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ENTREVISTA


Jean-François Chougnet


Joana Vasconcelos, "Néctar", 2006


Joana Vasconcelos, "Néctar", 2006


Claes Oldenburg, "Soft Light Switches 'Ghost' Version", 1963


Francis Bacon, "Oedipus and the Sphinx after Ingres", 1983


Jeff Koons, "Poodle", 1991


Henry Moore, "Stringed Figure", 1937-76


Lucio Fontana, "Concetto Spaziale", Attesa, 1960


Pedro Cabrita Reis, "Sem Título (Dez Quadros para o Ano 2000)", 1985


René Magritte, "Le Gouffre Argenté", 1926


Cindy Sherman, "Untitled (Vivienne Westwood)", 1993


Marc Chagall, "La Fête du Mariage", c.1978


Helena Almeida, "Estudo para Dois Espaços (Study for Two Spaces)" (2 fotografias a p/b), 1977


Ben Nicholson, "Painting, Cadmium Red, Lemon and Cerulean", 1936


Mario Merz, "Il Vino Aspirato, Rovesciato, Bevuto", 1967/1983


Matt Mullican, "Signs", 1980

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A partir de 25 de Junho, o Museu Berardo - Colecção de Arte Moderna e Contemporânea estará instalado no antigo Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém em Lisboa, através de uma parceria entre o sector público-privado. Este novo espaço museológico albergará o espólio do coleccionador Joe Berardo, que integra 862 obras de arte moderna e contemporânea, dos principais movimentos artísticos do século XX. Antes de estar anunciado o programa oficial de abertura, a ARTECAPITAL entrevistou o director artístico do Museu Berardo, Jean-François Chougnet, que ficará por um mandato de dois anos, segundo os estatutos da Fundação Berardo.

Por Sandra Vieira Jürgens
Lisboa, 15 de Maio de 2007


P: Sendo que tem uma longa experiência no domínio da gestão cultural, esteve no Centro Georges Pompidou e na direcção do Parc de La Villette, este convite para a direcção artística do Museu Berardo foi para si um desafio aliciante?

R: Foi com certeza um desafio. Tratou-se de um convite interessante porque representa o primeiro passo numa nova aventura cultural. Os primeiros anos são sempre mais difíceis, mas encaro-os como um desafio diferente. Quando estive em La Villette e no Centro Pompidou acompanhei ambas as instituições num período um pouco mais complicado porque já não estavam no início. Nesse sentido, fazer funcionar uma instituição que tem dez anos é também um desafio porque devemos trazer uma nova inspiração, novas ideias… Abrir uma instituição nova é um desafio totalmente diferente.


P: Antes de assumir o cargo já conhecia o Centro Cultural de Belém (CCB)?

R: Sim, já conhecia, eu vinha a Portugal muitas vezes e conheci o CCB enquanto visitante mais ou menos implicado. Em determinada circunstância tive a oportunidade de conhecer o curador de uma exposição, noutras ocasiões voltei a visitar o Centro. Conhecia o espaço do ponto de vista exterior mas não duma perpectiva do seu funcialismo interno. Nunca tinha trabalhado dentro das paredes do CCB.


P: E que opinião tinha da programação do CCB? Mesmo estando fora, que ideia é que tinha da sua estratégia ou da sua situação no espaço cultural português?

R: Acho que houve diversas etapas na programação do CCB. Foram 14 anos de programação de exposições, desde 1993 até 2006. Não conheço todas as mostras dos últimos 14 anos porque devo ter visto cerca de 3 por ano, o que deve ser um quarto do que o CCB fez em geral.
Mas acho que o CCB teve um primeiro período basicamente direccionado para exposições de arte moderna, abarcando também algumas mostras de arte antiga, estratégia que conheço bem pela minha actividade em Paris no Grand Palais. Há uma segunda fase onde predomina a arquitectura e a arte contemporânea, e o que conheço da última fase, é uma fase complicada, com a perspectiva de transformação para o Museu Berardo.
Mas o CCB recebeu algumas exibições de que gostei imenso Lembro-me da exposição de Desenho antigo, que podia também ter acontecido no Museu Nacional de Arte Antiga, e lembro-me de uma exposição que se chamava “Depois de Amanhã”, que foi uma mostra fantástica. Recordo-me ainda de uma exposição sobre a arte na Bélgica que foi muito bem feita. Mas não posso fazer a retrospectiva de 14 anos de exposições porque é muito difícil.


