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PERSPETIVA ATUAL


Capa do álbum ERNESTO DE SOUSA: O TEU CORPO É O MEU CORPO (1969-1975), edição de Paula Pinto, Maio 2014. Fotografia: cortesia Inc. livros e edições de autor.


Álbum ERNESTO DE SOUSA: O TEU CORPO É O MEU CORPO (1969-1975), edição de Paula Pinto, Maio 2014. Fotografia: cortesia Inc. livros e edições de autor.


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, prova de contacto (1972-1975).


O Teu Corpo é o Meu Corpo, cartaz (1978).


“Para a Isabel 1”, poema inédito facsimilado (1965-1975).


“Para a Isabel 2”, poema inédito facsimilado (1965-1975).

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O TEU CORPO É O MEU CORPO (1965-1975): HISTÓRIA DE UMA OBRA QUE SE METAMORFOSEOU AO LONGO DA BIO-BIBLIOGRAFIA DE ERNESTO DE SOUSA



PAULA PINTO

2014-08-21




O álbum ERNESTO DE SOUSA: O TEU CORPO É O MEU CORPO (1969-1975) inclui material gráfico, fotográfico e um corpo de textos poéticos. É composto por uma carta dirigida a Carlos Gentil-Homem (1972), um livro de poemas inéditos de Ernesto de Sousa (1965-75), uma prova fotográfica do cartaz O TEU CORPO É O MEU CORPO (1972), um desdobrável de um outro cartaz executado para a Galeria Quadrum (1978), nove provas de contacto e uma ampliação fotográfica, diferente em cada álbum. A publicação do presente material testemunha a pluralidade de funções e meios com que Ernesto de Sousa explorou a fotografia. É esse o objectivo da edição deste álbum e de outros que lhe possam suceder.
O TEU CORPO É O MEU CORPO é composto por uma série de documentos que permaneceram inéditos e inacabados no arquivo de Ernesto de Sousa. O presente texto cartografa a história desses documentos, que sem nunca terem existido enquanto obra acabada, se metamorfosearam ao longo da vida-obra ou da bio-bibliografia de Ernesto de Sousa (1921-1988). Numa carta de 1972 dirigida a Carlos Gentil-Homem, Ernesto de Sousa anteviu uma “comunidade nominal (...) [de] coisas a pensar e a fazer” sob a designação geral “O TEU CORPO É O MEU CORPO”, entre as quais um LIVRO com o mesmo título. Este trabalho juntaria texto e imagem e seria apresentado sob diferentes meios ou “exercícios de comunicação”.
Ernesto de Sousa não deixou diretivas para a montagem do livro, mas o álbum fotográfico que agora se publica reúne fac-similes de materiais gráficos, fotográficos e poéticos desta série. Resgatar estes materiais da invisibilidade não os institui como obra de arte acabada. Pelo contrário, esta edição evidência a pluralidade de funções e meios com que Ernesto de Sousa explorou a fotografia e chama a atenção para a complexidade do arquivo de um autor que desvalorizava as formas a favor dos processos e os bens a favor das ações.
A latitude do trabalho crítico e visual de Ernesto de Sousa, bem como a sua capacidade experimental em cada meio, validaram esta experiência editorial. Contudo, a dificuldade de transmitir a sua pluralidade criativa em apenas nove provas de contacto obrigou-me a compor um texto onde se testemunha a recorrência desta temática ao longo da sua obra. As notas que se seguem são um resumo desse texto, publicado em formato de sebenta no álbum ERNESTO DE SOUSA: O TEU CORPO É O MEU CORPO, em Maio de 2014. Estas mesmas notas foram recentemente apresentadas no Centro Internacional de Arte José de Guimarães, durante o lançamento do catálogo Ernesto de Sousa e a Arte Popular, em Julho de 2014.

