMBIQUE

Moçambique é um país com uma das mais fortes tradições de fotografia, arte em que muito cedo se destacou Ricardo Rangel recentemente falecido. A par desta tradição artística, iniciada nos anos 50 do século passado, há que mencionar uma outra figurada por Chichorro, Malangatana e Shikhani que, na sequência da apropriação por parte de pintores africanos da arte modernista europeia, passaram a ter uma visibilidade internacional importante, sendo considerados muitas vezes como os mais representativos da artes visuais moçambicanas.

Depois do período colonial, a guerra civil que durou quase duas décadas estrangulou as poucas estruturas que Moçambique possuía ao nível da exibição e de formação artística. Recentemente, a par do Museu Nacional de Arte (MUSART) que tem em exposição permanente o seu acervo de artistas moçambicanos e pontualmente organiza exposições temporárias, embora estas não tenham ainda muita implantação junto da sociedade moçambicana, existe a Escola Nacional de Artes Visuais (criada em 1983), que dá formação ao nível do ensino secundário e o ISAC – Instituto Superior de Artes e Cultura – o que constitui uma esperança na área da criação contemporânea.

Há cerca de seis anos, de uma forma praticamente inesperada, surgiu um movimento artístico, o MUVART, constituído em 2002 por uma geração de novos artistas com idades compreendiadas entre os 25 e os 40 anos, que operou uma ruptura fundamental no tradicionalismo pictorial que entretanto se tinha instalado nos pequenos circuitos de encomendas do Estado, dos restaurantes e de algumas embaixadas. O MUVART nasceu para dar expressão a um movimento de procura de novas linguagens estéticas, contaminação de técnicas e de processos. Fruto de uma outra atitude mais internacional, alguns dos artistas membros deste grupo – Gemuce, Jorge Dias, Pinto, Anésia Manjate, Celestino Mudaulane – cedo se internacionalizaram, participando em exposições na Europa, África do Sul e Brasil. O circuito dos workshops tem sido igualmente importante para estes artistas. Contudo, a fragilidade financeira do país, a par de uma política cultural muito vocacionada para o nacionalismo cultural, não tem permitido que os artistas tenham as condições mínimas para um trabalho permanente e seja evidente a sua internacionalização nos mercados de arte. Não existem ainda colecções públicas de relevo. Um ensaio de colecção de arte contemporânea foi feito pela companhia aérea LAM, que cedo desistiu. O único coleccionador, que é simultaneamente o grande mecenas desta geração de artistas e comprador da maioria das obras que foram vendidas em Moçambique, é o engenheiro Álvaro Teixeira, mas a sua colecção não é pública. Não existem actualmente galerias locais profissionalizadas e as exposições são maioritariamente realizadas no Centro Cultural Franco-Moçambicano, actualmente com critérios de selecção muito abrangentes, e muito residualmente no Centro Cultural de Portugal. Curiosamente, a Embaixada da União Europeia não tem qualquer relevo nesta matéria. Depois dos anos de ouro da fotografia moçambicana, há hoje um pequeno grupo de fotógrafos cuja qualidade é evidente – Mauro Pinto, Luís Cabral, José Cabral, Funcho –, mas cuja capacidade ou vontade de se darem a conhecer, e portanto de partilhar as suas imagens, é pouco ousada.

O MUVART, como qualquer movimento artístico, passados estes anos iniciou um processo de desagregação, mas ficou uma série de artistas cuja qualidade e pertinência artística são de realçar: Celestino Mudaulane, Gemuce, Gonçalo Mabunda, João Petit, Lourenço Pinto, Titos Mabote, Maimuna Adam, Jorge Dias.


Nota do autor

Este artigo só foi possível dada a generosa colaboração de José Bechara, Maria Vlachou, Sandra Lourenço, Esra Sarijedik, Federica Angelucci, Elisa Santos, Beatriz Bustos e Ana Barata a quem muito agradeço.


António Pinto Ribeiro




Nota da editora
A primeira parte deste artigo está disponível em: www.artecapital.net/perspectivas.php?ref=107