P: Mas tinha então uma opinião positiva relativamente à estratégia do CCB?

R: Sim, acho que o CCB conseguiu fazer coisas muito interessantes. Acho que a sua dificuldade é ter espaços grandes, enfim, talvez demasiado grandes para só fazer exposições temporárias.
Para a exposição que estamos a preparar, são suficientes dois terços do espaço, porque ele tem quase o dobro da área destinada às exposições temporárias no Centro George Pompidou. Antes desconhecia, mas sei agora, depois de ler os documentos da criação do CCB, que a definição do CCB é a de Museu. E nesse caso o problema é o da adequação de uma programação a um espaço que tem grandes dimensões, não só para Lisboa, mas veja-se que a Royal Academy em Londres deve ter a metade do espaço do CCB. E isso causa um problema de adaptação e de adequação do projecto ao espaço.


P: Qual foi a primeira avaliação que fez das condições que lhe foram oferecidas em termos de gestão?

R: Inicialmente, quando aceitei o desafio tinha pouca informação. Normalmente, acciono uma intuição que me faz tomar as decisões e foi assim que aconteceu no caso do Museu Berardo. Gosto imenso da arquitectura do CCB, e sei que a colecção Berardo é um bom ponto de partida para iniciar projectos. Conheço a colecção Berardo há cerca de dez anos, porque vi exposições e trabalhei com a mesma no âmbito de uma exposição sobre Surrealismo no Rio de Janeiro. Tinha uma noção sobre o conteúdo da colecção mas não a conhecia com precisão.
Toda a gente pode avaliar a colecção Berardo porque ela tem um site na Internet. É por isso fácil do exterior saber o que se encontra nela porque é algo completamente transparente: todas as obras estão no site quase no dia seguinte ao da aquisição.
Depois, a questão da organização não é uma questão secundária, mas é para mim secundária no tempo porque vem à posteriori.


P: E como encara as críticas que têm sido feitas ao processo de instalação da Colecção Berardo no antigo espaço do Centro de Expoisções do CCB?

R: Francamente essa não é a minha história. A minha história inicia-se depois de um protocolo oficial assinado pelo Estado e pelo Comendador Berardo.
É sempre possível ter ideias diferentes: porque é que a colecção Berardo não se transforma num museu privado, porque é que o Estado português assinou esse protocolo… Francamente não é para não responder à pergunta mas acho que vou pensar nisso depois de tentar fazer o que devemos fazer, que é abrir um museu.
Posso perceber a polémica porque as pessoas falam nisso mas não quero entrar nela nem nesse debate. Trata-se de um acto oficial e de um decreto-lei, e eu como estrangeiro não tenho legitimidade para dizer o que seria melhor e claramente não é essa a minha postura.


P: Mas, enquanto gestor cultural, que opinião tem sobre as diversas experiências dos vários centros que existem em que há essa interligação entre o sector público e o privado?