Ernesto de Sousa cultivou relações epistolares com muitos amigos: artistas, alunos, colaboradores e críticos, nacionais e internacionais. Esta cartas geraram muitas colaborações com os seus destinatários e constituem um núcleo importante da sua escrita. Foram em si um ato de provocação criativa e despoletaram outros “exercícios de comunicação,” com um envolvimento do colectivo bem diferente da comum designação de “exposições colectivas”.
O álbum O Teu Corpo é o Meu Corpo começa precisamente com uma carta de 1972, dirigida a Carlos Gentil-Homem, onde entre outras coisas, se discute a produção de um cartaz. Ernesto de Sousa colecionou, fotografou e produziu cartazes de arte, cinema, política, teatro e turismo. Estas intersecções de meios e públicos mapeiam a transdisciplinaridade do seu trabalho. São também materiais de uma prática, de designer publicitário a artista mixed-media, convicta da função social das artes visuais.
No texto Artes Gráficas: Veículo de Intimidade, que publica em 1965, Ernesto de Sousa procurou distinguir a intimidade ou experiência da simples explicação ou senso comum. Nele, a figura da laranja ilustra um processo gráfico ou de conhecimento geral, dependente da reprodução técnica e mecânica, mas cuja experiência depende igualmente da interpretação e do processo criativo: as artes gráficas permitem conceber e comunicar o que é um produto, mas também imaginá-lo e conferir-lhe corpo. Apesar de abstracta, a página escrita é sempre uma imagem, e como tal, fruto de alguma motivação. Esta capacidade transformadora da imagem corresponde à sua vocação mais íntima, da capacidade humana de modificar as condições da sua existência. A imagem tem, neste sentido, uma carga simultaneamente íntima e política.
Nos cartazes que produziu com imagens da série O Teu Corpo é o Meu Corpo, um em 1972 e o outro em 1978, Ernesto de Sousa associou a liberdade de expressão ao prazer dos sentidos. Transformou as imagens em manifesto. Explorou a função mnemónica das artes gráficas para promover o “ser que se pensa a si próprio”, ou seja, que experiencia em liberdade. A revolução total: social, política e moral, é também interior e íntima.
Consciente dos efeitos da reprodução mecânica no espaço público, Ernesto de Sousa estendeu a eficácia da repetição panfletária à estrutura interna da imagem. A partir da repetição de 3 fotografias similares, o cartaz de 1978 replicou graficamente os efeitos da reprodução em série. Esta qualidade repetitiva da imagem tem igualmente como referente a narrativa cinematográfica, cuja fotografia contrasta com o enquadramento único e privilegiado da obra de arte.
Uma estratégia paralela é utilizada com as provas de contacto. Em Revolution My Body N.1 (1977), não só as imagens são muito semelhantes entre si, como a montagem da obra repete várias provas de contacto. Esta qualidade repetitiva relaciona imagens que de outra forma pareceriam desconexas. A justaposição de imagens da esfera íntima com imagens manifestamente políticas torna explícito o sentido revolucionário da obra, quer ao nível do senso comum, quer da experiência individual e transformadora.

O interesse de Ernesto de Sousa pelo múltiplo e pela grande tiragem, pela disseminação da arte e pelo seu potencial de comunicação, é indissociável da sua luta pela liberdade de expressão. O seu trabalho propaga-se através da mecanização reprodutiva democrática, evidenciando diferentes modos e funções da relação entre texto e imagem. Se artigos em jornais e revistas demonstram o papel primordial da escrita, já livros como Para o Estudo da Escultura Portuguesa evidenciam o papel da imagem na construção da sua cultura visual. O levantamento iconográfico da escultura em Portugal não constitui um elemento ilustrativo do discurso escrito, da mesma forma que a componente visual do trabalho de Ernesto de Sousa é claramente indissociável do seu sentido literário, poético, teórico, histórico ou crítico. A fotografia maximiza a relação entre a componente visual e escrita, como mais adiante se exemplificará, nomeadamente através da articulação entre a sua biografia e a sua bibliografia.
Ernesto de Sousa começou por trabalhar esta justaposição entre as referências literárias e visuais através do teatro e do cinema, mas o fascínio pelos meios de comunicação de massas, acabaram por o atrair para o mixed-media, ou seja para a interação contínua e transformadora entre diferentes suportes visuais e sonoros. Desta forma desfez fronteiras entre fotografia, teatro, corpo e revolução, trabalhando com as circunstâncias históricas contemporâneas e as respectivas formas de percepção humana.