R: Há boas experiências no estrangeiro. Há uma experiência em que se observa um compromisso idêntico ao realizado entre o Comendador Berardo e o Estado Português, que é um acordo realizado anteriormente entre o Estado Espanhol e a Fundação Thyssen-Bornemisza. Este acordo foi muito polémico na altura da assinatura do protocolo e hoje em dia ninguém em Espanha e no exterior se lembra das condições difíceis desse protocolo. Actualmente o Thyssen-Bornemisza é um dos museus com mais visitantes no sul da Europa, que faz coisas e interessantes e com qualidade. Esse é o modelo mais parecido na Europa. Há outra polémica a este nível na Alemanha que está relacionada com a Flick Collection em Berlim, porque a colecção está no Hamburg Bahnhof que é um museu de Arte Contemporânea público da cidade que tem em depósito essa grande colecção. Nesse caso a polémica é sobre a história do coleccionador, que é complicada em termos políticos.
Basicamente na arte moderna e contemporânea as grandes colecções pertencem a coleccionadores privados, há poucos Estados que formem colecções públicas. Na Europa há poucos exemplos: há o caso do estado britânico que utilizou dinheiros da National Lottery, há o estado francês que fez isso nos anos 80, com imenso dinheiro público. Esse é o primeiro modelo de desenvolvimento dos museus de arte moderna e contemporânea através de dinheiro público. O outro modelo é um modelo com um parceiro público e privado. Há o caso do Thyssen-Bornemisza, há casos diferentes, há depósitos, há dezenas de opções.
E aqui em Portugal há um modelo que toda a gente conhece que é o modelo de Serralves, inicialmente de um parceiro privado/público. Falar das condições é sempre refazer a história: poder-se-ia ter feito de maneira diferente, com certeza, melhor ou pior não sei dizer.


P: Para além de alguma desconfiança também existe algum desconhecimento sobre o que vai acontecer no CCB…

R: E também sobre a própria colecção o que é um pouco mais estranho. Isso não se pode explicar exactamente, há muita gente que pergunta: “Mas o que há na colecção?” No início foi para mim uma surpresa porque com toda a polémica, com o site aberto, com as exposições em Sintra e aqui no CCB… achei estranho esse desconhecimento.
Não é fácil fazer uma avaliação de uma colecção de arte moderna e contemporânea porque há sempre peças que ficam em reserva, que ficam de fora das exposições temporárias, ou empréstimos etc., mas não é difícil ver os núcleos da colecção porque são conhecidos. O que é um pouco estranho é que nos museus europeus as pessoas conhecem melhor a Colecção Berardo do que aqui, porque houve muitos empréstimos.
Há outra surpresa que é o facto de as pessoas pensarem que só vai ficar no CCB a colecção permanente sem que se façam exposições temporárias, que é exactamente o contrário do que está escrito no protocolo e no decreto-lei. O decreto-lei foi publicado em Diário da Republica, o que não é uma leitura quotidiana para toda a gente, mas que é relativamente fácil de encontrar.
A interpretação que tenho é que para Lisboa a noção de um museu permanente ou semi-permanente de arte moderna e contemporânea é uma coisa nova. No Porto não é uma coisa nova mas em Lisboa sim. O Chiado e a Gulbenkian não correspondem exactamente aos conceitos de museu de arte moderna e contemporânea. Penso que uma grande parte das pessoas pensa que um museu é obrigatoriamente uma colecção permanente que não tem exposições temporárias. O que não é verdade. O Museu Nacional de Arte Antiga felizmente faz exposições temporárias. Acho que existe uma confusão entre o conceito de museu e o conceito de exposição. Não há nenhum museu no mundo que não faça exposições temporárias.


P: Será interessante perceber quais vão ser então as linhas da programação. Mas talvez gostasse de falar primeiro sobre como se irá apresentar a colecção permanente…

R: Prefiro falar de uma colecção semi-permanente. Em todos os casos, no MOMA, no Centre Pompidou, na Tate Modern, uma colecção de arte moderna e contemporânea não pode ser uma colecção que permanece, como nos museus antigos. Já ninguém faz isso em termos de museus desta tipologia, de arte moderna e contemporânea. Um museu deste tipo constitui-se com uma colecção semi-permanente que tem núcleos em permanência dentro dos quais haverá sempre uma rotação por motivos técnicos. O desenho e a fotografia não podem ser expostos por períodos indefinidos nas salas dos museus, e como em todas as instituições, só uma parte da colecção é apresentada, o resto fica na reserva, fica noutras exposições, ou vai para restauro…
Em relação à parte semi-permanente, estamos a trabalhar na apresentação da abertura oficial. A minha concepção da exposição é não pensar que a Colecção Berardo é uma colecção totalmente cronológica que pode apresentar toda a história do século XX ao século XXI. Obviamente é uma colecção que tem pontos fracos e que tem pontos fortes. O ponto forte são as escolhas do coleccionador, o ponto fraco é que se trata de uma colecção privada, e há partes importantes da história da arte moderna que não estão na colecção, partes importantes. Não temos Matisse nem Malevitch… temos outras obras que são pontos realmente fortes, como por exemplo as integradas no movimento da pop art americana. É uma parte da colecção com a qual seremos dos raros museus europeus a poder organizar sozinhos uma exposição. A única instituição que também pode fazer isso é o Ludwig Museum na Alemanha.
A pop é realmente um ponto forte, com obras-primas de arte desconhecidas mas com outra parte extraordinária da pop britânica, que fora da Inglaterra há muito pouco. Há coisas muito interessantes, há uma história quase total do movimento. Há um bom núcleo surrealista que foi apresentado várias vezes, de grande interesse. Há depois particularidades da colecção, com um interesse que não é comum dentro dos coleccionadores europeus, que é a parte da persistência da representação da figura humana, com o Bacon, com o Balthus, como o Kosovski… e aqui o que é interessante é que essa corrente é bem representada ao lado do núcleo do minimalismo na colecção, que é similar ao da pop. Também podemos fazer uma exposição minimalista sozinhos. Mostrar lado a lado estas duas correntes totalmente opostas é uma coisa que faz sentido para mim.
Há um outro ponto interessante que é o interesse da colecção nas novas correntes da fotografia. Serralves também tem uma colecção interessante a esse nível, são obras de nível internacional, de Cindy Sherman, de Gurski…
Nós temos peças de bom nível, que também são mais frequentes dentro das colecções europeias. O Reina Sofia também tem, os novos museus espanhóis também têm, o MUSAC tem, Valência tem… enfim, em Portugal não há muitas oportunidades para ver este tipo de obras e nesse aspecto vou fazer uma selecção com a ideia de mostrar prioritariamente o que alguns historiadores de arte americana, Rosalind Krauss por exemplo, classificam como a corrente do feminismo na fotografia dos anos 80 e 90.
Bom, a ideia da apresentação permanente é sempre integrar artistas portugueses dentro da apresentação, quer na pop, quer no surrealismo, quer na fotografia, quer na representação da figura, sendo importante reafirmar que não vale a pena representar os artistas portugueses dentro de um gueto, com uma etiqueta a dizer “são artistas portugueses”. A minha ideia não é a de fazer uma apresentação nacional independente.
De resto, em Lisboa esse modelo não faz falta. É um trabalho desenvolvido pelo Centro de Arte Moderna da Gulbenkian que faz isso muito bem e portanto não vale a pena refazer um segundo CAM dentro do Museu Berardo. Acho que é melhor fazer alguma confrontação: mostrar Lourdes Castro dentro da corrente pop, mostrar Paula Rego no contexto Bacon e Kosovski, mostrar os minimalistas portugueses dentro do minimalismo, etc.
É mais interessante para o público e para a promoção dos artistas portugueses serem apresentados dentro desse contexto do que fora desse contexto, dentro de uma sala com a bandeira nacional, por exemplo…


P: Estava a referir que não se tratará de uma organização cronológica e que irão dar mais ênfase a movimentos ou à apresentação de diversos temas. Nesse sentido vão colocar movimentos artísticos lado a lado e organizar visões abrangentes como faz, por exemplo, a Tate de Londres…