Apesar da dificuldade em exibir o acervo de Ernesto de Sousa fora do contexto do mixed-media, interessa reter a figura do livro na sua mais complexa interligação entre texto e imagem, entre vida e obra.
Na presente edição de O TEU CORPO É O MEU CORPO a fotografia é assumida como um meio de reprodutibilidade por excelência e a escolha da apresentação das imagens em provas de contacto reforça essa sua eficácia. Estas fotografias não existem isoladamente: são fotografias sem um ponto de vista privilegiado, organizadas em diferentes composições e representadas em múltiplas provas de contacto.
Paralelamente, apresentam-se fragmentos poéticos sem uma ordem cronológica ou narrativa. No corpo de textos compilados para esta edição, existem dedicatórias a Deus, a Almada Negreiros, a Lumumba, a Che Guevara, a Amílcar Cabral, a Carlos Gentil-Homem, a Bicha e a Isabel. Outras referências são enunciadas dentro dos textos: os índios da Colômbia, Eros, Heraclito, Aragon, Marx, Romain Rolland, António Nobre, Diderot, Kierkegaard, Filliou, Joseph Beuys ou Jorge Peixinho. Estes textos poéticos congregam os gestos corporais do teatro, do ritual, da luta, do amor e do erotismo. O corpo é apresentado como objecto de devir, de transformação e morte. Ernesto de Sousa estende a revolução social, política e moral ao corpo, ao interior e ao íntimo. Não existe maior cumplicidade e essa é o objecto do seu retrato, com o qual explicitamente se identifica na tautologia O TEU CORPO É O MEU CORPO.

A dificuldade deste projeto é circunscrever uma existência constantemente em deriva. O trabalho a que Ernesto de Sousa diz dedicar-se em Julho de 1972 é interrompido um mês depois, quando consegue transladar para Lisboa, os painéis que Almada Negreiros tinha realizado no Cine San Carlos (Madrid, 1927-1932); em Outubro de 1972 visitou a V DOCUMENTA de Kassel e conheceu Joseph Beuys, outra figura que teve uma ação decisiva na transformação da sua “consciência moderna”. Em Junho de 1973 deslocou-se a Saint-Paul-de-Vence com Isabel Alves para conhecer Robert Filliou, figura igualmente chave para perceber as convulsões deste período. Este encontro reflete-se logo em Janeiro de 1974, na organização do Aniversário da Arte, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Pouco depois, em Abril de 1974, a revolução marcaria o momento de plena consciência do ambiente total em que procurava viver.
As preocupações políticas e culturais destas fotografias de fragmentos de corpos femininos são diferentes da Olímpia de Édouard Manet (1865) e da Origem do Mundo de Gustave Courbet (1866). Estas fotografias vivem na charneira entre o velho regime e a implantação de um regime político livre e democrático em Portugal, um contexto político-cultural indissociável da fotografia e com implicações diretas na transformação política dos corpos. Se a repressão se representava pelo domínio sobre o saber e a liberdade de expressão, ela é de tal forma inscrita no ser humano que a sua libertação não podia fazer-se senão à custa da restituição do prazer num espaço-tempo real. A evidência física e erótica deste trabalho é sinónimo dessa libertação. O direito de expressão intelectual e de expressão corporal são indissociáveis e manifestam-se contemporaneamente.
Na prosa dedicada a ISABEL, Ernesto de Sousa enuncia a oposição estabelecida por Kierkegaard entre a lógica libertina e a “estética” do casamento: “O amor cessa se a luta não existe.” E num “prefácio inquieto para um filme”, Ernesto de Sousa interroga: “...as paralelas podem ser curvas?”; pode uma professora ser bela como uma mulher, doce como uma mãe e uma amante apaixonada? Ernesto de Sousa enunciou o erotismo e a festa-contestação como momentos de epifania, de energia libertadora em estado puro. Celebrou o erotismo e a liberdade emotiva enquanto manifestações revolucionarias. No filme Revolution My Body N.2 (1976), à pergunta “será que o meu corpo, a revolução, é uma mulher; uma mulher que ri?” sobrepõem-se imagens de manifestações proletárias. O corpo individual e o corpo colectivo espelham-se.
A série fotográfica O Teu Corpo é o Meu Corpo foi construída tematicamente, afinando pacientemente as imagens de vários corpos. A série e a sua apresentação em folhas de contactos, contrariam a unicidade da obra de arte servida nos salões de fotografia. As imagens aparecem repetidas em diferentes composições, ganhando diferentes leituras. A cada rolo 6x6 parece corresponder, ainda que de forma muito abstracta, uma parte diferenciada do corpo. A multiplicação das relações entre as imagens e as variações sobre o mesmo tema evitam a rigidez da grelha compositiva, mas esta estrutura impede o ilusionismo perceptivo da fotografia realista e mesmo a abstração mais pictoralista. Mais ainda, a apresentação das provas de contacto em folhas soltas torna a sequência aleatória. A escolha desta apresentação reproduz a forma do material no arquivo e não uma apresentação idealizada pelo autor. Contudo, ela reflete a condição de produção destas fotografias, a sua relação com o texto e o modo como Ernesto de Sousa congregou as ideias e os materiais desta série noutros exercícios de comunicação.