R: A Tate é um bom exemplo porque é um modelo para todos nós. A apresentação da Tate Modern é um bom sistema que também tem os seus limites, e tem apesar de tudo uma colecção quase enciclopédica…
É sempre interessante fazer uma exposição sobre o corpo humano, a luz, a cor, há uma multidão de possibilidades de fazer esses agrupamentos temáticos, mas do ponto de vista pessoal, isso funciona bem para as pessoas que sabem já o quem é Donald Judd, quem é a Paula Rego… para essas pessoas é bom rever as coisas.
É essa a crítica que foi feita recentemente à Tate: é que para as pessoas que não conhecem essas obras, a Tate não pode ser um museu de iniciação, e esse teria de ser também o papel de um museu de arte moderna e contemporânea, o de ter uma dimensão educativa de iniciação. E o tipo de apresentação actual da Tate é um pouco hermética para as pessoas que não têm a informação de base sobre a arte moderna e contemporânea.
O segundo modelo é cronológico, que é o caso da apresentação do MOMA e a do Centre Pompidou, que também mudou um pouco recentemente e encontra-se mais perto do sistema da Tate Modern, mas são casos de colecções que não têm tudo.
Para nós é um pouco mais complicado. A concepção será a de fazer sete exposições com base educativa básica no início, mas a partir dessa base funcionar com algumas obras chave, e a partir dessas obras chave as pessoas podem perceber o movimento, e depois se quiserem saber mais podem ir investigar. Mas ter essa iniciação é sempre fundamental numa colecção permanente.
Acho que temos alguns limites, não é uma crítica, é saber com o que podemos contar. O génio da Tate é o prédio, tem quatro complexos de salas completamente iguais, as pessoas podem entrar de um lado, podem entrar do outro… aqui no CCB não temos exactamente esse tipo de oportunidade mas temos também boas condições a diferentes níveis.


P: Estava a falar da realização de sete exposições. Esse ciclo de programação estende-se até que altura?

R: Até Novembro. As exposições mudarão com uma certa regularidade, porque não poderemos estar sempre a refazer tudo. Inicialmente a parte pop vai-se apresentar no piso 2 do edifício do CCB; em Novembro faremos uma grande exposição que vai ser uma co-produção com o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, o MACBA, depois vamos fazer a desmontagem da parte inicial da pop para re-trabalhar a exposição permanente. Acho importante que a concepção de um museu esteja sempre em mudança para que as pessoas possam regressar para ver as exposições temporárias. Como o que acontece na Tate em que há sempre um sistema de mudanças a cada dois meses. O ideal seria que as pessoas pensassem: “não sabemos o que vai acontecer este domingo no Museu Berardo mas vamos lá porque deve ter novas iniciativas”
Um museu moderno é um museu que faz eventos, que cria a ideia que dentro de um museu de arte moderna e contemporânea o melhor é visitar uma parte do museu e depois visitar a outra parte na semana que vem. É melhor contar pequenas histórias que não cansem as pessoas, do que ter um circuito global que demora três horas porque poucas pessoas estarão dispostas a fazer visitas de três horas. Dez mil metros quadrados, que é a área das salas do CCB, implica três horas de visita e poucas pessoas terão essa disponibilidade.
É por isso que é importante fazer núcleos de um tamanho mais humano que as pessoas possam visitar tranquilamente. É também um sistema que funciona melhor para escolas, para visitas temáticas, e é mais fácil em termos de utilização.


P: E que tipo de exposições temporárias se irão organizar?

R: A ideia de ter até três séries de exposições temporárias é um pouco menos do que durante a programação do CCB, porque basicamente eram cerca de quatro ou cinco exposições cada ano. A nossa programação é de três séries, em que o museu esteja sempre aberto. Há sempre gente que vem ao CCB sem saber o que pode encontrar, turistas, etc.
A primeira série vai ser apresentada em Novembro. A exposição mais importante é uma co-produção com o MACBA de Barcelona que se chama “Théâtre sans Théâtre”, que é parte de um texto histórico do Michael Fried dos anos 60. A intuição dele é que toda a gente fala da inspiração cinematográfica na arte contemporânea, que é algo bem conhecido, e há correntes da arte contemporânea que estão mais interessadas na representação cénica, com o teatro, com a dança, com instalações, que é basicamente o lado da performance, do happening e também uma parte do minimalismo (Bruce Nauman, Donald Judd…). Estão ligadas inicialmente pelo que a ideia é a de ter uma apresentação totalmente complementar, até contraditória com a outra história da arte do século XX, porque há dez ou vinte maneiras de mostrar a arte moderna.
Trata-se de uma exposição ambiciosa que tem empréstimos internacionais ao nível do Whitney Museum of American Art, e que acaba com os anos 80 começando nos anos 20. São por volta de 85, incluindo as obras do James Coleman, e também uma instalação bastante interessante do Daniel Buren. É uma exposição que vai ser inaugurada em Barcelona a 24 de Maio e que vai ficar lá até finais de Setembro, e depois vai apresentar-se aqui no Museu Berardo.
Esta será a primeira fase. Há uma outra fase de continuidade com as ideias do CCB, que será a apresentação de uma versão da criação da Ângela Ferreira para o Pavilhão Português da Bienal de Veneza, que vai estar exposta em Março. Depois há uma programação quase pronta para o Verão de 2008.