Algumas destas imagens integram a obra Luiz Vaz 73, apresentada em Janeiro de 1975 no “V Festival Internacional de Mixed-Media” (Gante, Bélgica). Ernesto de Sousa decompõe e recompõe os Lusíadas, utilizando o texto como material visual e literário da obra, e transformando-o numa operação contemporânea. Ao adágio “se cada época tem Os Lusíadas que merece”, Ernesto de Sousa e Jorge Peixinho acrescentaram uma dimensão performativa, interpelando o espectador e pondo em causa as suas opções e ações. No contexto revolucionário das independências africanas, Luiz Vaz 73 confrontou os espectadores com as suas contradições ideológicas e políticas, apelando ao envolvimento ativo na cultura política, literária, musical, social, ética e estética implicada no presente, e não na cultura retrospectiva e histórica dos descobrimentos.
A experiência constava da projeção simultânea e aleatória de acontecimentos aparentemente desconexos: uma polissemia de imagens ópticas, musicais e literárias. A par de imagens de soldados africanos integrados nas forças armadas coloniais e das campanhas coloniais de alfabetização, projetou imagens íntimas da série O Teu Corpo é o Meu Corpo e de vagas do mar, de cartazes políticos lacerados, slides de destroços materiais industrializados e imagens da Fuga das ninfas na floresta.
A solidariedade de Ernesto de Sousa com o movimento de independência da Argélia (1954-62) era manifesta nas crónicas enviadas para o Jornal de Notícias, no início dos anos 60, evocando repetidamente o trabalho de Frantz Fanon sobre a descolonização e a psicopatologia da colonização na Argélia. Um dos textos que se publicam no presente álbum é também dedicado a Amílcar Cabral, figura emblemática da independência da Guiné-Bissau (1973) e a Patrice Lumumba, líder anti-colonial eleito primeiro-ministro da atual República Democrática do Congo em 1960. O papel de Lumumba na independência do Congo é uma referência incontornável no contexto de Luiz Vaz 73.
É a propósito da intervenção no Festival Belga, que Ernesto de Sousa fala da revolução total: associa a vanguarda artística com a revolução política, a transformação dos meios de comunicação, de expressão e de fusão da arte com as preocupações revolucionárias, a transformação do Homem com a do Mundo e a revolução social, política e moral com a revolução interior e íntima.

O carácter político da série O Teu Corpo é o Meu Corpo ficou ainda registado numa obra de 1975 onde se pode ler:

na noite de 21 de Agosto de 1975 foram
captadas estas fotografias, desde as
2 horas 14’ 10’’ até às 2 horas 14’
45’’ durante este tempo acontecia
de facto a revolução esta declaração
e as fotografias constituem a forma desta
peça sem indiferença

A indiferença formal entre texto e imagem torna-se particularmente evidente enquanto composto conceptual. Esta justaposição foi igualmente utilizada no “filme-performance” Revolution My Body N.2 (1976), apresentado pela primeira vez na Polónia, em Outubro de 1976. Trata-se da projeção de um filme super 8, constituído pela sequência de várias bobines num plano quase único de uma manifestação de trabalhadores da Lisnave, no pós 25 de Abril. O filme foi projetado sobre três folhas (102x65cm) carimbadas com a frase: O TEU CORPO É O MEU CORPO. A mesma frase é repetida no filme, tendo um efeito de separador dos diferentes planos, editados sem montagem.
Durante a projeção do filme, a assistência é convidada a participar diretamente na “obra”, deixando traços do seu corpo nas folhas brancas e deste modo intervindo na ação-demonstração. A substituição do artista pelas instruções para a realização da intervenção, deixando a cargo do público a sua execução, designa o propósito de desmaterialização da obra de arte, pensada sobretudo pelos “artistas conceptuais”.
Esta acumulação de marcas autobiográficas é assumida como uma homenagem às vanguardas históricas e às neovanguardas na declaração que acompanha a obra, declaração essa que se assemelha a alguns dos poemas inéditos publicados na presente edição. Na verdade alguns destes poemas aparecem transcritos no filme. Ernesto de Sousa usa o texto poético de forma propagandística, conjugando afinidades literárias, artísticas, políticas e amorosas.

A estrutura conceptual está na base das exposições dos anos 70 mais marcadas pelo uso da fotografia. É o caso da exposição “Laboratório – Teoria e Prática da Comunicação”, subordinada ao tema “Uma obra um texto uma obratexto”. Ernesto de Sousa participou nesta exposição em Milão com a obra Revolution My Body N.1 (1977). Esta obra é literalmente constituída por 18 provas de contacto e um texto impresso fotograficamente. Forma e conteúdo enunciam-se mutuamente, sem se ilustrarem. Apresentando-se como “operador estético” e intervindo ao nível do processo produtivo, Ernesto de Sousa rompeu com a noção burguesa da arte de autor. Revolution My Body é uma ação e não um objecto de contemplação. A tautologia “Your body is my body/ my body is your body” é mais uma vez referida nesta obra-manifesto, em que o corpo privado e a manifestação pública se refletem. A relação entre a manifestação política e a revolução íntima é acionada no texto pelo testemunho indiferenciado de ações que foram captadas especificamente durante os 19’30” em que se desencadeia a revolução.

Não podendo aqui enumerar todos os re-começos e mutações da série fotográfica O TEU CORPO É O MEU CORPO, chamo a atenção para dois que acabaram por tomar a forma de livros.
Na “Semana de Arte Contemporânea de Malpartida” (SACOM I, Janeiro 1978), Ernesto de Sousa apresentou Este é o Meu Corpo N.3 (1977), uma obra composta por 16 tiras de 8 fotografias, num total de 128 provas fotográficas. Dobradas em harmónica e facilmente acopláveis, estas tiras justapõem imagens de intervenções passadas com outros documentos em registo fotográfico, tais como provas de contacto, trabalhos gráficos, frames de filmes e mesmo artigos de jornais e textos de catálogos. Registados fotograficamente de forma indiferenciada, estes documentos transformam uma apresentação biográfica numa obra. Começando por apresentar material do filme Dom Roberto (1962), termina com a reprodução de uma prova de contacto que testemunha a retirada da peça Isto é Pintura Sobre Papel (1977) da exposição “O Papel como Suporte na Expressão Plástica” (SNBA). A última fotografia de Este é o Meu Corpo N.3 é assim uma reprodução de uma prova de contacto, que identifica a obra com a anotação manuscrita da data referente à ação: 13.7.1977. A relação entre a componente visual e escrita desta obra é resolvida através da fotografia.