P: Terá uma equipa permanente de curadores ou estes serão convidados?

R: São convidados. No caso do “Théâtre sans Théâtre” os comissários são o Bernard Blistène e o Bartolomeu Marí de Barcelona, no caso da exposição da Ângela Ferreira o comissário é o Jürgen Bock.
São convidados porque acho que é um sistema que funciona bem, e é importante no futuro reforçar os estudos sobre a colecção. Para o nosso futuro isso é muito importante. A colecção têm um bom inventário, mas a médio prazo é importantíssimo fazer um catálogo raisonné e estudos sobre a colecção. Num museu fazem-se exposições mas também é muito importante realizarem-se estudos sobre a colecção. Essa é uma tarefa nova, porque numa colecção privada há que fazer um inventário, saber o pedigree da obra, ter algumas indicações da galeria… Temos de ter uma visão mais museológica de uma colecção de arte moderna, e isso é importante para o futuro da colecção porque permite fazer boas exposições no futuro, ter boas ligações com outros museus. Há um intercâmbio importante a fazer com outras instituições museológicas para saber o que eles têm e fazer comparações.


P: Digamos que este será também um ponto forte da sua gestão, dado a sua experiência em termos de parcerias. Pensa que esse é um caminho a explorar?

R: É muito importante fazer comparações, de momento estou a fazer um trabalho de dossier sobre o nosso Picasso com o Museu Picasso de Paris. Devemos fazer também sobre o Bacon, mas não só sobre obras-primas porque há também obras muito importantes dos anos 50 que não foram concebidas por artistas muito conhecidos.
Agora há uma corrente na História da Arte que está a tentar refazer a história desse período que em termos de importância económica é uma história Americana, mas em termos de História de Arte perceber o que acontece na Europa do fim dos anos 40 e anos 50 é importantíssimo.
Dentro da nossa colecção temos obras muito importantes de artistas que não são muito conhecidos como o Francis Grober, por exemplo, que é um artista que pouca gente conhece mas é um artista muito importante nessa geração. Também Ben Nicholson na Inglaterra… Há obras dentro da nossa colecção que vale a pena conhecer, sempre no contexto de uma comparação internacional e de um intercâmbio.


P: Estávamos a falar há pouco da questão das parcerias. Acha que vão ser fundamentais para que o Museu Berardo tenha projecção a nível internacional?

R: A colecção já tem um reconhecimento internacional, o Museu Berardo ainda não porque ainda não existe. Agora neste momento temos uma obra no Art Institut of Modern Art de Chicago, temos uma obra no Victoria and Albert Museum, temos três obras no Museu de Arte Moderna de Hamburgo.
O reconhecimento internacional do Museu vai passar pela colecção. O que as pessoas procuram basicamente é encontrar museus que tenham uma boa colecção e que façam boas exposições, estas são as duas condições para um reconhecimento internacional. Francamente, sou optimista em relação a esses dois factores: a colecção é com certeza boa e (é um pouco pretensioso da minha parte falar do programa do futuro) temos as condições para realizar exposições interessantes nomeadamente com ideias de apresentações temáticas.
Acho que as pessoas estão à procura de mais História de Arte, mais do que de eventos, porque o mundo da arte contemporânea é um mundo de eventos, cada um tem a ideia de fazer mais um evento, mais alguma coisa.
Os museus que têm mais visitantes são basicamente museus que sabem trabalhar a longo prazo, o exemplo da Tate é muito interessante porque a Tate só faz as suas primeiras exposições um ano depois da abertura, depois de alcançarem um milhão e meio de visitantes. A Tate começou pelo museu, instalou o museu e nessa altura fazer exposições não era a tarefa principal. Mas há também a Tate Britain, por isso para eles é mais fácil mostrar outras iniciativas nesse espaço.
Penso que as pessoas estão à procura de situações em que há um trabalho de iniciação à formação, não só através de visitas guiadas, mas também de educação no sentido mais geral de uma transmissão de saberes, que considero um trabalho importante num museu.