Um segundo livro em progresso foi apresentado na exposição “A Tradição como Aventura” (Galeria Quadrum, 1978), para a qual o cartaz com as fotografias de 1975 foi composto, mas substituído a pedido de Dulce d’Agro. Em 1978 as imagens da série O Teu Corpo é o Meu Corpo subsistiam (nomeadamente nas duas Mandalas fotográficas que fazem parte desta instalação). Numa antecâmara documental da exposição, Ernesto de Sousa inclui três (ou Portable Pieces), entre os quais Este é o Meu Corpo Nº4 (1978). Na vasta documentação fotográfica desta exposição, podem ver-se as capas dos referidos livros na parede. Estas imagens remetem-nos para o espectro do livro O Teu Corpo é o Meu Corpo, que Ernesto de Sousa antevia em 1972.
Este é o Meu Corpo Nº4 (1978) é uma outra versão autobiográfica, em que a componente visual é maioritariamente formada por texto. Esta inversão entre imagem e texto, anteriormente descrita em relação ao design de livros, é confirmada nesta bibliografia em imagens. Nesta obra encontram-se ainda fragmentos de notas manuscritas ou dactilografadas, à semelhança do que detectamos nos textos poéticos aqui publicados, correções editoriais ou simples recados, de pequenos afazeres que são textualmente assumidos como parte integrante de Este é o Meu Corpo Nº4 (1978). Esta é uma obra em que literalmente, o pensamento é transcrito em imagem. É de salientar a dupla condição biográfica e bibliográfica das notícias e da obra, de forma a se verificar as diferentes funções e meios com que Ernesto de Sousa utilizou a fotografia. Se a investigação gráfica de Ernesto de Sousa é centrada na palavra e as referências bibliográficas são por sua vez trabalhadas como componentes visuais, é urgente repensar a condição documental do seu acervo e estudar a condição agregadora que a fotografia desempenha na sua obra e biografia.
Ernesto de Sousa subscreveu a “morte da arte” enquanto ato isolado e anunciou a sua revisitação nos meios de informação de massas, na cidade, no teatro-participação, na investigação científica ou em novas formas de transformação de tudo. Só o cruzamento de todas estas referencias individuais e colectivas, íntimas e políticas, literárias e fotográficas, bio e bibliográficas nos pode permitir continuar a revisitar a sua obra enquanto prática política interventiva. Enquanto ativista visual em tempo real, o seu trabalho não se resume à obra que criou, mas tem que ser estudado enquanto extensão direta do arquivo que deixou.



Paula Pinto
Doutoranda no Departamento de Estudos Visuais e Culturais da Universidade de Rochester (NY, USA), onde realiza a tese "As origens da fotografia enquanto reproduções de obras de arte", sob a orientação de Paul Duro e Douglas Crimp. Foi fundadora e editora da revista InSi(s)tu entre 2001 e 2005. Foi no seguimento da investigação sobre arte portuguesa contemporânea, realizada no Museu da Faculdade de Belas Artes do Porto e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, que começou a editar uma série de Álbuns Fotográficos, dedicados ao estudo de acervos fotográficos privados.



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FICHA TÉCNICA

ERNESTO DE SOUSA: O TEU CORPO É O MEU CORPO (1965-1975)
Print on demand: album_fotografico@hotmail.com
Tiragem: 100 exemplares numerados + 10 exemplares fora do comércio
Maio 2014
Copyright: CEMES


Conteúdo:

CARTA de Ernesto de Sousa (Julho 1972)
4 folhas de texto facsimilado, papel Munchen 90gr

LIVRO DE POEMAS INÉDITOS (1965-1975)
Ernesto de Sousa, 80 páginas de textos inéditos facsimilados, papel reciclado
Design: Ana Moreno

1 CARTAZ (1978), papel Couché, 60x50cm
Composição gráfica de Ernesto de Sousa
Very high resolution coated paper, 125g/m
True Color 125

9 PROVAS DE CONTACTO (1972-1975), papel HP Premium Instant-dry, 29x24,5cm
Impressões a Jacto de Tinta 8 cores HP
8 provas de contacto 6x6cm: 2 rolos Ilford HP4 Panchromatic Hypersensitive
2 rolos Ilford FP4 Panchromatic Fine Grain
1 rolo Kodak (Safety film)
1 prova de contacto 35mm Ilford FP4

1 AMPLIAÇÃO FOTOGRÁFICA, papel HP Premium Instant-dry, 29x24,5cm
Cartaz com composição gráfica de Carlos Gentil-Homem, 1972
(reenquadrada de negativo 6x6cm)

1 AMPLIAÇÃO FOTOGRÁFICA (1972-1975), papel HP Premium Instant-dry, 29x24,5cm
A cada álbum corresponderá uma fotografia diferente

CADERNO
Texto: Paula Pinto, “O pensamento em imagens”, Maio 2014
Design: José Carneiro


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EDITORA
Paula Pinto

DIGITALIZAÇÃO, MONTAGEM e IMPRESSÃO FOTOGRÁFICA
José Barroso
Regina Lamouroux

DESIGN GRÁFICO
Ana Moreno
José Carneiro

POSTOS DE VENDA:
FOTO +, Lda (Porto)
Inc. Livros e edições de autor (Porto)
Livraria do Museu de Serralves (Porto)
Livraria do C.I.A.J.G. (Guimarães)
STET Livros e Fotografias (Lisboa)