P: E acha que essa é a missão principal deste novo projecto do Museu Berardo, quais são os principais objectivos?

R: No meu ponto de vista trata-se de não fazer o que muita gente faz bem aqui em Lisboa, há muitas exposições temporárias de arte moderna e contemporânea, a Culturgest faz muitos projectos, quando abrimos a Agenda Cultural da Câmara Municipal de Lisboa, há uma oferta que não é nada má.


P: Em termos de instituições, considera que em Lisboa se verifica um decréscimo na oferta cultural associada à arte contemporânea?

R: Não tenho uma visão a longo prazo, mas em termos de comparação com Madrid ou com outras cidades europeias, há uma oferta na arte contemporânea que acho que não é má. Há muitos espaços culturais com boa programação: a Culturgest, o Museu da Cidade, o CAM…Evidentemente no Porto também.
Acho que o nosso espaço é um pouco particular, é mais o lugar de ligação da arte moderna com a arte contemporânea, sendo necessário explorá-lo. A arte moderna não se sabe quando é que começa, há pessoas que dizem que começa com as Les Demoiselles d’Avignon em 1907, há pessoas que pensam na América e acham que começa com Malevitch, o futurismo italiano… há ainda pessoas que pensam que a arte moderna acabou nos anos 60… podemos fazer disto um ciclo de conferências de 3 meses… Mas o que todas as pessoas sabem é que a história da arte moderna e contemporânea não é uma história linear, e que depois da revolução desencadeada por Marcel Duchamp, há uma certa continuidade entre a arte moderna e contemporânea.
Acho que o papel do Museu Berardo é o de ocupar esse lugar, que é basicamente aquele que está depois do Museu da Fundação Gulbenkian, depois do Museu de Arte Antiga. Mas a sua acção não é a de fazer o que faz o CAM ou o que faz a Culturgest, é bom ter uma tarefa complementar a outras instituições, é essa a minha visão da questão… Eu penso que para o público o importante é que os alunos desde o colégio até à Universidade possam ver e ser confrontados directamente com as obras-primas do século XX. Isso é uma oportunidade fantástica que em certa medida falta aqui em Lisboa, as pessoas podem ver um Hieronymus Bosch, e mais vinte obras-primas de todos os tempos e podem depois ir à Gulbenkian ver um Manet que todos os museus europeus desejam ter…
É importante que as pessoas possam ver também um excelente Picasso, um excelente Bacon, um excelente Stella…


P: E que visão tem do panorama das instituições culturais em Portugal, desde Serralves ao Museu do Chiado, mesmo de outras colecções privadas?

R: Posso dizer o mesmo que diria para o caso de França: é sempre bom haver uma concorrência entre as instituições. Uma instituição que fica sozinha sem concorrência acho que é o pior, porque todos os artistas ficam à espera de fazer lá a sua exposição,
Isso aconteceu muito nos anos 80 no Centre Pompidou em Paris porque nessa altura só existia o Pompidou e o Musée de Art Moderne de la Ville de Paris, e todos os artistas franceses estavam em lista de espera para ter a sua exposição…
Nesse sentido haver concorrência é bom porque se têm diversas instituições a poder mostrar exposições de arte, e não só em relação aos artistas portugueses, porque agora não faz sentido pensar só a arte portuguesa. Com a concorrência quem ganha é sempre o público.
Fazer a avaliação de Serralves sem viver no Porto é um pouco difícil, estive na inauguração e depois fui quatro ou cinco vezes ver exposições, vi catálogos….
Acho no entanto que o panorama português é bastante equilibrado, não há problemas particulares, e acho que poderiam existir mais dez instituições. Isso seria bom.
O exemplo da Alemanha é muito interessante, toda a gente pensa que nos anos 80 havia demasiados museus de arte moderna e contemporânea e agora o seu número deve ter triplicado. Também em Espanha, quatro ou cinco anos depois ninguém se pergunta se foi uma boa ideia criar o MUSAC, o Centro Galego de Arte Moderna em Santiago de Compostela...
Multiplicar a oferta em relação à arte contemporânea é uma garantia de ter um pluralismo da expressão artística e acho que nunca podemos dizer que já existem instituições suficientes, devem ser sempre mais instituições para apresentar mais coisas, é uma condição de sucesso.


P: Mas considera que existe uma deficiência em termos do número de museus existentes em Portugal?

R: Em relação a Espanha porque a comparação é fácil de fazer, há um certo atraso no número de museus. Vai abrir um Museu em Elvas, mas no interior do país há muito poucos museus. Vamos ter mais instituições privadas, será o rumo da história.


P: Qual espera ser a recepção de público, quantos visitantes pensam alcançar?

R: No ano da inauguração contabilizaram-se 400 mil, depois nos últimos anos foi entre 200 e 300 mil visitantes por ano, e acho que podemos esperar 500 mil visitantes. Mas acho que a base está formada, os visitantes do CCB vão regressar, quer seja para dizer mal ou bem do novo museu.
Há uma potencialidade importante em relação ao turismo, porque a zona de Belém é uma zona turística, mas este não é um desafio fácil porque estabelecer a relação com o público estrangeiro demora mais tempo a desenvolver-se. No primeiro ano os guias turísticos não referem o Museu e por isso devemos ter sobretudo visitantes portugueses para ver a colecção Berardo, sobretudo depois da polémica.


P: E qual será o público-alvo? Na apresentação falou de um público diversificado.

R: O Director do Louvre, Michel Laclotte, diz que o problema mais difícil para o Louvre foi que ao mesmo tempo que recebe um investigador conceituado em História de Arte, também recebe um turista que entra pela primeira vez num museu.
É esse o paradoxo dos museus. É a única instituição cultural que tem esse tipo de abrangência. O Museu Berardo é como todos os museus, há a necessidade de um acolhimento diversificado em que a apresentação pode interessar ao historiador de arte e ao aluno que entra pela primeira vez com o seu professor.
É esse o desafio de qualquer museu e é também o nosso, mais difícil ainda com a arte moderna e contemporânea.
Uma obsessão da minha parte é sempre essa, ter níveis de leitura diferentes, oportunidades diferentes, falar uma língua normal sem discursos teóricos muito elaborados, porque a história de arte não precisa de discursos teóricos que o aluno não percebe. Para mim um museu é um lugar de comunicação.


P: E qual considera ser o seu maior desafio?

R: Agora o maior desafio é abrir a tempo, 25 de Junho já é um desafio, não vale a pena ter outros desafios.


P: E como está a decorrer o processo de instalação?

R: O processo está a correr bem, as obras estão em curso, com os problemas clássicos da construção civil, de pintura, de resto não há nada de especial. A Fundação neste momento funciona bem, a Administração faz reuniões construtivas, não há problemas, sendo esta é a parte fácil do trabalho.
É importante mostrar o Museu, eu ficaria contente se a discussão depois da abertura fosse sobre a apresentação das peças de arte, o que é bom e o que é mau, mas não vai ser o museu perfeito.
Agora é uma discussão institucional, de política cultural, trata-se de mudar a discussão e a tornar mais construtiva sobre o que pode ser aqui em Lisboa, em 2007, um museu de arte contemporânea. Essa é que é a discussão interessante, sobre o que falta na colecção, os pontos fracos e os pontos fortes. Isso para mim é muito interessante, porque é a discussão sobre o futuro, sobre as novas aquisições e tudo o que está para vir.


P: A colecção vai crescer. Está na comissão de compras?

R: Sim, mas não é exactamente uma comissão de compras, é o conselho de administração que faz compras sobre propostas do director do museu. É o sistema que foi estabelecido no decreto-lei.



Museu Berardo - Colecção de Arte Moderna e Contemporânea
www.museuberardo.com

Colecção Berardo
www.berardocollection.com